Para o diplomata Paulo Roberto de Almeida, os telegramas enviados pelo ex-chanceler Ernesto Araújo vão fazer com que ele seja mais uma vez ridicularizado pelos colegas.
Reportagem da Folha de S. Paulo indicou que o ex-ministro das Relações Exteriores agiu para garantir a chegada de cloroquina no Brasil, apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado para a ineficácia do medicamento contra a covid-19.
Almeida explica que o Itamaraty é um pouco como o Exército, tem regras rígidas quando o assunto é hierarquia e disciplina, que os informais tem que cumprir instruções e que há diferenças entre telegramas puramente de informações e de telegramas de instruções. O telegrama do Itamaraty que chegou em Nova Delhi pedia que os diplomatas fizessem contatos com o governo indiano para auxiliar na importação de medicamentos como a cloroquina.
“Quando chega um telegrama de instruções, os diplomatas têm de cumprir imediatamente. A primeira fase do telegrama de respostas é cumprir instruções. Então, chegou um telegrama em Nova Delhi, como pode ter chegado em outros lugares, em Pequim, na Alemanha, nos Estados Unidos, o telegrama de dar instruções pede que os diplomatas façam contatos ou na chancelaria ou com empresas ou com outras agências. Os diplomatas são obrigados a cumprir instruções e eles fazem os contatos, informam se eles foram exitosos ou não”, esclarece o diplomata.
Almeida diz que Araújo tem uma fidelidade cega ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que o Itamaraty estava sob uma administração negacionista e esquizofrênica tendo ele no comando.