Para cientista político, influenciador digital tem repertório mais sofisticado do que se pensava e constrói narrativa que tem apelo entre os jovens
por Sofia Pilagallo em 06/09/24 14:57
Pablo Marçal faz gesto com a mão para formar um "M", de "Marçal", durante o debate MyNews/Gazeta, em 1º de setembro | Reprodução/MyNews
Ainda é cedo para cravar que o candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) atingiu um teto de intenção de votos, avaliou o cientista político Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultiva, durante participação no Segunda Chamada de quinta-feira (5). Para ele, Marçal tem forte apelo entre os jovens, apesar do que mostrou a penúltima rodada de pesquisas do Datafolha. Segundo a sondagem, divulgada em 22 de agosto, a rejeição ao influenciador saltou de 26% para 46% entre pessoas de 16 a 24 anos.
Ricci observa também que, ao contrário do que ele próprio pensava, a narrativa de Marçal vai um pouco além da estratégia dos cortes, o que pode dar margem para o crescimento dele nas próximas pesquisas. Apesar da postura infantil que ele adota nos debates e sabatinas, “estilo turma do fundão da quinta série”, usando boné e gesticulando para as câmeras, mostrou recentemente um lado mais propositivo, que até então poucos conheciam.
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“Muitas pesquisas qualitativas que estão chegando ao nosso instituto mostram um crescimento de Marçal entre jovens e adolescentes. Nas escolas, estão falando que ele é o cara por causa desse estilo que ele tem. Mas ele indicou que tem um repertório maior”, disse Ricci, ressaltando que, em entrevistas recentes, o influenciador digital falou sobre a importância de ensinar empreendedorismo nas escolas e investir nas “profissões do século 21”. “Esse tipo de mensagem pega fundo. Então eu não cravaria que há um esgotamento [da narrativa dele]. O repertório dele me pareceu um pouco mais sofisticado do que eu pensava.”
A avaliação de Ricci vai na contramão da opinião da jornalista Beatriz Manfredini, repórter da Jovem Pan, que participou do Segunda Chamada na terça-feira (3). Durante o programa, ela afirmou que a narrativa de Marçal “é cansativa, repetitiva e começou a se esgotar“. Segundo a jornalista, que andou sondando as equipes dos candidatos, as campanhas já esperavam um resultado similar ao das últimas pesquisas, em que o influenciador aparece liderando as intenções de voto junto aos adversários Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Agora, disse, a expectativa é a de que ele tenha atingido um “teto” de popularidade, o que deve se refletir nas próximas pesquisas.
A última sondagem do Instituto Datafolha, divulgada na quinta-feira (5), mostra o mesmo cenário do levantamento anterior, com três candidatos tecnicamente empatados. Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 23% das intenções de voto, seguido de Ricardo Nunes (MDB), com 22%, e Marçal, também com 22%. Esta é a primeira pesquisa Datafolha após o início do horário eleitoral no rádio e na TV. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
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