Superintendente da CVM explica que maioria das vítimas de golpes financeiros buscam mais rentabilidade e apostam em produtos aparentemente inovadores
por Juliana Causin em 13/08/21 12:54
Busca por maior rentabilidade, procura por produtos financeiros inovadores e apetite por oportunidades melhores que o padrão. Esses são os ingredientes que levam a maior parte das vítimas de golpes financeiros a caírem em fraudes que, cada vez mais, usam criptomoedas para atrair investidores. A avaliação é de José Alexandre Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, em entrevista do MyNews Investe.
“Essas pessoas que estão atraídas por novidades e inovações naturalmente são mais influenciadas por temas novos e muitas vezes difíceis de compreender, porque enxergam ali uma oportunidade de sair na frente, de conseguir ter uma rentabilidade maior do que um produto tradicional”, explica ele.
Segundo pesquisa feita pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável pela regulação do mercado de capitais, 91% das vítimas de golpes financeiros são homens. Entre os participantes do estudo, a maior parte cita as criptomoedas (43%) como o investimento que levou à fraude. Na sequência, estão produtos mais complexos como Forex (29,8%) e opções binárias (16,9%).
De maneira geral, as fraudes chegam até a vítima por meios conhecidos. Segundo a pesquisa, metade das vítimas conhecia o golpista de alguma forma – 28,1% a conheciam pessoalmente e 21,9%, indiretamente. Os meios de divulgação dos golpes também costumam ser mais direcionados: 27,5% das vítimas receberam a proposta por meio do WhatsApp e 19,7% a partir da divulgação do boca-boca.
Vasco destaca que a propagação mais direcionada dos golpes acabam contribuindo para uma aparência de confiabilidade. “Há a aparência de regularidade quando vem de uma fonte confiável, conhecida. Muita gente não consegue entender direito no que está investindo e também fica um pouco atraído por essa novidade”, afirma ele.
Sobre o crescimento das fraudes envolvendo a oferta de moedas digitais, ele lembra que esse é um movimento que tem acontecido no mundo, mas tomado maiores proporções no Brasil. “É um fenômeno mundial e que no Brasil adquiriu uma intensidade maior. Nós sabemos disso porque integramos uma força-tarefa junto da IOSCO (Organização Internacional de Valores Mobiliários ) para proteção de investidores”, explica Vasco.
Segundo o superintendente da CVM, o momento de pandemia acabou favorecendo a oferta de fraudes envolvendo produtos digitais. “No mundo inteiro durante a pandemia houve um crescimento das ofertas irregulares, seja esquemas ponzi, sejam pirâmide. No Brasil a gente já vinha percebendo essa essa tendência desde 2014”, acrescenta.
Para Vasco, alguns sinais importantes podem ajudar os investidores a identificarem ofertas que sejam fraudulentas. A promessa de ganhos exorbitantes e pressão dos golpistas para uma decisão são elementos comuns nos golpes. “É melhor buscar investir naquilo que você consiga entender minimamente. Não precisa ser um especialista, mas você precisa ter uma compreensão de como aqueles recursos que você está entregando ao ofertante vão gerar o retorno que promete”, diz.“Se é bom demais para ser verdade, provavelmente não é verdade”, lembra ele.
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