Estudo australiano atribuiu ao Brasil o menor índice entre 98 países nas respostas à Covid-19; Nova Zelândia e Vietnã lideram
por Rodrigo Borges Delfim em 28/01/21 14:02
A dificuldade do Brasil em lidar com a Covid-19 tem repercutido internacionalmente. E um novo exemplo dessa visão negativa é um estudo conduzido pelo Lowy Institute, de Sydney (Austrália), que apontou o país como o pior do mundo em respostas de combate à pandemia.
O think tank australiano analisou 98 países a partir de seis critérios, que incluem total de casos confirmados, de mortes e testagem. Quanto melhor o resultado em cada um, maior a nota atribuída ao país – em uma escala de 0 para o pior e 100 para o melhor.
“Coletivamente, esses indicadores indicam quão bem ou mal os países administraram a pandemia”, explica o instituto.
De acordo com os dados analisados, o Brasil ficou com média 4,3, exatamente na lanterna do ranking. O México, que aparece como segundo pior na lista, tem índice 6,5.
País | Índice |
Chile | 22,0 |
Ucrânia | 20,7 |
Omã | 20,3 |
Panamá | 19,7 |
Bolívia | 18,9 |
Estados Unidos | 17,3 |
Irã | 15,9 |
Colômbia | 7,7 |
México | 6,5 |
Brasil | 4,3 |
Já o topo da lista é ocupado pela Nova Zelândia, com índice 94,4, seguida por Vietnã, Taiwan, Tailândia e Chipre. O top 10 conta ainda com Ruanda, Islândia, Austrália, Letônia e Sri Lanka.
A presença de países em desenvolvimento entre os que tiveram melhor desempenho no combate à pandemia, de acordo com o ranking, é vista pelo instituto como fruto de um senso de urgência de seus governos. Foram nações que adotaram medidas de contenção ao vírus assim que os casos explodiram em países mais ricos, como no caso dos europeus.
País | Índice |
Nova Zelândia | 94,4 |
Vietnã | 90,8 |
Taiwan | 86,4 |
Tailândia | 84,2 |
Chipre | 83,3 |
Ruanda | 80,8 |
Islândia | 80,1 |
Austrália | 77,9 |
Letônia | 77,5 |
Sri Lanka | 76,8 |
O levantamento não traz dados sobre a China, segundo o instituto, devido à falta de dados públicos sobre testagem de indivíduos, um dos critérios para definição do ranking.
O ranking acaba por refletir uma série de entraves que o Brasil enfrenta no combata à pandemia. O país começou sua vacinação somente em 17 de janeiro, enquanto outros já tinham dado início ao processo ainda na primeira quinzena de dezembro, assim que as primeiras vacinas começaram a ser aprovadas.
A disputa política criada em torno da vacina se soma à falta de acordos em grande escala do governo com diferentes fornecedores, o que atrapalhou a disponibilidade de vacinas no Brasil. Atualmente há apenas dois imunizantes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e já em uso, que são as doses da Coronavac e de Oxford.
A primeira vacina a ser usada em grande escala no mundo, a da Pfizer, ainda não figura entre as aprovadas para uso no Brasil e protagoniza uma polêmica com o governo brasileiro, que admitiu ter recusado uma oferta de imunizantes feita pela farmacêutica.
Também se soma a esse quadro a postura do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que dá maior ênfase a tratamentos com medicamentos sem eficácia comprovada – como cloroquina e ivermectina – do que à vacina em si.
De acordo com consórcio de veículos de imprensa, o Brasil contabiliza nesta quinta-feira 9.011.822 casos e 220.435 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia. Esses números deixam o país como o segundo no mundo mais afetado em ambos os quesitos, atrás somente dos Estados Unidos.
Um detalhe é que o estudo australiano considera os dados disponíveis até 9 de janeiro. Ou seja, no caso do Brasil não estão inclusas informações relacionadas com a atual crise sanitária em Manaus, cujo sistema de saúde entrou em colapso em razão da Covid-19.
De acordo com pesquisa publicada pelo instituto Datafolha e divulgada no último dia 23, 62% dos entrevistados acreditam que a pandemia no Brasil está fora de controle.
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