Generais ouvidos pelo MyNews avaliam que CPI tem esticado demais a corda e que tom dos militares pode subir ainda mais
por Juliana Braga em 08/07/21 10:29
A nota que o ministro da Defesa, general Braga Netto, soltou na noite de quarta-feira (7) é apenas um ensaio, dizem generais ouvidos pelo MyNews. Para eles, a CPI da Pandemia tem esticado demais a corda, o que tem desagradado militares da ativa e da reserva. Um general ouvido sob a condição de anonimato diz que as Forças Armadas estão “preparando o terreno” e que o tom pode subir ainda mais.
O fato de os comandantes das três Forças terem assinado o texto dá o tamanho da insatisfação. Para os fardados de alta patente, os senadores têm exagerado na forma como tratam dos militares envolvidos nas denúncias, antes mesmo de terem provas concretas. É patente o desconforto com a participação dos fardados no governo e do nome de alguns deles em denúncias de corrupção, mas, diante da “ameaça externa”, a postura será de total proteção dos citados.
Foi assim, por exemplo, com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Havia um grupo grande defendendo a sua saída para a reserva, mas, ao ver a CPI avançar em sua direção, a sua permanência na ativa foi aceita como forma de protegê-lo. Assim será feito com os demais; nenhum será largado na chuva.
Internamente, há a avaliação de que se o motivo é atingir o presidente Jair Bolsonaro, os senadores estão seguindo o caminho errado. Quanto mais são atacados, mais os integrantes das Forças Armadas tendem a relevar as críticas que têm (e eles têm) em relação a Bolsonaro e se unirem em torno do presidente como forma de se protegerem. Se houver insistência, poderá haver uma escalada no tom.
A crise foi deflagrada ontem, quando o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) falou em “banda podre” das Forças Armadas. “Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo. Fazia muitos anos”, disse.
Aziz afirmou ainda não ter notícia disso nem na “época de exceção” no Brasil. “O Figueiredo morreu pobre, porque o Geisel morreu pobre, porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, Coronel Guerra, Coronel Elcio, General Pazuello e haja envolvimento de militares…”
Na nota, o ministro da Defesa e os comandantes falam em narrativa vil e leviana. “Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, declaram.
Comentários ( 0 )
ComentarEntre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR