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Juliana Braga

As perguntas sem resposta de Mandetta

Para senadores, ex-ministro deixou “rastilhos de pólvora” capazes de complicar a vida de Bolsonaro

por Juliana Braga em 05/05/21 10:40

Foram quase 8h de depoimento, muitos pronunciamentos, algumas gafes, mas poucas revelações. Para senadores, a oitiva do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a primeira CPI da Pandemia, não trouxe revelações bombásticas, mas deixou uma série de caminhos a serem aprofundados. Os parlamentares agora vão seguir os “rastilhos de pólvora” deixados pelo ex-ministro que, acreditam, possam complicar a gestão do presidente Jair Bolsonaro. 

Para a turma do G7, os senadores que formam maioria na CPI em oposição a Bolsonaro, Mandetta ficou com receio de partir para o confronto com os governistas por conta das informações que circularam a respeito de um suposto dossiê contra o ex-ministro. Algumas perguntas continuam sem resposta de Mandetta, mas possuem agora uma indicação do caminho a ser seguido. 

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Pandemia.
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Pandemia. Foto: Reprodução (TV Senado).

Influência dos filhos

Qual foi efetivamente a participação dos filhos do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia? Mandetta assinalou que havia interferência e chegou a mencionar uma tentativa do senador Flávio Bolsonaro de trocar quatro integrantes da equipe no ministério para acomodar pessoas do Rio de Janeiro. A troca não foi adiante, mas para a oposição pode sinalizar interferências mais profundas e indevidas. Para esses senadores, vale o seguinte: Bolsonaro se recusou a seguir orientações técnicas, científicas, para seguir os conselhos políticos dos filhos.

Haverá pressão para ouvir os filhos do presidente. Como são todos parlamentares, é improvável que deponham à CPI.

Bula da cloroquina

Mandetta relatou uma reunião na qual havia uma minuta de decreto para incluir a covid-19 como uma indicação de uso da cloroquina. A ideia também não foi para frente, barrada pelo diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. O ex-ministro deu todo o mapa do acontecimento, quem participou do encontro, mas não identificou quem são os responsáveis.  Os senadores vão para cima disso a partir de agora e devem questionar Barra Torres, cujo depoimento está previsto para esta quinta-feira (6), sobre o assunto.

Ele deu outras sinalizações a respeito da defesa de medicamentos sem comprovação científica. Está anotado para subsidiar os relatório lá no final.

Aconselhamento paralelo

O ex-ministro afirmou que não chegou a discutir com Bolsonaro. Quando conversavam, o presidente parecia concordar, mas depois ele falava o contrário do que tinham combinado.

A desconfiança dos senadores é que um dos integrantes do grupo de “aconselhamento paralelo” seja o deputado Osmar Terra. Já há requerimento de convocação do parlamentar apresentado à CPI.

Imunidade de rebanho

A oposição está batendo muito nessa tecla, de que o presidente defendeu a teoria de imunidade de rebanho e, por isso, contribuiu para a morte de brasileiros que não fizeram o isolamento social, que não adotaram as medidas de etiqueta respiratória, A busca dos senadores agora é por documentos que caracterizem a estratégia como a oficial do governo.

Íntegra do programa ‘Café do MyNews‘ desta quarta-feira (05), que abordou o depoimento completo de Mandetta, bem como seus possíveis desdobramentos.

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