Conhecido por ser um dos pivôs do escândalo de candidaturas laranjas no PSL na eleição de 2018, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) foi demitido do Ministério do Turismo pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última quarta-feira (9). E esse movimento, na verdade, reflete a articulação do governo visando apoio na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.
O analista de risco político Creomar de Souza, também colunista do MyNews, recordou no Almoço do MyNews desta quinta-feira (10) que Álvaro Antônio era considerado um “bolsonarista de primeira hora” e embarcou no projeto de candidatura de Bolsonaro ainda em 2017. Essa presença valeu a ele um lugar entre os deputados eleitos pelo PSL no pleito de 2018.
Mesmo marcado pelo escândalo das candidaturas laranjas no PSL, Álvaro Antônio seguiu firme no cargo. No entanto, a busca por controle no Congresso levou o governo a abrir mão do aliado na Esplanada dos Ministérios.
“O governo Bolsonaro tem muita preocupação com os destinos da presidência da Câmara dos Deputados. E aí demitiu um ministro para dois processos ao mesmo tempo: um deles é que o ministro volta para a Câmara e pode votar a favor do candidato do governo, e o outro é que o governo já sinaliza que abriu a temporada de entrega de fatias do governo para aqueles parlamentares que apoiarem o candidato governista”.
Incomodado com a saída iminente do cargo, Antônio tirou satisfações com outro ministro, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), responsável pela articulação política do Planalto. Ramos recebeu aval do presidente para oferecer a pasta do Turismo a um integrante do Centrão.
A escaramuça entre ambos acabou por abreviar a passagem de Álvaro Antônio pelo ministério, comandado neste momento por Gilson Machado, que era presidente da Embratur.
Além do “Laranjal do PSL”, Creomar cita que outra marca da passagem de Álvaro Antônio pela pasta do Turismo é a falta de incidência de políticas públicas para a área.
O nome preferido do Planalto para a disputa é o do deputado Arthur Lira (PP-AL), que deve ter entre seus adversários um parlamentar apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele, que sonhava com a possibilidade de tentar se reeleger ao cargo, acabou barrado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e agora tenta emplacar um aliado como substituto.
“Será um ano muito difícil para o governo, que tem dificuldade para estabelecer prioridades e diagnósticos”, aponta Creomar sobre 2021. Por esse motivo, segundo o analista, o Planalto tem grande interesse em ter um aliado no comando da Câmara.