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ANÁLISE

Ciro Gomes está ‘perdido’ nas estratégias digitais, diz especialista

Especialista analisou as estratégias digitais dos presidenciáveis. Segundo Alexandre Inagaki, Sergio Moro encontra dificuldades em se tornar popular, enquanto Lula e Bolsonaro encontram desafios em mídias diferentes.

por Julia Melo em 14/02/22 15:33

Ciro Gomes (PDT) na live "Ciro Games", fazendo um "react" à uma entrevista do ex-presidente Lula (PT). Foto: Reprodução (Redes sociais)

No Café do MyNews desta segunda-feira (14), o especialista em estratégias digitais Alexandre Inagaki analisou as ações dos presidenciáveis nas redes sociais. Para ele, a atual estratégia do presidenciável Ciro Gomes (PDT) nas plataformas não é suficiente para conquistar eleitores e se consolidar como principal nome da terceira via.

Inagaki já trabalhou diretamente com o planejamento de estratégias digitais em campanhas presidenciais e comentou sobre os nomes que melhor pontuaram nas pesquisas de intenção de voto até o momento.

Com o marqueteiro João Santana na equipe, que foi responsável pela campanha Dilma-Temer de 2014, Ciro Gomes investe fortemente na construção de uma identidade digital e num contato próximo com os jovens. Nas redes sociais, Ciro tem opinado sobre pautas econômicas, políticas e sociais, mas também faz memes com adversários políticos. As cutucadas vão desde tweets simples até reacts de entrevistas dos oponentes. 

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Nas lives “Ciro Games”, programa fixo no seu canal do YouTube, Ciro traz uma estética gamer e outros conteúdos além dos reacts. Ele entrevista políticos, influencers e intelectuais e também transmite games que aproveita com a família. Na avaliação de Alexandre Inagaki, falta uma “linha mestra” na comunicação do pedetista para unir todos os nichos que ele visa alcançar.

“O desafio da campanha do Ciro é de fato se consolidar como uma terceira via. A gente ainda não viu, nas pesquisas mais recentes, algum candidato que tenha conseguido ultrapassar a barreira dos dois dígitos. E não vai ser com vídeo de react, com vídeo de gameplay, que isso vai acontecer”, afirmou Inagaki. 

Ciro Gomes em evento. Foto: José Cruz (Agência Brasil).

A escolha de João Santana também foi questionada pelo especialista. Segundo ele, Santana tem a capacidade de criar peças comunicacionais que se popularizam, mas o trabalho com redes sociais é diferente. Alexandre Inagaki também lembrou que o marqueteiro é colocado como o responsável por ataques difamatórios à ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva na disputa de 2014. 

A contratação de Santana é vista como um impedimento para uma maior aproximação de Marina à chapa cirista. “Até que ponto vale realmente você investir um dinheiro – que está longe de ser pouco – em um marqueteiro que até atrapalha articulações políticas?”, questionou Inagaki. 

Terceira via nas redes 

O ex-ministro Sergio Moro (Podemos) aparece empatado com Ciro Gomes nas duas pesquisas eleitorais divulgadas na semana passada, Genial/Quaest e XP/Ipespe – 7% e 8%, respectivamente. Na presença digital, segundo o levantamento da Agência em Dados MAP, Moro sai na frente com 2% contra 0,53% de Ciro Gomes. Apesar disso, na avaliação de Alexandre Inagaki, também falta para Sergio Moro uma mensagem central – que não fique somente na pauta de combate à corrupção.

Moro chegou oficialmente ao páreo presidencial em novembro do ano passado. Desde então, existe um trabalho em torno da melhoria da imagem do ex-juiz da Lava Jato, não só na dicção e na forma como ele apresenta fisicamente, mas nas publicações das suas redes sociais. Inicialmente, Moro estava administrando seus perfis online por conta própria, mas desistiu depois de publicar um vídeo com uma edição amadora que se transformou num meme. 

Publicação de dezembro de 2021 viralizou pelo amadorismo e dificuldade na fala de Sergio Moro (Podemos).

No começo deste mês, o marqueteiro Pablo Nobel foi anunciado como o novo responsável pela campanha do lavajatista e, em entrevista à coluna Painel da Folha de S. Paulo, disse que o foco de Moro é filiar ex-bolsonaristas. Tornar o ex-juiz mais informal e próximo do povo também faz parte da estratégia da campanha.

Para Inagaki, falta a Moro uma maior proximidade com o ambiente digital. “Quando a gente fala em comunicação, e principalmente comunicação digital, você precisa estar imerso na linguagem digital. Você precisa entender que quando opta por seguir um perfil no Twitter, no Instagram, quer alguém que se comunique com você, alguém que poderia estar trocando ideia numa mesa de bar. Precisa ter uma linguagem mais objetiva e direta. Esse é um desafio que Moro vai precisar enfrentar para consolidar a candidatura”. 

O ex-ministro do governo Bolsonaro precisa enfrentar esse desafio em meio a uma corrida contra o tempo. Enquanto Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes trabalham a presença nas redes há muito tempo, Moro chegou ao páreo recentemente. “Beleza, ok. Já entendemos que você é anticorrupção. Mas e a economia, por exemplo. O que você vai fazer para se diferenciar? […] Você precisa dar uma mensagem de esperança”, analisou Inagaki. 

Os desafios de Bolsonaro e Lula 

É inegável que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma forte base de apoio nas redes sociais. Toda comunicação dele é feita por ele e pelos filhos. Para a campanha deste ano, a ideia é que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) continue no comando da parte digital, enquanto o marqueteiro do Partido Liberal, Duda Lima, é cotado para fazer a campanha offline, mas até então tem resistido a assumir esse papel. 

A pesquisa Genial/Quaest da última semana mostrou que as pessoas que se informam sobre política através da televisão tendem a desaprovar mais o governo Bolsonaro, enquanto quem se informa pelas redes sociais, tende a desaprovar menos. O especialista Alexandre Inagaki lembrou que a consolidação de Bolsonaro nas redes sociais é fruto de um trabalho de anos. O mesmo não acontece com a imagem do presidente nas mídias tradicionais.

Diante disso, aparecer mais nesses meios offlines pode ajudar na popularidade do chefe do executivo? Inagaki respondeu que “comunicação é importante, mas não faz milagre”. O especialista acredita que essa rejeição na mídia tradicional vem do desgaste político de ações do próprio Bolsonaro, como ser contrário à vacinação. 

Presidente Jair Bolsonaro em live semanal. Foto: Reprodução (Redes sociais).

Enquanto isso, o ex-presidente Lula (PT) é o candidato preferido entre quem se informa pela televisão, segundo a Genial/Quaest. Já no digital, a próxima aposta do PT é a estratégia “Cada Celular um Comitê”, em que devem se criar núcleos digitais a partir do engajamento de filiados do partido. A ideia é a criação de comitês populares a partir do compartilhamento de informações que é possível através de um celular.

O especialista em estratégia digital comenta que o PT está mirando em nichos específicos, em especial, o dos eleitores evangélicos. Esse público é visto hoje como uma das bases de apoio de Bolsonaro, que tem alianças com lideranças evangélicas conhecidas pelo extremismo. 

Inagaki lembrou, ainda, que a essa altura tudo é estratégia. Ele comentou como os conteúdos online da socióloga Rosângela da Silva, Janja, noiva de Lula, aproximam o ex-presidente dos usuários das redes sociais.

“No caso da presença da Janja, é importante no sentido de humanizar o candidato, torná-lo mais próximo. Quando a gente fala em redes sociais, é aquilo: você não quer acompanhar um perfil muito engessado, que fale só sobre proposta de campanha, que mostre agenda. É preciso ter em mente que quando você tem um perfil no Instagram, no Twitter, você quer saber dos bastidores, dos extras do DVD, da vida pessoal”, afirmou o especialista.

A foto relacionada à política mais comentada em 2021 foi publicada por Janja. Na imagem, aparecem ela e Lula abraçados numa viagem ao Ceará. 

Assista à entrevista completa com Alexandre Inagaki

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