Covaxin foi comprada pelo governo federal por valor inflacionado VACINA INDIANA

Covaxin foi comprada pelo governo federal por valor inflacionado


Seis meses se passaram desde as primeiras movimentações do governo brasileiro até o fechamento do contrato com a farmacêutica Bharat Biotech, para a aquisição do imunizante Covaxin, em fevereiro deste ano. Em agosto de 2020, um telegrama da embaixada brasileira em Nova Délhi informava que o valor estipulado pela fabricante indiana para cada dose era de 100 rúpias, o equivalente a US$ 1,34. Já em fevereiro, quando o Ministério da Saúde concluiu as negociações, o valor estava em US$ 15 a unidade, R$ 80,70 em cotação da época – um acréscimo de 1.000% no preço inicial. As informações foram apuradas e publicadas pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’.

O contrato para a compra do imunizante indiano custou R$ 1,6 bilhão ao governo federal.
O contrato para a compra do imunizante indiano custou R$ 1,6 bilhão ao governo federal. Foto: Jagdeep Sekhar.

A vacina é a mais cara das seis adquiridas pelo governo federal, e segundo apurou o jornal Estadão, a ordem para a compra da Covaxin partiu do presidente Jair Bolsonaro. Os trâmites, que começaram em dezembro, foram também os mais curtos – no caso da Pfizer, por exemplo, foram quase 11 meses de negociações, e o valor da dose da vacina não teve alteração no período (US$ 10 por dose).

Outra diferença é que as tratativas dos demais laboratórios aconteceram de forma direta entre os fabricantes e o Ministério da Saúde. No caso da Covaxin, houve a intermediação da Precisa Medicamentos, empresa investigada pela CPI da Pandemia e que teve a quebra de sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário de um dos sócios autorizada na semana passada.

Os senadores querem entender o motivo do contrato para a compra da Covaxin ter sido intermediado pela Precisa, que em agosto foi alvo do Ministério Público do Distrito Federal sob acusação de fraude na venda de testes rápidos para covid-19. Na ocasião, a cúpula da Secretaria de Saúde do governo do DF foi denunciada sob acusação de ter favorecido a empresa em um contrato de R$ 21 milhões.

Nesta terça-feira (22), o Ministério Público Federal pediu que o contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos seja apurado na esfera criminal – até então era na esfera cível -, pois entendeu que há indícios de crime. A aquisição do imunizante indiano custou R$ 1,6 bilhão ao governo federal.

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