Coleciono colunas de Elio Gaspari com trocas de e-mails de quem já partiu desta para a melhor dando conselhos aos que ainda se encontram neste mundo e que passam por situações difíceis.
O Sérgio Moro está vivinho da Silva, mas, assistindo à fritura de Paulo Guedes, imaginei como seria um e-mail do ex-ministro para o ainda ministro.
Deixo bem claro que nunca falei com o ex-ministro Moro.
Para: [email protected]
Prezado colega, peço-lhe permissão para partilhar algumas experiências que vivi quando ainda éramos vizinhos na Esplanada dos Ministérios.
Como você bem sabe, não há espaço para ingênuos nesses 2 km de poder. E, creia, quanto mais se adia o momento da saída mais chamuscadas ficam a reputação e a saúde.
Diferentemente de mim, você fez fortuna no mítico mercado financeiro. O que facilita bastante as coisas. Já poderia, até mesmo, curtir uma tranquila e luxuosa aposentadoria. Afinal, não é mais um garoto.
Eu sei, dinheiro não é tudo. Mas admira sua submissão ao poder. Tanto sofrimento em nome de um declarado patriotismo que, ao que tudo indica, não o levará ao seu target. Ao contrário, corre o risco de o colocar na história como cúmplice de atrocidades econômicas e de outras de diferentes naturezas. Afinal, hoje o País tem políticas equivocadas, para dizer o mínimo, em matéria de: saúde, meio ambiente, educação, ciência, cultura. Tornou-se um pária na comunidade das nações.
Neste governo cada um tem seu próprio teto. O do Mandetta foi a cloroquina; o meu foi a interferência na Polícia Federal. Isto para ser simplório.
Foi sofrido ver minha reputação se esvaindo e eu preciso dela para sobreviver, ao contrário de você.
Mas mesmo não precisando da reputação, não espere ser o último para apagar a luz. Apúrate compañero! Depois, levanta, sacode a poeira, dá volta por cima.
PS: o Mandetta aproveita para mandar lembranças e diz que: “Um homem público pode perder tudo, menos a coerência e a dignidade. Preserve-as”. E neste caso as aspas são necessárias porque não se trata de ficção.