Movimentação bolsonarista busca criar cargo para Eduardo Bolsonaro em Santa Catarina e evitar perda de mandato Deputado licenciado Eduardo Bolsonaro | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Movimentação bolsonarista busca criar cargo para Eduardo Bolsonaro em Santa Catarina e evitar perda de mandato

Uma articulação silenciosa, mas intensa, começou a ganhar força entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro nesta tarde: a criação de uma secretaria especial de assuntos internacionais para acomodar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em um cargo que o mantenha fora do país e, assim, preserve seu mandato parlamentar diante das pressões que se acumulam em Brasília.

A manobra tem como referência o caso do ex-secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que também se licenciou do mandato parlamentar para ocupar um cargo no Executivo sem perder sua cadeira. Pela legislação, deputados podem se licenciar para assumir cargos no Executivo, o que abre uma brecha estratégica para Eduardo se afastar de Brasília em meio às investigações e ao cerco institucional a aliados do bolsonarismo.

Inicialmente, a ideia era que a nova secretaria fosse criada no governo de São Paulo, sob o comando de Tarcísio de Freitas — um dos nomes mais alinhados ao bolsonarismo e cotado para herdar o capital político de Jair Bolsonaro em 2026. No entanto, a articulação enfrentou resistência dentro do próprio governo paulista.

Segundo fontes ouvidas pelo MyNews, o presidente do PSD e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, atuou para barrar a criação do cargo. Kassab teria considerado a operação arriscada demais, especialmente por envolver uma secretaria sob medida para blindar um político em dificuldades e gerar ruído em um governo que tenta se equilibrar entre a direita ideológica e o pragmatismo de centro.

Com o veto paulista, as atenções se voltaram para o Sul. Agora, o novo destino da estratégia seria o governo de Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina. O governador, alinhado ao bolsonarismo e com menor exposição nacional, seria mais receptivo à operação. A eventual criação de uma secretaria internacional no estado permitiria que Eduardo Bolsonaro mantivesse status político, influência e imunidade parlamentar, mesmo que licenciado e longe do país.

A operação mostra como a máquina bolsonarista continua ativa nos bastidores e disposta a tudo para manter seus principais nomes longe dos holofotes e do alcance da Justiça. Ao que tudo indica, o tabuleiro de 2026 já começou a ser mexido e as jogadas não serão convencionais.

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