Herman Cardenas afirmou que representante comercial da empresa utilizou foto antiga para fingir proximidade com o Bolsonaro
por Juliana Braga em 02/08/21 11:44
Em entrevista ao programa Fantástico neste domingo (1), o dono da Davati Medical Suply, Herman Cardenas disse ter sido enganado por parceiros brasileiros na transação envolvendo a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Segundo ele, o representante de vendas no Brasil Cristiano Carvalho usou uma foto antiga para simular proximidade com o presidente Jair Bolsonaro.
“Cristiano demonstrava estar numa reunião com o presidente do Brasil. Hoje a gente sabe que a foto deve ser fake. Eu mal posso acreditar que alguém usaria uma imagem de 2019 para dizer que estava presente ali, como se fosse em 2021″, declarou ao programa.
O empresário também relatou que Carvalho teria enviado um currículo informando ter doutorado em Harvard e assinava suas mensagens como “professor-doutor”.
Ele evitou explicar de onde viriam as 400 milhões de doses prometidas. Justificou que teria a “alocação”, ou seja, uma reserva destinada a outra companhia. “A empresa detentora de uma alocação de vacinas não nos passou o contrato que tinha com o fabricante. Então não sei como conseguiram essa alocação. Mas nos mostraram documentos e comunicações que nos convenceram que eles tinham a alocação”, explicou.
O empresário disse não ter desconfiado da transação, nem ter achado estranho o número tão grande de intermediários na negociação com o governo brasileiro. Explicou ao programa porque continuou com a oferta. “Por confiança e por querer seguir em frente. Mas de agora em diante, vamos conhecer melhor os nossos parceiros antes de fazer negócios com eles”.
Por meio de seu advogado, Cristiano afirmou ao Fantástico desconhecer o e-mail citado por Cardenas e negou ter assinado qualquer comunicação como “professor doutor”. Sobre a foto, disse ter sido enviada em um grupo de WhastApp como brincadeira, em um momento de descontração, e não para parecer proximidade com o presidente.
A Davati Medical Supply entrou na mira da CPI da Pandemia após o policial militar e representante da companhia Luiz Paulo Dominguetti ter dito ao jornal ‘Folha de S.Paulo’ que teria recebido uma oferta de propina de US$ 1 por dose de vacina. O episódio teria acontecido em um shopping em Brasília durante um jantar com o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias.
Mensagens reveladas pela revista ‘Veja’ mostram Domingiuetti festejando a negociação. Em uma conversa com uma pessoa identificada como “Andrei compra vacina”, ele diz “Últimos dias de pobre! kkk”.
Dias foi ouvido pela CPI e negou o pedido de propina. Segundo ele, o encontro com Dominguetti foi acidental, versão na qual o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), não acreditou. Foi decretada a prisão em flagrante do ex-diretor.
Cristiano também depôs à CPI. Ele contradisse Dominguetti e afirmou ter sido procurado pelo policial militar já com a intenção de vender vacinas. Ele também relatou conversas com oito representantes do Ministério da Saúde para agilizar a aquisição de vacinas da Jansen e AstraZeneca.
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