Além de investigar contratos irregulares, CPI da Pandemia vai convocar novamente pessoas que mentiram em depoimento
por Juliana Cavalcanti em 29/07/21 14:18
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD/AM), adiantou que a comissão desenvolverá sete caminhos de investigação no retorno às atividades, que acontece no próximo dia 3 de agosto. Estão nessa lista os contratos do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos, com a VTC Log, com a Davati, os contratos com dispensa de licitação no valor de R$ 2,5 bilhões com hospitais do Rio de Janeiro, as fake news e mais dois caminhos que o senador não quis adiantar.
Os rumos da CPI da Pandemia foram o assunto do Quarta Chamada – que contou com a apresentação de Mariliz Pereira Jorge e a participação de Mara Luquet, Juliana Braga e Cecília Oliveira. Aziz afirmou que três crimes já estão comprovados: crime contra a vida, crime sanitário e crime de prevaricação.
O senador disse que espera que a CPI da Pandemia faça algumas acareações com pessoas que faltaram com a verdade em seus depoimentos. “O general Pazuello foi o que mais mentiu na CPI. De uma forma bastante acintosa. Uma delas quando disse que nunca tratava sobre vacina e descobrimos que tratou com duas. Se você analisar as vacinas que nós tínhamos na mão, de qualidade, e o Ministério da Saúde não deu nem bola, nem respondeu – mais de 100 e-mails da Pfizer não foram respondidos – mas quando chegou a Covaxin o negócio foi rápido”, relembrou o senador amazonense.
Além do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Omar Aziz disse que deseja fazer acareações com a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades; com William Amorim Santana – servidor do Ministério da Saúde que verificou inconsistências no contrato do ministério com a Precisa; o tenente-coronel Élcio Franco – ex-secretário executivo do Ministério da Saúde e que estaria envolvido na negociação da vacina indiana Covaxin; e o deputado Luís Miranda (DEM/DF) – que afirmou ter comunicado ao presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades na compra da Covaxin e inclusive teria uma gravação dessa reunião – o que, se confirmado, implicaria Bolsonaro em crime de prevaricação.
Apesar de Luís Miranda dizer que não tem mais a gravação, que teria sido perdida quando o irmão, o servidor da Saúde Luís Ricardo Miranda, trocou de telefone, Osmar Aziz acredita que a gravação exista. “Acredito que ele tem a gravação porque o presidente nunca desmentiu. Se você diz que tem uma gravação comigo e eu tenho certeza que você não tem, eu vou dizer que você está mentindo”, afirmou o senador.
Aziz lembrou que o Brasil poderia ter contratado uma quantidade de vacinas suficiente para imunizar 50% da população com antecedência, através do consórcio Covax Facility – que foi oferecido ao país ainda em 2020, mas o governo federal recusou a oferta. Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, apontou que mais de 200 mil vidas poderiam ter sido salvas se a vacinação tivesse começado previamente e se as medidas sanitárias adequadas tivessem sido tomadas pelas autoridades sanitárias do país.
“A gente só não vai ouvir o presidente porque não pode. Mas qualquer membro desse governo que esteja envolvido e citado, será ouvido. Alguns militares que foram citados não estavam na ativa; estavam na administração pública civil. Independente de patente, vão ter que pagar pelo que fizeram. O que não dá é pra achar que podem nos intimidar”, disse o senador.
Sobre a atenção da sociedade aos desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito, o senador Omar Aziz entende que se deve ao fato de que a pandemia do Covid-19 afetou a vida de todas as pessoas. “Essa CPI é diferente. Ela está na casa de cada brasileiro. Todos nós perdemos alguém; um parente, um amigo, um conhecido, um colega de trabalho. E isso mexeu muito com os brasileiros. Você tem 550 mil mortos e tem milhões de sequelados. Pessoas que vão passar o resto da vida precisando de um atendimento médico”, completou.
O senador finalizou, dizendo que a CPI não terá um relatório preliminar e que todos os esforços serão para encaminhar o relatório final para que os órgãos competentes tomem as medidas cabíveis.
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