Para epidemiologista, os primeiros efeitos da imunização devem demorar de três a quatro meses para aparecer.
por Juliana Causin em 02/02/21 14:59
Duas semanas depois do início da imunização contra a Covid-19, o Brasil registrava 2.051.295 de pessoas vacinadas, ou seja, menos de 1% da população. A porcentagem está ainda bem distante do necessário para que o país comece a sentir os primeiros efeitos da vacinação sobre a pandemia.
Segundo o epidemiologista Pedro Curi Hallal, pesquisador da UFPel, o país precisa chegar a um percentual de 30% a 40% de imunizados para que o número de hospitalizações e mortes pela Covid-19 comece a diminuir. Nesse ponto, segundo ele, “a situação já melhora consideravelmente”. “Não dá para voltar à vida normal, mas é possível ampliar um pouco as flexibilizações”, avalia.
Para uma volta à normalidade acontecer, a imunidade precisaria atingir ao menos 70% da população. “Agora, quando isso vai acontecer? Sinceramente, eu acho que só no ano que vem, pelo que ritmo que a gente tem visto”, afirma. Sobre uma melhora nos índices da pandemia, o pesquisador estima que os efeitos positivos possam começar a aparecer somente entre abril e maio.
“Essa é uma visão realista. Na visão otimista, se o Brasil voltar a ser uma potência na vacinação, talvez a gente consiga antecipar isso em dois ou três meses. Mas aí o Ministério da Saúde vai ter que começar a trabalhar bem. O que infelizmente não tem feito nos últimos meses”, pondera.
No exterior, países que começaram antes o processo têm taxas bem mais elevadas. Israel iniciou a semana com 56% da população vacinada. Na sequência, a lista dos que têm a maior proporção de imunizados tem Emirados Árabes Unidos (34%), Reino Unido (14%), Bahrein (10%) e Estados Unidos (9%), segundo o monitoramento da Universidade de Oxford.
“No Brasil, o problema é o ritmo da imunização e a disponibilidade de vacinas”, avalia ele. Em duas semanas de vacinação, o país aplicou em média pouco mais de 1 milhão de doses por semana. Segundo Hallal, que liderou um dos maiores estudos no país sobre a pandemia do novo coronavírus, o ideal é que esse número chegasse a 1 milhão de vacinados por dia.
A percepção dele é que o ritmo deve subir com o aumento da disponibilidade de vacinas. Para o pesquisador, o Brasil teria capacidade de chegar à meta diária de vacinação com o trabalho do SUS e da rede de imunização, que historicamente foi bem-sucedida com outras doenças. “Tendo as doses, o sistema público de saúde vai conseguir vacinar a população brasileira. O Brasil é bom de entregar vacinação”, analisa.
Para Hallal, apesar de o Ministério da Saúde estar indo mal na campanha de vacinação, a equipe técnica da pasta e a equipe descentralizada do SUS nos estados “são muito boas para entregar a vacina”. O que falta, segundo ele, é o trabalho dos cargos de comando. “Quando o alto escalão parar de atrapalhar, a campanha de vacinação no Brasil vai bombar”, diz.
Um dos riscos do atraso do processo de imunização é a expansão no país de novas variantes do vírus, como a que tem atingido a capital do Amazonas, Manaus. “O que acontece é que quanto mais o vírus circular, maior o risco de ter variantes. E maior a probabilidade de que uma dessas variantes seja relevante para saúde pública”, explica Hallal.
Comentários ( 0 )
ComentarMyNews é um canal de jornalismo independente. Nossa missão é levar informação bem apurada, análise de qualidade e diversidade de opiniões para você tomar a melhor decisão.
Copyright © 2022 – Canal MyNews – Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ideia74
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR