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Coluna do Aquiles

IMPERDÍVEL

Samba, amor e competência

Novo álbum do músico cearense Jorge Helder, um tributo à Chico Buarque, traz repertório de oito músicas selecionado e arranjado com muito cuidado

por Aquiles Reis em 03/01/25 18:32

Jorge Helder lança álbum 'Samba e Amor – Jorge Helder Toca Chico Buarque' | Fotos: Reprodução Instagram jorge_helder/Divulgação

Hoje trataremos de Samba e Amor – Jorge Helder Toca Chico Buarque (clique neste link para ouvir), álbum produzido pela gravadora Selo SESCSP, do contrabaixista e compositor cearense Jorge Helder, músico radicado no Rio e muito querido pelos colegas. Com oito faixas, o trabalho tem repertório selecionado e arranjado com muito cuidado por ele – afinal, é um tributo ao amigo Chico que recentemente completou 80 anos. Vamos às músicas.

As vitrines: a intro vem com o baixo de Helder e o teclado de Hélio Alves. Logo a música é solada por Helder. Hélio se achega com o piano. Vitor Cabral toca nos pratos da batera, para logo seguir discreto. Logo vem Chico Pinheiro na guitarra e improvisa com a categoria que a harmonia buarqueana requer. Helder retoma o solo da melodia e vai…

O cantor Filó Machado inicia O que será?. O piano vem com ele. A batera pulsa. Numa levada inesperada, por se distanciar da original de Buarque, surge a eletrizante Vanessa Moreno. Show de interpretações! O piano assume o improviso. O baixo faz a cama. A guitarra traz o proscênio para si. O canto volta trazendo os versos do tutano onde o duo abriga seu frêmito. O couro come.

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A seguir, a dupla tem o desafio de cantar Morro Dois Irmãos, uma das mais belas de Buarque. Assim,  pode se dar ao canto, amparada que está por dois baixos (Helder e Iury Batista), piano, guitarra (esta, eventualmente, em notas soltas) e batera. Todos juntos levam o arranjo.

Brejo da cruz: Moreno e Machado cantam em terças e, alternando cantos e contracantos, improvisam no arranjo de Helder. Ao final, fazem vocalises.

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Basta um dia: novamente Vanessa Moreno tem a incumbência, nada fácil, diga-se, de cantar outra obra-prima de Buarque. A intro abre o caminho para ela – e como canta! Ora, ela percebe a própria voz tendo o dom de dar ainda mais vigor e graça às melodias. O agudo vem preciso, tanto quanto estável é a afinação. Alguns vocalises e ela dá vez a um improviso do piano. Os vocalises voltam e logo também a melodia. A guitarra improvisa. Que arranjo, meu Deus!

Ela desatinou: batera e percussão (Rafael Mota) puxam o samba e entregam pra Filó Machado. Ele canta e arrasa! Suas divisões rítmicas atiçam.

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Deus lhe pague: a intro de Helder atrai um caminho rítmico, harmônico e melódico distinto do original da música. A pegada jazzística se impõe. Desde a puxada de seu baixo, com improvisos bem-postos, passando pelas interpretações de piano, guitarra e batera, todos dão ao tema a intenção primeira do arranjador, ainda que ela difira do padrão. E Helder não faz feio, não; é bom à beça, tá ligado?

Samba e amor: Vanessa Moreno e Filó Machado dão show. A harmonia não é a original e apoquenta as ideias do ouvinte – pior pro ouvinte (no caso, eu).

O ano 2024 finda com um CD que, além de admiravelmente sagrar Chico Buarque, traz à luz Jorge Helder e seus virtuosos colegas de ofício.

Aquiles Rique Reis

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