Análise histórica, acompanhamento dos negócios, pesquisa e filtros qualitativos fazem parte dos critérios de gestores fundamentalistas para decidir sobre investimento
por Ciro Aliperti Neto em 16/08/21 13:16
Gestora focada em ações, a SFA – Seeking for Alpha Investimentos, nasceu exatamente com o propósito sugerido pelo nome (procurando por alfa, em tradução livre): buscar retornos acima da média do mercado no longo prazo. Já se passaram oito anos desde que a SFA assumiu a gestão do fundo SFA EAC FIC FIA BDR Nível I, e o objetivo tem sido alcançado. A rentabilidade acumulada desde 2013 é de 338%, contra 128% do Ibovespa – benchmark do fundo, até julho de 2021.
Os resultados são alcançados por meio de uma metodologia bem definida, que é seguida por todo time de gestão.
O fundo tem uma abordagem micro, privilegiando a análise fundamentalista de companhias na alocação de recursos. Contudo, é importante destacar que o valuation entra apenas no final do processo, para definir se determinado ativo está caro ou barato. Antes, há um longo caminho para avaliar o negócio, que pode demorar meses até o investimento se concretizar.
A gestora criou um processo de investimento e formou uma equipe de profissionais com o objetivo de perpetuar este modelo, a fim de garantir a geração de alpha de forma consistente e contínua.
Os dois pilares fundamentais são filosofia e processo. E é uma filosofia forte, com um processo bem estruturado e robusto, que garante que se possa replicar os resultados bons do passado no futuro.
O fundo é como uma holding que possui participações em outras empresas, mas com a vantagem de ter liquidez diária na bolsa de valores. O objetivo de investimento da SFA é ser sócia de empresas sólidas, que adicionam continuamente valor aos seus acionistas. Estes conceitos são os maiores ativos, e perpetuá-los é o maior desafio. Considerando os dois objetivos principais, de alcançar e perpetuar o alpha, é preciso uma filosofia diferenciada e um processo de investimentos sólido. Acredita-se firmemente que investir em empresas gera valor e crescimento patrimonial a longo prazo.
O fundo possui estratégia Long Only, com objetivo de retornos em períodos de 5 anos.
Sinqia é uma fintech que oferece soluções de tecnologia para o sistema financeiro brasileiro. Segundo Aliperte, a Sinqia está bem posicionada em um setor altamente pulverizado, com ainda mais espaço para consolidação. O setor cresce 12% ao ano e Sinqia cresceu 27% ao ano, desde 2004. A empresa detém 7,3%% desse share, mas com destaque para uma série de movimentos estratégicos que a deixam cada vez mais atrativa A constante digitalização do mercado, sobretudo o Open Banking e o mais recente PIX mostram as infinitas possibilidades da tecnologia no mercado financeiro. O fundo avalia que a Sinqia tem potencial ao fazer parte deste movimento em expansão.
O gestor explica que a Porto Seguro é outra empresa que o fundo tem alocação. A avaliação é que essa é uma companhia diversificada com mais de 9 milhões de clientes, sendo a maior seguradora independente do país no segmento de auto, com cerca de 28% de market share. E Apesar de ter o seguro auto como carro chefe e origem do grupo, a SFA destaca que a Porto Seguro é uma holding que engloba outros segmento do ramo de seguro como patrimonial, vida e saúde. Atua também em serviços financeiros como cartão de crédito, financiamento e consórcio, além de atuar em serviços como o carro por assinatura. O desafio da Porto Seguro é aumentar a penetração dos outros produtos. Uma de suas frentes em que a gestora vê boas projeções é no segmento de saúde, que promete um excelente crescimento da carteira de crédito e financiamento para 2022.
Geração de ideias: Com base em cenários, análises macroeconômicas e setoriais, informações de mercado e dos stakeholders, a SFA define parâmetros para selecionar empresas que tenham diferenciais, características e desempenho histórico para serem analisadas.
Filtro Qualitativo: Identificar a postura dos controladores, a qualidade do management, as estratégias e planos de negócios, as condições do mercado, o ambiente corporativo, os incentivos dos profissionais e a imagem da empresa. Há um sistema de notas mínimas exigidas a diversos destes atributos.
Análise Histórica: Se analisa profundamente o histórico do mercado e da empresa. Procura-se identificar se nos últimos 10 anos a empresa definiu planos de negócios consistentes e sua capacidade de executá-los, a fim de criar valor aos seus acionistas.
Análise Qualitativa: Tem como objetivo entrevistar gestores, funcionários, ex-funcionários, clientes, fornecedores, concorrentes e stakeholders para aprofundar o conhecimento do ambiente corporativo, sua cultura, incentivos e visão do mercado sobre a empresa.
Elaboração da Tese: É a síntese do estudo, a construção da tese e a confirmação se a empresa se classifica como um ativo core, que tem maior exposição no fundo, ou tático, que possui alocação menor. A dinâmica de discussão da equipe é profunda e busca o consenso.
Valuation: O valuation é a última etapa, não é uma premissa de decisão e sim uma análise do preço da ação. As projeções são feitas com base na tese e com viés conservador, a fim identificar o risco de retorno mínimo do investimento.
Alocação: São regras de alocação para cada tipo de ativo que leva em consideração se é core ou tático, sua liquidez e precificação. São ativos em sizing e principalmente em hedges da exposição do fundo ou das posições, com o objetivo de minimizar os drawdowns do mercado e criar buying power.
Acompanhamento: O processo de acompanhamento das empresas é extremamente importante e profundo. Tem como objetivo tornar a SFA especialista na empresa, e para tal são feitas análises constantes do mercado. São entrevistados gestores, colaboradores, clientes, fornecedores e concorrentes para obter todas as informações necessárias. Tudo é documentado e guardado em nuvem, criando um enorme banco de dados da empresa, que serve para constante análise e consulta da equipe.
O fundo hoje é para investidores qualificados por ser um BDR e poder investir 40% do PL diretamente no exterior. Porém, a principal característica que os parceiros/investidores precisam ter é: horizonte correto de tempo de investimento. Investir em fundos de ações com foco em curto prazo é receita para frustração. Antes de olhar apenas o retorno do fundo, é importante que os investidores acreditem no processo e filosofia de investimento, que possui foco de retorno em janelas de 5 anos.
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