O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou nesta terça-feira (11) na CPI da Pandemia que a médica Nise Yamaguchi defendeu mudar a bula da cloroquina para prever tratamento contra covid-19. O uso do medicamento para enfrentar a pandemia não tem fundamentação científica e não é aconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante seu depoimento ao colegiado na semana passada, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que Torres barrou a ideia de indicar tratamento para covid-19 na bula da cloroquina, mas não soube apontar quem teria patrocinado a ideia.
De acordo com Torres, participaram da reunião em que a mudança da bula foi comentada os ministros Walter Braga Netto, Mandetta, além do próprio Torres, a médica Nise Yamaguchi e outro médico que Torres afirma não lembrar o nome. O presidente da Anvisa afirmou que não se lembra se Jorge Oliveira e Luiz Eduardo Ramos também estavam presentes no encontro que ocorreu no Palácio do Planalto.
“Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação, eu confesso, até um pouco deseducada, ou deselegante, minha reação foi muito imediata, de dizer que aquilo não poderia ser”, afirmou Torres à CPI.
Quando perguntado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se os ataques de Bolsonaro contra a China atrapalham a aquisição de vacinas, Torres reconheceu “dificuldades” na chegada dos imunizantes, mas afirmou não saber apontar um “nexo causal” que explique os atrasos.
O senador Humberto Costa (PT-PE) pediu no colegiado a reconvocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e disse que o titular da pasta “não estudou” e apresentou informações incompletas e imprecisas. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) criticou o pedido de Costa e disse que uma reconvocação de Queiroga pode retirar o ministro da Saúde de sua função no combate à pandemia.