Resultado mostrou que os americanos, assim como os brasileiros, estão mais focados em questões práticas, como a economia, do que em conceitos abstratos
por Tiago Mitraud em 07/11/24 14:39
Presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Wikipédia/Wikipédia
Embora Estados Unidos e Brasil certamente tenham suas particularidades, os ciclos eleitorais recentes dos dois países apresentam semelhanças notáveis. Tanto Trump, em 2016, quanto Bolsonaro, em 2018, foram eleitos com um discurso anti-sistema, em um contexto de descrença na política tradicional. Ao longo de seus mandatos, apesar de manterem o apoio firme de suas bases eleitorais mais fiéis, ambos foram se desgastando devido a posturas erráticas, discursos de viés autoritário e criação de polêmicas — especialmente durante a pandemia — o que contribuiu para uma rejeição que lhes custou a reeleição.
Nos dois casos, os eleitores optaram por adversários com visões ideológicas distintas e décadas de experiência na política, que centraram suas campanhas na “defesa da democracia”. No Brasil, Bolsonaro estava tão desgastado que permitiu que a imagem de defesa da democracia fosse vinculada até mesmo a Lula, cujos governos foram marcados por escândalos de corrupção que desafiaram a democracia brasileira e que nunca escondeu sua admiração por ditaduras ao redor do mundo.
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Este ano, porém, o desfecho foi outro: Trump venceu, mesmo com a campanha de Kamala Harris insistindo no discurso de que representava a “salvação da democracia”. O resultado mostrou que os eleitores americanos estavam mais focados em questões práticas, como economia e imigração, do que em conceitos considerados abstratos para muitos. No fundo, o que parecia importar ao eleitor era o impacto direto das decisões políticas em seu cotidiano.
Outro fator importante foi o desconforto crescente do eleitorado com a retórica — comum também no Brasil — de que quem não apoia os autointitulados “defensores da democracia” é, na verdade, um radical de “extrema direita”, o que afastou ainda mais o eleitor médio da campanha democrata. Ao insistir que a defesa da democracia só seria possível com Kamala Harris no poder, a campanha ignorou o fato de que, embora muitos eleitores de Trump reconheçam suas falhas, ainda o preferem no cargo, uma escolha legítima e democrática.
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No Brasil, Lula e o PT parecem insistir no mesmo caminho. Em vez de focarem seus esforços na resolução dos problemas reais do país, ainda estão presos ao discurso de “nós contra eles”, com a principal bandeira sendo o fato de “não serem Bolsonaro”. Cada vez mais, a estratégia de rotular como radicais aqueles que criticam o governo ou que preferiam a gestão anterior só gera antipatia entre eleitores que desejam ver uma liderança diferente no comando do país.
Esse cenário aponta para uma chance concreta de derrota de Lula em 2026, especialmente com Bolsonaro inelegível e nomes fortes no horizonte que não carregam a mesma rejeição do ex-presidente. Governadores como Zema, Tarcísio, Caiado e Ratinho têm apresentado bons resultados em suas gestões e representam alternativas competitivas ao governo petista.
Se Lula e o PT permanecerem presos ao passado e continuarem acumulando erros, o Brasil pode, em 2026, seguir o exemplo dos EUA e buscar um novo rumo. Que a mudança representada pela eleição de Trump possa servir de prenúncio ao Brasil, e que nossos políticos e eleitores possam eleger, em breve, um novo presidente que não repita os erros do passado e coloque, enfim, o país em direção a um futuro mais próspero.
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