MyNews esteve presente em exposição que encerrou na última segunda-feira e traz detalhes
por Leonardo Cardoso em 28/01/25 08:41
CCBB_Fullgas_Foto Rafael Salim (3)
Na última segunda-feira (27), o CCBB do Rio de Janeiro encerrou a exposição Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil, que estava em cartaz desde outubro de 2024. De acordo com informações do local, mais de 300 mil pessoas visitaram a mostra. Elas puderam acompanhar a história brasileira, tanto na cultura quanto na política.
O MyNews esteve presente e aproveitou para conversar com o curador-adjunto Tálisson Melo. Ele explicou como surgiu a ideia da exposição.
R: “A ideia de fazer a exposição surgiu do interesse da curadoria em revisitar um período marcante da história da arte. Na época, havia uma forte relação com a cultura de massas, como a televisão e a música popular, além do avanço das novas tecnologias. Esse período também refletia o novo imaginário de país que emergia com o fim da ditadura. Fizemos um amplo mapeamento do que acontecia na década e decidimos focar em artistas que começaram suas carreiras entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1990. Assim, conseguimos englobar a década e contextualizá-la em um processo histórico-cultural mais amplo de redemocratização. Os marcos temporais vão do fim do AI-5 até o ano seguinte ao impeachment de Collor”, revelou o curador.
LEIA TAMBÉM: Gabeira comenta sobre seu livro que inspirou filme indicado ao Oscar e declara torcida por Ainda Estou Aqui
Quando a exposição foi inaugurada, o Brasil estreava o filme Ainda Estou Aqui, que concorrerá em três categorias no Oscar, em março. Tálisson explicou o principal objetivo da mostra, que é valorizar a cultura brasileira.
R: “Existe um jargão econômico que chama os anos 1980 de ‘década perdida’, devido às várias tentativas frustradas de estabilizar a economia. Contudo, se analisarmos as dimensões sociais, políticas e culturais, vemos um cenário de ebulição. Movimentos sociais voltaram às ruas, reorganizaram-se, ocuparam os meios de comunicação e promoveram eventos significativos, como as eleições diretas e a Assembleia Constituinte. Além disso, o Brasil começou a se destacar nas discussões sobre sustentabilidade, como na ECO 92. A produção artística dessa época reflete exatamente a diversidade de questões e abordagens da realidade”, analisou.
A exposição retrata grandes momentos históricos, como as Diretas Já, com o apoio de Pelé. Também dedica uma seção à Constituição de 1988. Curiosamente, enquanto o CCBB recebia o público para contar essa história, o Brasil descobria uma tentativa de golpe. Tálisson falou sobre a importância de abordar o período da ditadura para evitar que algo semelhante aconteça novamente.
R: “A ditadura começou com o golpe de 1964 e foi intensificada pelo AI-5, em 1968. Esse regime permaneceu até o final de 1978, controlando totalmente a esfera pública. A censura e a repressão silenciavam vozes discordantes por meio de perseguições, sequestros, torturas e assassinatos. Isso afetava não apenas políticos e ativistas, mas também artistas, limitando a liberdade de expressão. O que vemos em Fullgás é a retomada gradual dessa liberdade. Os artistas começaram a intervir no espaço público e a trazer uma pluralidade de visões sobre o futuro e o país que desejavam construir. É essencial manter esses valores democráticos ativos”, afirmou.
Por fim, a exposição passará por São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Tálisson convidou o público a participar.
R: “Ao longo de 2025, a exposição estará em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Convidamos todas as pessoas a viajar no tempo por meio das artes visuais e da cultura. Queremos reativar a memória sobre esse período, que foi fundamental para a construção das bases do Brasil atual”, concluiu.
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR