Disputa pela administração da maior cidade da América Latina tem girado em torno de Marçal; Tabata vem ganhando destaque, inclusive no confronto direto com o influenciador
Em 28/08/24 20:57
por Coluna do Prando
Rodrigo Augusto Prando é Mestre e Doutor em Sociologia, Professor universitário e pesquisador. Conselheiro do Instituto Não Aceito Corrupção, membro da Comissão Permanente de Estudos de Políticas e Mídias Sociais do Instituto dos Advogados de São Paulo e voluntário do Movimento Escoteiro.Textos essenciais de serem lidos para acompanhar e refletir sobre os movimentos da sociedade e do Poder.
Candidatos à Prefeitura de São Paulo | Fotos: Divulgação
A disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo distancia-se de projetos, de apresentação de propostas, ideias ou debates civilizados. A eleição de São Paulo foi, até aqui, não sobre São Paulo, e sim sobre Pablo Marçal, o candidato do nanico PRTB (aquele do famoso aerotrem de Levy Fidelix). Haveria, para mim e tantos outros, uma repetição da polarização já vivida no Brasil: Nunes (no bolsonarismo) e Boulos (no lulopetismo). Nada disso. Marçal é o personagem da vez, e sua força que incomodava já assusta os adversários. Vamos, então, aos atores políticos e parte de suas estratégias, ao menos aquelas visíveis.
O atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB, partido tradicional, não conseguiu apresentar-se como aquele tem a força da máquina e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro; Nunes saiu-se bem nos primeiros dois debates. Sendo o alvo de todos, não perdeu a calma e apresentou as realizações de sua gestão, mas não teve uma identidade política claramente construída e comunicada aos eleitores.
Com longa trajetória nas lutas sociais, Guilherme Boulos (PSOL), por sua vez, trouxe propostas e mostrou a que veio. Mas foi desestabilizado por Marçal, que apresentou acusações sem provas, como, por exemplo, de que o deputado seria usuário de cocaína.
Leia mais: Nunes, Boulos e Datena confirmam participação no debate MyNews/TV Gazeta, neste domingo (1º)
José Luiz Datena, do PSDB, parecia uma novidade. Cheguei a pensar que, com sua experiência de televisão, seria capaz de conter os arroubos retóricos e agressivos de Marçal e se colocar como uma terceira via. Contudo, ele não se encontrou nos dois primeiros debates, sem apresentar propostas concretas. No último debate, se ausentou.
Por fim, Marina Helena, do Novo, está em situação de difícil projeção. A direita tem Nunes e Marçal. Enquanto isso, as pautas apresentadas por ela representam, segundo dizem, a retomada de teses e valores caros ao bolsonarismo.
Quem, até aqui, tem conseguido se sobressair — inclusive no confronto direto com Marçal — é Tabata Amaral, deputada, do PSB (partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin). Tabata tem como força motriz sua trajetória da periferia de São Paulo até seus estudos na renomada Universidade de Havard, nos Estados Unidos.
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O foco dela são propostas, especialmente, na área educacional, e suas realizações durante o mandato de deputada. A candidata encarna a racionalidade e o conhecimento necessário à ação política. Há, não menos importante, o entendimento de Tábata que estas eleições têm na figura de Marçal o grande tema. Assim, Tabata – mais do que Nunes, Datena e Boulos que não foram ao último debate – tem sido a antagonista de Marçal. No debate com presença de Marçal, Helena e Tabata, esta fez provocações diretas ao afirmar que covardes não eram apenas os que não foram ao debate, mas quem foi e não respondia nenhum questionamento, no caso, Marçal.
As últimas rodadas de pesquisa apresentam a queda tanto de Boulos e de Nunes e o avanço consistente de Marçal. Tabata, neste cenário, ainda não apresenta musculatura para a ida a um potencial segundo turno, pois manteve-se discreta nas intenções de votos. Neste sentido, visualizava-se um empate triplo, dentro da margem de erro, entre Boulos, Nunes e Marçal na primeira colocação. Já circulam novas pesquisas que colocam Marçal em primeiro lugar na disputa.
Eleições conjugam, a um só tempo, emoção e razão. A política, tendo como elemento nuclear o poder, colocará, novamente, as opções: conquistar o poder, tentar manter o poder, avançar no poder conquistado e nunca recuar. Veremos a quem o paulistano confiará sua prefeitura e o poder nos próximos quatro anos. Veremos.
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