Ações de empresas de tecnologia tiveram baixas entre 23% e 65%, influenciadas, entre outros fatores pela desaceleração econômica e pelo aumento da taxa de juros
por Thais Skodowski em 30/09/21 15:03
As ações de empresas de tecnologia estão em queda na Bolsa de Valores de São Paulo. Das dez empresas do setor que abriram capital em 2021, seis tiveram baixas significativas. Alguns papéis chegaram a cair mais de 60%, com um desempenho bem pior que o Ibovespa.
Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico mostra que os IPOs (ofertas públicas iniciais) de empresas de tecnologia captaram R$ 8,8 bilhões desde o começo do ano. Porém, enquanto o Ibovespa sofreu uma queda de 5,5% e 8,8%, seis empresas tiveram baixas entre 23% e 65%.
As maiores diferenças estão nas ações da Enjoei, plataforma de vendas on-line, e da Mobly, site de móveis e decoração.
De acordo com uma análise feita pela Genial Investimentos, a desvalorização das ações de tecnologia está relacionada com vários fatores, sobretudo o aumento das taxas de juros. Isso porque, para estimar o valor justo de uma empresa hoje, desconta-se os fluxos de caixa futuros a uma taxa até o dia de hoje. Se há um aumento da taxa de juros, há um aumento da taxa de desconto dos fluxos. Com uma taxa de desconto maior, o valor justo da empresa fica menor.
Além disso, a alta de juros também impulsiona o investidor para a renda fixa, ou seja, as ações deixam de ser tão atraentes, afinal, o risco de perder dinheiro é maior.
Outro ponto levantado pela Genial é que estamos em um cenário de desaceleração econômica, que interfere negativamente no resultado das empresas e gera uma expectativa de menor crescimento, que é precificada nos ativos.
Já o CIO (Chief Information Officer) da Indossuez, Fábio Passos, aponta outros dois motivos para a queda das ações de empresas de tecnologia. Um deles é que o setor teve um boom de demanda no ano passado, mas que não se garantiu no segundo semestre desse ano.
“É razoável imaginar que se você tem um momento tão positivo, você tem uma demanda mais alta e é mais fácil levantar dinheiro para essas empresas, por isso tanta empresa foi ao mercado. Mas algumas empresas que foram ao mercado não estavam tão estruturadas, com modelos de negócios tão sustentáveis a longo prazo. No primeiro momento, quando você tem um mood mais positivo está ok, mas em um cenário mais difícil, quando se tem um Ibovespa mais instável ou retomada da renda fixa, esses questionamentos ficam mais fortes”, disse.
Passos ainda destaca a baixa liquidez dos papéis dessas empresas. “Muitos investidores Pessoa Física entraram nesses IPOs, mas também teve muitos investidores institucionais que ancoraram essas emissões. Então, esses papéis não têm liquidez tão grande e essas empresas têm o seu passivo ou fluxo de caixa concentrado em poucos investidores. Em algum momento, se algum deles começa a sair, acaba pesando no preço”, complementa.
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