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ELEIÇÕES 2022

Queiroz considera “absurdo” família de Bolsonaro não apoiar candidatura

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro diz que não é bandido e acredita que a família de Bolsonaro não o tem como inimigo “em hipótese alguma”.

por Sara Goldschmidt em 06/06/22 16:24

Em entrevista ao podcast Mais ou Menos, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Fabrício Queiroz (PTB), afirmou na semana passada, dia 02 de junho, que “é um absurdo” se a família do presidente Jair Bolsonaro (PL) não apoiar a sua candidatura a deputado federal nas eleições deste ano. “Eu sou bandido? […] Eu sou Queiroz, pai de família, trabalhador. Fiz uma lambança que respingou neles? Sim. Mas não tem crime. Então assim: eu não faço uma pergunta diretamente que é constrangedor. Não quero dar saia justa a ninguém. […] Mas eu quero ver eles dizerem que não me apoiam.”

A lambança a qual Queiroz se refere é sobre o caso das rachadinhas, suposto esquema ilegal de desvio de salário de assessores do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Na época, o ex-policial militar (PM) era chefe de gabinete do parlamentar, e foi apontado como suspeito de envolvimento em uma organização criminosa, que segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, era liderada por Flávio entre os anos de 2003 e 2018, em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Fabrício Queiroz

Ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro se espelha no presidente e diz que não vai prometer nada, mas vai fazer. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

O episódio mais conhecido envolvendo o nome de Fabrício Queiroz é aquele em que ele teria depositado cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Durante a entrevista ao podcast, no entanto, o ex-PM nega que tenha cometido algum crime. “Eu teria vergonha, vergonha, olhando no olho de vocês aqui, se eu fosse criminoso, bandido, tivesse envolvido com alguma sacanagem, me candidatar a um cargo público”, disse ele.

Como candidato, Queiroz afirmou que defende as mesmas bandeiras de Jair Bolsonaro: família, contra o aborto, conservadorismo, política armamentista, forças de segurança e “combate aos esquerdopatas que defendem tudo o que não presta”. E que a exemplo do presidente, não vai prometer nada, mas “chegando lá [na Câmara], eu quero ser o melhor deputado. Essa é a minha única promessa.”

Durante a entrevista, Queiroz também ressaltou que a vontade de se candidatar partiu dele, que não tem nada a ver com a família Bolsonaro. E que sua participação na manifestação de 7 de setembro do ano passado foi um termômetro para que ele batesse o martelo sobre sua candidatura à Câmara dos Deputados.

“Eu conheço o trabalho de político, mas não sou político. É bem complexo. Vai ser uma escola pra mim, mas eu sei as minhas bandeiras. Político não precisa ter discurso bonito, tem que ter posicionamento. Isso eu tenho”, enfatizou ele ao podcast Mais ou Menos.

O caso das rachadinhas

Em maio deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) acatou o pedido do Ministério Público (MP) e rejeitou a denúncia da prática de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro. A decisão do TJ aconteceu após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) anularem as provas de acusação contra o então deputado, por entenderem que o STF deveria ser o responsável pelo caso, e não a justiça do Rio de Janeiro, pois Flávio tem foro privilegiado. E também, por considerarem que faltou fundamentação jurídica nos pedidos para coleta de provas. Entre essas, as interceptações telefônicas.

O filho do presidente foi denunciado em 2020 pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Durante as investigações, foram identificados que pelo menos 13 funcionários repassavam boa parte dos salários para Flávio Bolsonaro. Foram 483 depósitos na conta bancária do hoje senador da República, totalizando mais de dois milhões de reais.

A partir da decisão do TJ-RJ, qualquer nova investigação contra ele precisa começar do zero. Para a defesa do parlamentar, o caso está “enterrado”.

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