Custo de manter Trump na política é maior que o de bani-lo, segundo professor da USP
por Rodrigo Borges Delfim em 15/01/21 08:20
A aprovação da abertura do processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a poucos dias antes do fim de seu mandato, trouxe à tona um novo debate sobre os destinos do republicano e seus efeitos futuros: impedi-lo de voltar à política ou deixar que as urnas deem seu recado em uma possível nova eleição.
Caso o impeachment seja aprovado pelo Senado americano, ainda sem data prevista e provavelmente já no governo de Joe Biden, Trump pode sofrer ainda uma punição adicional, que é a perda de seus direitos políticos,
Os defensores do banimento de Trump da política defendem que o republicano já causou danos demais à democracia e ao país. Outros, porém, argumentam que tal retirada à força da vida pública pode transformar o ainda presidente em uma espécie de mártir, fortalecendo seus seguidores mais extremos.
Felipe Loureiro, professor e coordenador do curso de Relações Internacionais na USP, se encaixa no primeiro grupo. Em participação no almoço do MyNews desta quinta-feira (14), ele disse que a gravidade dos atos antidemocráticos por parte de um presidente da República justificam a adoção de medidas duras contra Trump, inclusive que prevejam a impossibilidade de disputar novas eleições.
“Compreendo o argumento da vitimização e de mártir, mas o perigo à democracia de ter figuras como essa dentro do poder é muito maior. O custo de manter é maior do que torná-lo inelegível”, ponderou.
Loureiro ressalta que é preciso dar respostas contundentes aos atos ocorridos no Capitólio e aos ataques anteriores desferidos contra a democracia pelo republicano. Embora tenha suavizado o discurso nos últimos dias, Trump não fez qualquer retratação até o momento quanto às acusações sem provas de que a eleição presidencial tenha sido fraudada.
“Aqueles que se engajam em ações antidemocráticas não podem sair impunes. E não podemos ter o risco de uma figura como essa voltar ao cargo”, reforçou Loureiro, que lembrou o fato de Trump ter manifestado interesse de concorrer novamente à Casa Branca em 2024.
Com poucos dias para a posse de Biden e a retomada dos trabalhos pelo Senado somente após o democrata assumir, deve ficar para o novo Senado a tarefa de analisar o processo de impeachment.
Loureiro apontou que essa pendência torna ainda mais desafiador e complexo o cenário para o início de governo do democrata.
“Você vai ter um início de administração Biden tendo de lidar com uma pandemia gravíssima nos Estados Unidos, uma crise econômica e uma crise institucional talvez como nunca antes vista no país”, completou.
Para o impeachment ser consumado, é necessário o apoio de dois terços dos senadores (ou seja, 67 de 100 votos). Isso demanda que republicanos também apoiem o afastamento do correligionário.
Porém, caso o processo vá adiante, Trump fica sujeito a uma nova votação, desta vez decidida por maioria simples, que pode sacramentar a perda dos direitos políticos do republicano.
“Passando o impeachment, certamente a inelegibilidade virá”, afirmou Loureiro, levando em conta a predominância democrata no Senado. Embora a nova composição eleita em novembro tenha 50 democratas e 50 republicanos, o voto de Minerva cabe ao presidente da Casa, que é o vice-presidente em questão – no caso, a democrata Kamala Harris.
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