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Orçamento Secreto

Com 50 milhões para gastar, pode ter no Congresso quem compactue com um golpe

Flávio Dino: Esse desatino geral é que infelizmente pode levar a um golpismo armado. E eu tenho hoje um temor de que uma parte do instamento político a estas alturas já comece a fazer uma conta de que talvez um golpe não seja tão ruim assim

Em 26/07/22 09:36
por Mara Luquet

Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.

As implicações do orçamento secreto vão muito além do mal que imaginamos, e olha que ele não é pequeno. A revista Piauí publicou recentemente uma matéria que dá um esboço do estrago que esses recursos podem fazer no Congresso, pois são adubo para candidaturas, digamos, pouco republicanas se perpetuarem. Mas o que poderia ser pior? O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, hoje pré-candidato ao Senado pelo PSB dá uma pista: “Esse desatino geral é que infelizmente pode levar a um golpismo armado. E eu tenho hoje um temor de que uma parte do instamento político a estas alturas já comece a fazer uma conta de que talvez um golpe não seja tão ruim assim. Por causa do orçamento secreto”.

O alcance da corrupção que esses recursos pavimentam é enorme. “Isso vai corrompendo e essas pessoas que foram eleitas pelo voto popular começam a pensar estou ganhando 50 milhões por ano então essa ditadura não é tão ruim assim”, acrescenta Dino em entrevista recente no canal MyNews. (veja a íntegra da entrevista no video abaixo). 

Ter esse dinheiro do orçamento pavimentando um golpe contra a democracia é ou não um cenário ainda pior do que os derrames de dinheiro público qu estamos vendo? 

Não seria novidade ter um Congresso funcionando mesmo num regime autoritário. Foi basicamente assim nos anos da Ditadura Militar no Brasil. Diferentemente do que aconteceu em outros países latino-americanos o Brasil manteve o Parlamento operando, embora tenha sido fechado três vezes, a última dela em dezembro de 1968 quando foi baixado o AI5.

É um fator a ser ponderado. “Mas ainda acho que o golpe vira via semipresidencialismo. Do ponto de vista do Centrão e da elite reacionária resolve a situação para sempre”, observa um gestor de investimentos que tenta precificar os próximos passos institucionais do País.

Ele calcula que devemos viver uma crise institucional, mas sem ruptura institucional. A crise vai se instalar no exato momento em que o Bolsonaro não reconhecer a derrota. 

“Vai ter tumulto pelo Brasil afora. No meio do tumulto aparece alguma “negociação” para tirar poder do presidente eleito”. 

O problema deste “modelo” é que muitas coisas podem dar errado. Quem vai controlar as PMs estaduais? “Em São Paulo acho que há controle, mas no Rio, na Bahia e no Pará será muito difícil”, diz. Enfim, é um cenário que a gente sabe como começa mas não sabe como termina

O grande problema é que o presidente Bolsonaro já está avisando que não reconhecerá a derrota. Daí devemos ter episódios de tumultos pontuais. Surgem então duas perguntas: Qual será o comportamento das Forças Armadas? Qual será o comportamento do Centrão? 

A comunidade internacional, EUA à frente, já deram os recados institucionais que reconhecerão o vitorioso. Todavia, isso é condição necessária, mas não suficiente para acabar com o ambiente de crise.

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