Jornalista é filho da também jornalista Miriam Leitão, que foi torturada por agentes da ditadura em 1972, quando estava grávida do irmão mais velho dele, Vladimir
por Sofia Pilagallo em 21/08/24 15:45
Jornalista Matheus Leitão participa do Segunda Chamada de terça-feira (20) | Foto: Reprodução/MyNews
O Brasil é o único país do mundo com um líder da extrema direita que louva aqueles que torturaram, mataram e ocultaram o cadáver de centenas de brasileiros perseguidos no período da ditadura militar. Foi o que afirmou o jornalista Matheus Leitão durante participação no Segunda Chamada de terça-feira (20). Ele é filho da também jornalista Miriam Leitão, que foi torturada por agentes da repressão em 1972, quando estava grávida de um mês do irmão mais velho dele, Vladimir. Apesar dos espancamentos, o filho nasceu forte e saudável, sem qualquer sequela.
“A extrema direita cresceu no mundo todo, mas aqui há uma questão específica. O Brasil é o único país do mundo com um líder da extrema direita que faz louvações àqueles que torturaram, mataram e ocultaram cadáveres de brasileiros na ditadura. Quartéis foram construídos para proteger brasileiros, não para cometer crimes”, disse.
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A declaração de Leitão veio em meio à discussão sobre as expectativas para os atos de 7 de setembro, quando é celebrado o Dia da Independência do Brasil. Desde 2021, bolsonaristas reservam a data para ir às ruas se manifestar a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro e propagar ideias ultraconservadoras, muitas vezes antidemocráticas, com ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional.
Novas manifestações desta natureza devem ocorrer este ano em várias capitais, inclusive com a presença de Bolsonaro. Em mais de uma ocasião, o ex-presidente, que é simpatizante da ditadura, elogiou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da repressão, a quem já se referiu como “herói nacional”. Desta vez, os atos devem contar também com a participação do pastor Silas Malafaia, que prepara sua mais dura ofensiva voltada ao ministro Alexandre de Moraes.
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Durante o Segunda Chamada, Leitão lamentou o papel que algumas igrejas evangélicas têm desempenhado para fortalecer a disseminação da extrema direita, com púlpitos virando palanques políticos e pastores pregando discurso de ódio em detrimento do evangelho. Ele conta que o avô, Uriel de Almeida Leitão, falecido pastor protestante, sentiria uma “tristeza enorme” se pudesse presenciar essa nova realidade, pois acreditava que, ao fazer isso, perde-se o sentido do verdadeiro cristianismo.
“Fico vendo essa banalização que é feita hoje dentro das igrejas e penso que meu avô sentiria uma tristeza enorme em ver os púlpitos virando palanques. Ele tinha a visão de que, ao fazer isso, perde-se totalmente o sentido daquilo que é o cristianismo e a palavra ensinada por Jesus. As igrejas fazem um papel social importante para o país, mas, ao mesmo tempo, se deixaram levar por esse movimento”, declarou.
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