Em entrevista ao MyNews, Sonita Alizadeh conta que, no Afeganistão, é comum pensar que essa é a única opção para salvar meninas da pobreza e do estupro
por Sofia Pilagallo em 20/08/24 16:26
Frame do videoclipe de "Daughters for Sale" ("Filhas à Venda"), de Sonita Alizadeh | Foto: Reprodução/YouTube
A rapper afegã Sonita Alizadeh saiu em defesa da mãe, que tentou vendê-la em casamento duas vezes, aos 10 anos, e depois aos 16. Em entrevista exclusiva ao MyNews, ela conta que a mãe, casada desde os 12 anos com o pai de Sonita, estava simplesmente tentando ajudá-la a ter um futuro melhor e mais seguro. O casamento precoce e forçado ainda é uma realidade bastante presente em vários países do mundo onde os direitos das mulheres são ignorados, principalmente no Oriente Médio e na África.
“Quando eu conto minha história, as pessoas pensam que minha mãe é um monstro, e não acho que isso seja verdade. Ela estava tentando me ajudar. No Afeganistão, quando você cresce sem educação e em meio à guerra, as pessoas normalmente pensam que a única opção para salvar suas filhas da pobreza e do estupro é casá-las”, disse Sonita.
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“Ela pensava que essa era a única possibilidade para mim. Depois de alguns anos, quando pude construir meu futuro, ela lentamente entendeu que há mais para as meninas. Não é só o casamento. E espero que as pessoas entendam o que minha mãe estava tentando fazer”, acrescenta.
Ainda na infância, Sonita fugiu para o Irã com a família e hoje vive nos Estados Unidos, fazendo música de protesto. Uma de suas músicas mais famosas é “Daughters for Sale” (“Filhas à Venda“), que fala justamente sobre o casamento precoce e forçado. Por causa dessa música, ela recebeu uma bolsa de estudos integral para estudar em uma escola de ensino médio em Utah, nos EUA. Depois, graduou-se em direitos humanos e música na Bard College, em Nova York.
Na última quinta-feira (15), a retomada do poder pelo Talibã completou três anos. Em 15 de agosto de 2021, o grupo destituiu o então presidente do país, Asharf Ghani, assumiu o controle da capital, Cabul, e voltou ao poder depois de mais de 20 anos de ocupação americana. Desde então, o país vive à sombra de um regime fundamentalista, em que as mulheres são as principais afetadas. Lá, até mesmo a música é proibida, por ser considerada pecaminosa.
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