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Opinião

Energia Nuclear: uma virada sem precedentes

O Parlamento Europeu avalizou a decisão da Comissão Europeia que permite investimentos em usinas nucleares como sendo "energia verde". O que justifica uma mudança tão radical de posição?

por Cândido Prunes em 06/07/22 14:47

Até há poucos anos atrás a energia nuclear estava extremamente mal vista por governos e entidades ecológicas. Vários programas que estavam em andamento foram suspensos e alguns deles simplesmente desmantelados, como foi o caso da Alemanha. Até certo ponto a situação era compreensível, principalmente ante o desastre da usina ucraniana de Chernobyl.
Hoje o Parlamento Europeu avalizou a decisão da Comissão Europeia (por 328 a 278 votos) que permite investimentos em usinas nucleares como sendo “energia verde”. O que justifica uma mudança tão radical de posição, além dos preços elevados de gás, petróleo e seus derivados? Há vários razões. A primeiro delas é que o grau de segurança com que as usinas nucleares no ocidente são operadas são muito superiores ao das antigas usinas russas e do  Leste Europeu. Além disso, os acidentes de Chernobyl, Fukushima e o mais antigo, de Three Mile Island, serviram para aumentar ainda mais os procedimentos de segurança: resultado, hoje não há energia mais limpa e segura do que a nuclear. Que o digam os franceses, cuja energia elétrica é 70% fornecida por usinas atômicas. Além disso há projetos na Europa para construção de geradoras atômicas menores, mais próximas dos centros consumidores, e extremamente seguras, ecológicas e baratas (comparadas a outras fontes).
De patinho feio das geradoras de energia, as usinas atômicas passaram a cisnes. Pena que o Brasil esteja tão atrasado e – inacreditavelmente – tenha uma usina nuclear alemã inteira encaixotada há 40 (quarenta) anos. É exatamente o que está  escrito na frase anterior. A usina de Angra 3, cujas obras iniciaram em 1984, ainda em andamento, e que já custaram mais de R$ 17 bilhões à União, tem os seus equipamentos da empresa Siemens encaixotados em algum lugar do Brasil há 4 décadas (há dúvidas até se ainda existem técnicos capazes de montar um equipamento tão velho…). Diversos equívocos aos longo da obra atrasaram a sua conclusão e a encareceram a níveis estratosféricos. A tecnologia que será usada em Angra 3 está obiviamente ultrapassada. Fazendo uma comparação automobilística: o Brasil comprou nos anos 90 um automóvel DKV da Alemanha, quando este carro ainda era aceitável, enquanto hoje os automóveis vem com inúmeros itens de segurança de fábrica, tais com airbags, freios abs, cintos de segurança, além de serem muito mais eficientes do ponto de vista de consumo de combustível.
Como sempre, o Brasil faz pouco, faz mal e faz atrasado. Não seria diferente com a energia atômica.
*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.

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