A “polícia política” do bolsonarismo Jornalismo

A “polícia política” do bolsonarismo


Além do assédio judicial e dos ataques promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o jornalismo profissional no Brasil enfrenta agora um novo obstáculo: a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A avaliação é de Maria José Braga, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

A DRCI intimou o jornalista Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil, para prestar depoimento após Demori escrever que a Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) pode ter um grupo de matadores. Na publicação, o jornalista destacou a participação da Core no assassinato de João Pedro, morto aos 14 anos dentro de casa, na chacina do Salgueiro, em uma ação na Maré em 2019 que deixou oito mortos e a mais recente chacina do Jacarezinho e suas 28 mortes.

“A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática tem atuado como delegacia política do bolsonarismo, exatamente ao intimar, ao abrir inquéritos e intimar para depor jornalistas que estão comprido de levar informações de interesse público à sociedade”, diz Braga ao MyNews. “Isso é repressão política”.

Antes de intimar Demori, a DRCI já abriu inquéritos contra o YouTuber Felipe Neto após ele classificar Bolsonaro como “genocida” e contra os apresentadores e jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos por relatarem a investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Os inquéritos contra Neto e os apresentadores do Jornal Nacional foram de autoria do delegado Pablo Dacosta Sartori após pedidos da família Bolsonaro.

“O jornalismo e os jornalistas são alvos do governo federal, das instituições e da Polícia Civil do Rio de Janeiro porque cumprem o seu papel, exatamente por levar informação de interesse público à sociedade. Quem quer esconder alguma coisa, quem tem algo a explicar, muitas vezes usa do artifício do ataque para fazer a sua defesa ou, pelo menos, para escamotear o que está efetivamente em discussão. Isso é uma tática permanente do governo Bolsonaro e, infelizmente, ele tem aliados dentro do governo, tem aliados na sociedade e tem aliados dentro da Polícia Civil do Rio de Janeiro”

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