A regulação das drogas é feita com base em um “pânico moral” que impede um uso consciente, avalia o neurocientista Sidarta Ribeiro em entrevista ao Quinta Chamada. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) falou sobre a regulamentação das drogas e da renascença psicodélica no programa comandado por Cecília Olliveira.
Ribeiro afirma que a maconha foi proibida pelos Estados Unidos por critérios racistas e econômicos no início do século XX, para criminalizar hábitos de mexicanos e negros e depois essa diretriz foi “exportada para o mundo inteiro”. Já no Brasil, afirma o neurocientista, a população rica tem acesso a remédios caros e importados baseados em princípios ativos da maconha, enquanto a população mais pobre não tem acesso aos mesmos benefícios.
“Não tem nenhuma base científica na proibição das drogas atualmente ilícitas e na glorificação de algumas substâncias atualmente lícitas”, diz o professor da UFRN. “Não existem substâncias de Deus e nem substância do Diabo.”
Ribeiro também destacou que se há 50 anos falar em substâncias psicoativas poderia “ameaçar a carreira dos cientistas”, hoje em dia há um intenso movimento de pesquisa e investimento público e privado no chamado “renascimento psicodélico”. Essa redescoberta de usos medicinais de substâncias psicoativas tem no uso do MDMA no tratamento de estresse pós-traumático uma das maiores apostas do momento, diz Sidarta.
“O Pentágono está super interessado porque há milhares de veteranos de guerra e todo mundo que foi afetado pela covid, todo mundo que ficou órfão, viúvo, viúva. A gente está passando por uma hecatombe, então isso é muito oportuno”, diz.