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Fazer ciência no Brasil é “suicídio profissional”, diz pesquisadora brasileira radicada nos EUA

Neurocientista Suzana Herculano destaca que fuga de cérebros é influenciada por falta de recursos e bolsas não permitem “vida independente”

por Redação em 18/06/21 11:17

Ser pesquisador no Brasil significa precisar contar com a “sorte” de ter uma família que tenha um quarto sobrando em casa e recursos para comprar livros, avalia a neurocientista Suzana Herculano. A avaliação foi feita no novo programa do MyNews, o Quinta Chamada, que estreou com a presença do ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, e os jornalistas Nádia Pontes e Cláudio Angelo. A apresentação é de Cecília Olliveira.

“Não tem condição de fazer ciência no Brasil, insistir em fazer ciência no Brasil para quem já tem uma carreira é suicídio profissional e para quem não começou uma carreira ainda, a única possibilidade viável é sair do Brasil o quanto antes”, afirma Herculano.

Herculano é bióloga formada na UFRJ e com pós-doutorado pelo Instituto Max-Planck de Pesquisa do Cérebro na Alemanha. Atualmente, é professora da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

As universidades federais brasileiras passam por uma série de cortes orçamentários. Em valores reajustados, as universidades federais brasileiras tiveram um orçamento de R$ 10,8 bilhões em 2015. Já em 2021, esta cifra é de R$ 4,5 bilhões. O mesmo pode ser dito das bolsas. De acordo com dados do CNPq, em 2014 foram distribuídas 104.956 bolsas, enquanto em 2020 foram 79.468 bolsas.

“O valor da bolsa, se há bolsa, é uma merreca que não permite a ninguém ter uma vida digna e independente. Você tem que ter a sorte de ter pai e mãe com um quarto sobrando em casa e dinheiro sobrando para você conseguir comprar os livros”, afirma Herculano.

Ricardo Galvão destaca que após fazer seu doutorado no MIT, recebeu um convite para lecionar nos Estados Unidos, mas optou por voltar ao Brasil ainda que soubesse que essa decisão prejudicaria o alcance de seu trabalho acadêmico. Ele destaca que os cortes orçamentários da ciência no Brasil podem deixar sem ferramentas e orçamento pesquisas experimentais que precisam de investimentos.

“Toda a ciência brasileira agora está sofrendo, claramente, um arrefecimento. Nós ainda não atingimos um ponto de não retorno porque nas últimas décadas a ciência brasileira melhorou substancialmente”, diz Galvão.

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