Bolsa encerra o mês com o pior resultado mensal desde fevereiro, enquanto dólar subiu para R$5,20. Para analista, riscos permanecem em agosto mas mês deve ser melhor
por Juliana Causin em 02/08/21 18:37
Principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa encerrou o mês de julho com queda de 3,94%, no patamar dos 121 mil pontos – o pior resultado mensal desde fevereiro deste ano. Enquanto a bolsa caiu, o dólar disparou 2,57% na última sexta-feira (30) e encerrou o mês cotado a R$5,20, com valorização acumulada de 4,76% em relação ao real – a maior alta desde janeiro.
O último mês foi marcado ainda pela saída de R$ 7,1 bilhões de capital estrangeiro na bolsa, interrompendo três meses de fluxo externo positivo. Em entrevista ao MyNews Investe, Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, destaca que o desempenho do Ibovespa em julho interrompeu um movimento de quatro meses de alta na bolsa.
Segundo ele, a pressão negativa no mercado aconteceu principalmente na segunda metade do mês de julho por fatores externos sobrepostos a riscos locais. “O mercado externo influencia muito o Brasil. Começamos a semana passada com informações sobre as intervenções chinesas no mercado acionário”, diz Franchini.
Somadas às pressões da China sobre o mercado ações, principalmente em empresas de educação e de tecnologia, o mês chegou ao fim também sob expectativa dos investidores para a decisão do Banco Central americano sobre juros e estímulos monetários. A semana passada foi marcada ainda pela divulgação do PIB americano, resultados sobre emprego no Brasil e balanço financeiro de empresas importantes do S&P500, índice que reúne as 500 maiores empresas americanas.
“Todos esses fatores em cinco dias somados. Estava na cara que isso traria instabilidade. Pela incerteza e pela insegurança do que poderia vir. Aí você olha para o Brasil, os resultados corporativos não incentivaram o investidor”, afirma ele.
Franchini destaca ainda o temor da variante Delta e as incertezas domésticas no Brasil como fatores que pesaram no desempenho negativo do mercado. “Você teve saída de capital. Dólar sobe e bolsa cai. Infelizmente, a última semana do mês fez com que a Bolsa tivesse perdido todo o ganho que tinha sido acumulado nas três primeiras semanas de julho”, diz.
Para Franchini, o mês de agosto começa ainda com incertezas no radar para o mercado, mas tende a ter um desempenho melhor que o mês passado. No radar, além de mais uma semana de divulgação de balanços financeiros de empresas, os investidores acompanham de perto a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que define nesta quarta-feira (4) a Selic, taxa básica de juros, hoje em 4,25%.
“Vamos começar o mês com esse resultado de ajuste na Selic. Será um foward guidance, ou seja, um movimento que vai mostrar quais serão os próximos passos do Banco Central. Será um recado forte para o mercado”, afirma o sócio da Monte Bravo.
Entre os fatores de risco, ele destaca ainda as informações envolvendo novos gastos do governo Bolsonaro, o que traz um alerta para saúde fiscal do país. Na última sexta (30), o presidente Jair Bolsonaro prometeu aumentar em ao menos 50% o valor do Bolsa Família e disse que estuda prorrogar o auxílio emergencial.
“Agosto começa com incertezas globais em relação à variante Delta do coronavírus, interferências chinesas no mercado e também o resultado das bolsas de primeira linha”, diz ele. A avaliação de Franchini, no entanto, é que o mercado deve ter um mês melhor. “O mês de agosto tende a ser melhor, mas é preciso ter esses pontos de atenção”, completa.
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