Há quatro meses descobri um tumor e quinze dias antes da cirurgia soube que a seguradora havia cancelado unilateralmente meu contrato
por Jorge Miranda em 18/06/24 22:58
Há cerca de sete meses estava realizando exames de rotina, daqueles que fazemos todo ano ou pelo menos deveríamos fazer. Foi quando o cardiologista pediu, além dos exames tradicionais, um exame de ultrassonografia do abdômen total. Após a realização do exame veio um diagnóstico que havia uma massa no rim do lado direito e que merecia ser investigado por um especialista. Sem dar muita importância deixei passar quase três meses, até procurar um urologista, conforme recomendação, pois vieram as férias e na verdade não dei a importância que deveria ter dado. Esta é a história de como descobri que estava com câncer e sem plano de saúde.
Em fevereiro já de volta das férias fui procurar então um urologista para realizar o exame de tomografia, o que era mais recomendado para esse caso. Usuário de um plano de saúde há mais de três anos e com os pagamentos em dia, não me preocupei, pois sabia que qual fosse o resultado eu estaria coberto. Afinal, já tinha o plano há anos e não havia mais nenhum tipo de carência.
Ao levar o resultado para análise do médico, ele, após olhar e revisar o exame, virou e disse com a maior naturalidade do mundo, que eu estava com um tumor no rim direito e tendo em vista o tamanho do tumor, cerca de dez centímetros, teria que realizar um procedimento chamado NEFRECTOMIA RADICAL DO RIM DIREITO. Naquele momento o chão se abriu aos meus pés. Que forma mais esquisita de se descobrir que o que tinha era um CÂNCER e dos grandes, no rim, pior, como trazer esta noticia para a família?
Mas tenho uma mulher guerreira e parceira e com certeza iríamos enfrentar isso juntos e sair vitoriosos.
De início me deu um medo muito grande, mas com o apoio da família e amigos segui em frente, afinal o que julgava mais importante é que estaria coberto pelo plano de saúde. Rapidamente fui realizando todos os exames pertinentes, pois estava lutando contra o tempo. Não consultei apenas um especialista, foram vários, pois queria ouvir outras opiniões e lamentavelmente o diagnóstico era o mesmo: cirurgia para retirada do rim.
Após realizar todos os exames solicitados, quando faltava apenas um exame para reunir todos que se faziam necessários, estava no laboratório quando descobri que ele não estava sendo autorizado, pois o plano de saúde com o qual eu achava que não deveria me preocupar , havia sido ROMPIDO UNILATERALMENTE. Sem entender de início o que estava acontecendo realizei e paguei pelo exame, afinal só faltava um e o que é pior, já havia decidido pelo médico, pelo hospital onde iria realizar a cirurgia e já possuía a autorização para a realização do procedimento.
No entanto, faltando apenas quinze dias para a cirurgia descobri que pela rescisão UNILATERAL não poderia fazer o procedimento médico. A notícia caiu feito uma bomba em meu colo, arrisco dizer que ainda pior que a descoberta do câncer. Eu estava com câncer e sem plano de saúde.
É bom que fique claro, não havia histórico de atrasos, pois sempre priorizei o pagamento por entender quão é importante a cobertura do plano de saúde em nosso pais .
Sem entender a razão fui procurar o motivo da rescisão e tentar de toda forma reverter, afinal já era um procedimento autorizado e já tinha sido emitida uma guia de autorização para a cirurgia. Após procurar o plano para saber qual o motivo, recebi a seguinte resposta: “ SENHOR FOI ENVIADO UM E-MAIL DIA 31/01 QUE O PLANO ESTARIA SUSPENSO EM 60 DIAS “. Ao procurar o e-mail não o localizei em lugar nenhum, devo esclarecer que o plano do qual eu fazia parte era corporativo, em nome da empresa de minha mulher, da qual eu era dependente e também responsável financeiro. Desde o início do relacionamento com o plano, toda comunicação era feita por anos num email que cadastrei. Mas quando mandaram esse comunicado foi através de um email que nunca havia sido usado para nenhuma outra comunicação entre mim e o plano .
De repente o mundo caiu na minha cabeça, afinal a maior segurança e certeza que tinha era saber que, apesar de descobrir uma doença muito grave, tinha um plano de saúde e me ver sem ele fez com que o mundo literalmente desabasse. E agora que caminho seguir ?
A primeira providência foi procurar a justiça, certo de que seria atendido no menor tempo possível, afinal tratava-se de uma doença grave. Fui pego pela burocracia da justiça e meu caso ainda está em andamento.
