Para o cientista social Daniel Douek, diretor do Instituto Brasil-Israel, ao desacreditar instituições sérias, presidente estimula clima de desconfiança
por Igor Zahir em 19/09/22 17:58
O presidente Jair Bolsonaro (PL), que já havia defendido o que chama de “datapovo” como método alternativo de medir sua popularidade com os eleitores, voltou a tocar no assunto. Em entrevista ao SBT, o candidato à reeleição afirmou que, caso não venca Lula no primeiro turno, vai desconfiar: “Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE, tendo em vista obviamente o ‘data povo’, que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos, bem como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento”.
Para comentar esse e outros assuntos em torno das pesquisas eleitorais, Myrian Clark recebeu no Almoço do MyNews desta segunda-feira (19/09) o cientista social Daniel Douek, diretor-executivo do Instituto Brasil-Israel.
“O presidente, ao desacreditar as pesquisas que não o tem favorecido, tenta não abalar a moral perante seus apoiadores. Faz isso para manter a crença na vitória, para que os militantes tenham a forca necessária pra angariar ainda mais votos. Mas há outra razão ainda mais preocupante. Ao desacreditar todos os indícios que levariam a uma vitória do seu opositor no primeiro turno, o presidente cria um clima junto à sua base de desconfiança no próprio resultado eleitoral. Além do ‘datapovo’, a desconfiança levantada sobre as urnas eletrônicas. Enfim, algo que pode ter o resultado questionado pós-eleição”, explicou o cientista social.
Sobre a tentativa de Bolsonaro furar sua bolha e usar um tom mais tranquilo e contido, Daniel foi enfático: “O que temos visto é uma alternância de estratégias. Dependendo do lugar onde ele está e da notícia do momento, o tom vai mudando. Vai para maior ou menor agressividade, um pouco ao sabor do momento. O bolsonarismo tem como uma de suas características desafiar o status quo, os especialistas, a imprensa. Tudo num lugar de autoridade ou legitimidade. Mas vemos os limites disso em contratos de pesquisa com valores milionários e métodos muito distintos da maior parte dos institutos profissionais, para favorecer o presidente”.
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