O silêncio de Danilo Trento irritou os senadores, que chegaram a falar em prisão, o que acabou não acontecendo. O relator da CPI, Renan Calheiros, e o senador Jorginho Mello trocaram insultos
por Hermínio Bernardo em 23/09/21 19:12
O depoimento desta quinta (23) na CPI da Pandemia foi do empresário Danilo Trento. Ele é sócio da empresa Primarcial e ainda é diretor da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou o contrato para a compra da vacina Covaxin com o Ministério da Saúde. Trento é suspeito de ter participado das negociações para a compra de testes e da vacina e ficou em silêncio na maioria das perguntas.
O silêncio dele irritou os senadores, que chegaram até a falar em prisão, o que acabou não acontecendo. A CPI, no entanto, aprovou a quebra do sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do empresário. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ironizou o silêncio de Danilo Trento.
Por algumas vezes, o diretor da Precisa Medicamentos pediu intervalo para conversar com a advogada. Em uma pergunta que foi repetida, ele acabou mudando a resposta. Primeiro, respondeu que não conhecia ninguém da família Bolsonaro. Depois, ficou em silêncio. E no fim, o empresário admitiu que conhecia e se encontrou algumas vezes com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
Os senadores também questionaram se Danilo Trento viajou a Las Vegas, nos Estados Unidos, com integrantes do governo. O objetivo da viagem era se reunir com empresários e investidores que faziam um lobby para trazer jogos de azar para o Brasil. Trento ficou em silêncio, mas os senadores revelaram que a viagem teve a participação de uma comitiva, que contou com a presença do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, e do senador Flávio Bolsonaro.
Um dos momentos que mais chamou a atenção foi a briga entre o relator Renan Calheiros e o senador bolsonarista Jorginho Mello (PL-SC). Eles trocaram xingamentos depois que Renan Calheiros falou que existe corrupção no governo Jair Bolsonaro, citando a compra de vacinas e insumos como exemplos. Jorginho Mello interferiu, em defesa de Bolsonaro e os senadores trocaram xingamentos, como “picareta”, “vagabundo” e “puxa-saco”. Eles precisaram ser contidos pelos outros senadores.
A CPI da Pandemia aprovou nesta quinta-feira (23) a convocação da advogada Bruna Morato. Ela representa um grupo de médicos que denunciou irregularidades na Prevent Senior. A advogada ajudou na elaboração de um dossiê que já está com a CPI. O depoimento dela está marcado para a próxima terça-feira (28).
Os senadores também marcaram para a semana que vem o depoimento do empresário Luciano Hang. A convocação dele já tinha sido aprovada em junho, faltava definir a data, o que aconteceu a pedido do relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O empresário é um defensor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a CPI apura a participação dele em esquemas para disseminar fake news sobre tratamentos ineficazes contra a Covid-19.
Nesta quarta-feira (22), Hang foi assunto na CPI depois que os senadores mostraram que o atestado de óbito da mãe do empresário foi alterado. Regina Hang morreu em fevereiro depois de complicações da Covid-19, mas a causa da morte não foi informada. Ela estava internada num hospital da Prevent Senior e documentos mostram que foi tratada com o chamado “kit Covid-19” – que inclui medicações sem eficácia comprovada no tratamento da doença, como a ivermectina e a hidroxicloroquina.
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