Sendo funcionário publico do Estado de São Paulo, tenho direito ao Iamspe, o qual pago há 35 anos sem ter usado sequer uma vez. Fui aconselhado a procurar o sistema. Descobri que todos os que buscaram atendimento e conseguiram só falavam bem e elogiavam como sendo uma das melhores instituições de saúde da São Paulo e com os melhores profissionais do ramo. O único problema, diziam, é a fila para ser atendido .
Mas Deus é tão misericordioso que não me desamparou e no momento mais difícil da minha vida consegui ser atendido não na velocidade que minha angústia, medo e ansiedade desejavam, mas me inseri no sistema e comecei a ter meu caso tratado por lá a tempo de salvar minha vida.
No último dia 10 de junho fui finalmente operado, exatos 78 dias após a data que o convênio havia me autrizado a fazer o procedimento e cancelado às vésperas. Consegui minha tão sonhada cirurgia com um dos maiores especialistas no mundo nesta área que atende nos mais renomados hospitais de São Paulo e também no hospital do Servidor Público.
Posso dizer com todas as letras que realmente ali estão os melhores profissionais de saúde do Brasil, quiçá do mundo, pois mesmo com as dificuldades que eles enfrentam, como falta de estrutura e excesso de demanda, fazem um trabalho de excelência.
Já na sala de cirurgia, a última coisa que me lembro foram as palavras do cirurgião chefe da equie: “Olha rapaz fique tranquilo que nós vamos fazer o melhor e você vai se livrar disso”.
Falou isso me olhando nos olhos e me transmitiu uma segurança e tranquilidade que me fez passar por esta experiência com uma paz e confiança que talvez nunca consiga agradecer o suficiente ao Dr Renato Panhoca, o chefe da equipe.
Fui operado na manhã de uma segunda feira pela equipe do Dr. Renato Panhoca, não sei quantas horas me foram dedicadas nessa cirurgia, mas minha mulher disse que foram muitas. Lembro de ter acordado por volta das oito da noite na uti, onde ainda estava entubado, grogue e sem entender muito bem onde estava. Tão logo recobrei consciência passei a interagir com os funcionários que me assistiam, e todos diziam como eu havia chegado em um estado muito grave e sim correndo risco de morte, mas que a cirurgia havia sido um sucesso. Eu não tinha a menor noção do quão grave era minha situação, afinal passei por todo esse processo até o dia da cirurgia sem um sintoma sequer, nenhuma dor ou sinal de que minha real situação era tão grave .
Não tive mais contato com Dr Panhoca, mas fui assistido pelo Dr. Lucas que também participou da equipe na cirurgia.
Dia 15 de junho tive alta e após receber um tratamento fantástico por toda equipe de enfermemagem no andar em que me encontrava, o Dr. Leandro, outro integrante da equipe cirúrgica, que estava de plantão ao me dar alta, me perguntou se eu soube como foi a minha cirurgia. Disse-lhe que não sabia dos detalhes.
Ele contou que a minha cirurgia foi uma obra prima e que poucos médicos teriam tido a coragem e competência de realizar uma cirurgia tão complexa e difícil por videolaparoscopia. Disse que o comprometimento do tumor no meu rim estava tão grande que qualquer descuido poderia ter sido fatal. Não contive a emoção e caí em lágrimas, SENTIDO QUE DEUS me guiou até as mãos dessa equipe fantástica.
E pensei: Por que mesmo eu fiquei tão assustado de ter perdido o plano de saúde? Será que teria conseguido ter acesso a uma equipe tão espetacular? Será que o Plano teria liberado todos os procedimentos e exames que foram necessários? Afinal, por que raios temos tanto medo do serviço público? Pois respondo: a fila. A fila mete medo e por isso temos que zelar para que o sistema público de saúde receba os recursos necessários para atender a população.
Ainda passado dois dias desde o meu retorno pra casa me pego em algum canto lembrando desse livramento, e não consigo segurar a emoção que vem a cabeça quando penso que poderia não estar mais entre as pessoas que amo tanto.
OBRIGADO MEU DEUS POR DAR MAIS UMA OPORTUNIDADE DE PERMANCER NESSE PLANO
OBRIGADO DR RENATO PQNHOCA E TODA SUA EQUIPE QUE FIZERAM A VONTAQDE DE DEUS A AGIRAM SOB SEU COMANDO ME TRAZENDO A VIDA MAIS UMA Vez
OBRIGADO A MINHA MULHER MARCIA QUE NUNCA ME ABANDONOU E SEMPRE ACREDITOU QUE TUDO IA DAR CERTO
E OBRIGADO AOS MEUS FAMILIARES , AMIGOS E COLEGAS QUE TANTO ME APOIARAM .
*Jorge Miranda tem 56 anos de idade e era fumante até descobrir o câncer
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