Acareação pretende esclarecer acusações. Diretor de fabricante da ivermectina reconheceu à CPI patrocínio para manifesto de médicos
por Juliana Cavalcanti em 11/08/21 19:39
A CPI da Pandemia aprovou nesta quarta-feira (11) uma acareação entre o atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Miranda diz que informou ao presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades na compra da vacina Covaxin, enquanto Lorenzoni rebate, dizendo que o deputado federal apresentou documentos falsos.
O depoimento de hoje à CPI da Pandemia foi do diretor-executivo da empresa farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista. A empresa é fabricante do medicamento ivermectina – usado para combater verminoses e como antiparasitário, mas que foi indicado como tratamento preventivo ao covid-19, mesmo sem nenhuma evidência científica a respeito.
A ivermectina é um dos medicamentos sugeridos para o “tratamento precoce” da covid-19, como parte do “kit covid”. Apesar de não haver qualquer comprovação científica sobre o assunto, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu em diversas ocasiões o uso da ivermectina e de outras medicações, como a hidroxicloroquina, como “tratamento precoce” para a doença. A CPI assistiu a sete vídeos em que Jair Bolsonaro promove o antiparasitário.Apesar de afirmar não saber o volume de vendas e o faturamento da empresa antes e depois da pandemia, Jailton Batista admitiu posteriormente que as vendas de ivermectina da Vitamedic passaram de 2 milhões de unidades, em 2019, para 62 milhões de unidades em 2020. O faturamento da Vitamedic subiu de 15,7 milhões, em 2019, para R$ 470 milhões, em 2020. De janeiro a maio de 2021, as vendas da medicação já alcançam R$ 264 milhões.
O diretor caiu em contradição sobre o pagamento a médicos para indicarem o uso da ivermectina. Questionado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) sobre o assunto, primeiramente ele negou a prática. Depois, confrontado com documentos que mostravam pagamento de R$ 10 mil a médicos, Jailton Batista confirmou o financiamento de diárias para a realização de palestras sobre medicação destinada ao “uso preventivo” contra o covid-19.
Jailton Batista também reconheceu que a empresa Unialfa – do setor de educação e também pertencente ao empresário José Alves Filho, dono da Vitamedic, patrocinou com mais de R$ 700 mil um manifesto da Associação Médicos pela Vida, defendendo o “tratamento precoce”, publicado em diversos veículos de imprensa em 16 de fevereiro de 2021. Ele também reconheceu que tinha conhecimento que Merck, empresa que desenvolveu a ivermectina, publicou um estudo atestando que a ivermectina não é eficiente para prevenir a covid-19.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) solicitou que a CPI encaminhe uma denúncia à Procuradoria-geral da República contra a Vitamedic, por publicidade enganosa, corrupção ativa, prescrever medicamento sem eficácia contra a covid-19, advocacia administrativa, infração de medida sanitária e por curandeirismo.
O relator da CPI, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que vai recomendar que as defensorias públicas estaduais processem a União e as empresas que produzem o “kit covid” pelas mortes durante a pandemia. Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sugeriu um pedido de bloqueio cautelar de recursos da Vitamedic à Justiça Federal, com o intuito de ressarcir os cofres públicos de eventuais prejuízos causados pelo uso sem controle de ivermectina.
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