Com críticas ao governador de São Paulo, o ministro da Saúde decide antecipar o Plano Nacional de Imunização
por Vitor Hugo Gonçalves em 18/01/21 13:29
Na manhã desta segunda-feira (18), no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na Grande São Paulo, o ministro da pasta, Eduardo Pazuello, oficializou em ato simbólico a entrega das vacinas aos governadores que viajaram para a capital paulista. O general afirmou que a imunização em massa da população brasileira deve começar ainda hoje.
Com previsão de início na próxima quarta-feira (20), o Plano Nacional de Imunização (PNI) foi antecipado após pressões dos governadores sobre o dirigente do ministério. Em seu discurso, Pazuello esclareceu que “depois de ouvir os governadores, chegamos à decisão de que hoje ainda distribuiremos todas as vacinas aos estados, todas”. A previsão é de que a ação nos estados, a partir do “município principal”, comece às 17 horas: “Acho que a gente pode começar hoje ao final do expediente”, afirmou.
O ministro reiterou ainda o respeito à proporcionalidade ao dividir as 6 milhões de doses disponíveis no país para as 26 unidades federativas mais o Distrito Federal, planejando de acordo “com as informações que vieram dos estados”.
“O Butantan e a Anvisa cumpriram com seu papel, e o nosso é aplicar e monitorar todos os vacinados”, admitiu para o grupo político presente. Ainda segundo Pazuello, o PNI contemplará, em seu estágio inicial, os grupos prioritários, começando com “profissionais de saúde, idosos em instituição de longa duração, indígenas aldeados e deficientes com deficiências específicas”.
Na tarde de domingo (27), após a aplicação da primeira vacina em um cidadão brasileiro, conduzida pelo programa independente de imunização do estado de São Paulo, Pazuello criticou o governador João Doria (PSDB-SP), acusando-o de promover uma “jogada de marketing”.
A decisão autônoma de Doria também foi compreendida com insatisfação por determinados governadores. Em um grupo de WhatsApp, Wellington Dias (PT-PI) alegou que “o entendimento sempre foi o Brasil numa mesma data. Um estado coloca os demais como de segunda categoria”.
Dessa maneira, o ministro convidou os governadores de todos os estados para o evento de entrega dos imunizantes – estiveram presentes os governantes ou vice de 19 entidades subnacionais. O objetivo da cerimônia, contudo, foi caracterizado como publicitário, uma vez que, com a presença de fotógrafos do Governo Federal, promoveu o início da distribuição das vacinas para o Brasil.
“O Ministério da Saúde tem em mãos, neste instante, as vacinas tanto do Butantan quanto da AstraZeneca”, afirmou o ministro. “Nós poderíamos, em um ato simbólico ou em uma jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing”, completou.
No último dia 17, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou os pedidos de uso emergencial da CoronaVac, antiviral desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, depreciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e da vacina Oxford-AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, e pelo laboratório AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz.
Contudo, diferente da afirmação de Pazuello, a vacina inglesa ainda não está disponível no país. O Governo Federal pretendia importar 2 milhões de doses produzidas na Índia, mas o despacho foi cancelado após indeterminações diplomáticas.
Até a manhã desta segunda-feira (18), Bolsonaro ainda não comentou sobre o início da campanha de vacinação nem sobre a ação do governo paulista.
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