O bilionário, que protagonizou embates com autoridades brasileiras, liderava o Departamento de Eficiência Governamental
O bilionário sul-americano, Elon Musk, deixou o governo do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, na madrugada de quarta-feira (28). O empresário liderava o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), criado em 20 de janeiro desde ano com o objetivo de reduzir e reformar a burocracia federal.
O desligamento, que ocorreu de forma discreta, representa o fim de um período turbulento marcado por demissões em massa, disputas internas e desestruturação de agências governamentais.
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Por meio de sua plataforma X (antigo Twitter), o homem mais rico do mundo agradeceu Trump pela “oportunidade de reduzir os gastos desnecessários do governo” e afirmou que o DOGE continuará com os trabalhos.
A função de Musk como “funcionário especial do governo” era temporária e esperada. Contudo, o anúncio ocorreu um dia depois dele ter criticado o projeto de lei orçamentária que propõe isenções fiscais e aumento de gastos com defesa.
Apesar do bilionário manter uma relação próxima com o atual presidente, sua oposição a certas políticas de Trump acresceu de forma gradual.
Durante os quase 130 dias em que atuou como parte do governo, o empresário entrou em confronto com o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário dos transportes, Sean Duffy, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o assessor comercial Peter Navarro, quem Musk chamou de “idiota” e “mais burro que um saco de tijolos”.
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No âmbito internacional, antes mesmo de se envolver diretamente com o governo dos EUA, o empresário protagonizou intenso embate com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que resultou na suspensão do X por quase 40 dias em 2024.
O bloqueio se deu após a plataforma fechar seu escritório no Brasil e se recusar a indicar um novo representante legal, responsável por receber e cumprir as determinações judiciais que demandavam o apagamento de contas envolvidas no inquérito das Fake News.
Em resposta à intimação, Musk afirmou que não seguiria “ordens ilegais e secretas”. O ministro, então, determinou o bloqueio das contas da Starlink, outra empresa de Musk, para garantir o pagamento das multas aplicadas pelo descumprimento.
Por causa da insistente recusa de Musk, o X foi suspenso em todo o território brasileiro no dia 30 de agosto de 2024.
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Atualmente, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou que o governo americano estuda a possibilidade de aplicar sanções a Moraes com base na Lei Global Magnitsky. Na quarta-feira (28), os EUA anunciaram uma nova política de restrição de vistos a autoridades estrangeiras que “censuram americanos” e violam a liberdade de expressão por meio de “medidas flagrantes de censura” contra empresas norte-americanas.
Embora ambas situações remetam à atuação de Moraes no inquérito das Fake News e no processo da tentativa de golpe, especialistas apontam que as medidas servem para proteger as big tech e seus donos, entre eles Musk, da tentativa de regulamentação das redes sociais.