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Política

Presidente na berlinda

Pressionado sobre impeachment, Bolsonaro diz que continua mandato ‘se Deus quiser’

Presidente volta a recorrer aos céus em questionamento sobre possível processo de afastamento

por Rodrigo Borges Delfim em 21/01/21 13:58

As seguidas crises e falhas na condução da resposta à pandemia de Covid-19 têm elevado a pressão sobre Jair Bolsonaro (sem partido) e colocam em debate um possível impeachment do atual presidente.

“Se Deus quiser, vou continuar o meu mandato, e, em 2022, o pessoal escolhe”, disse Bolsonaro a apoiadores na quarta-feira (20), diante do Palácio da Alvorada, a residência oficial presidencial.

Não é a primeira vez que o presidente recorre aos céus para responder a questionamentos sobre seu governo. Na última sexta-feira, (15) em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, Bolsonaro disse que “só Deus” o tira do Palácio do Planalto.

O presidente Jair Bolsonaro, que costuma atacar a imprensa em suas declarações
O presidente Jair Bolsonaro, que costuma atacar a imprensa em suas declarações.
(Foto: Alan Santos/PR)

‘Caldo de cultura’ para impeachment

Em participação no programa Segunda Chamada, do MyNews, na última segunda-feira (18), a deputada estadual e ex-aliada Janaina Paschoal (PSL-SP) diz que vê “um caldo de cultura” se formar em torno de um processo de impeachment.

Esse “caldo de cultura” vem ganhando cada vez mais corpo. Ao todo já são 61 pedidos de impeachment contra Bolsonaro já protocolados na Câmara dos Deputados. Destes, nada menos que 54 deles foram feitos após o início da pandemia, em março de 2020.

Uma iniciativa intitulada Termômetro do Impeachment já mapeou 111 deputados federais que se manifestaram abertamente a favor do afastamento de Bolsonaro e 57 contrários. Há ainda 345 parlamentares que não se manifestaram sobre o tema.

Ao todo a Casa conta com 513 parlamentares e são necessários ao menos 342 votos para que o processo de impeachment seja aberto e siga para o Senado, que dá o parecer final.

De acordo com Creomar de Souza, analista de risco político do MyNews, “nesse exato momento”, ainda não há clima para o desenvolvimento do processo em Brasília. “Podemos afirmar, com segurança, o fato de que governo tem sofrido muita pressão: a liberação das vacinas pela Anvisa, o ato simbólico do governador de São Paulo, João Doria, de fazer a primeira vacinação e roubar essa narrativa do presidente Bolsonaro, e a dificuldade enorme do governo em construir alternativas que explicassem as escolhas estratégicas mal pontuadas nesse aspecto”, explicou.

O analista afirmou ainda que “o contexto de isolamento externo, somados a equívocos internos, cria uma situação muito ruim, e parece que o presidente sentiu o impacto, o golpe dessa situação, mas não vemos, ainda, elementos para que um processo de impeachment seja iniciado”.

O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deixa a presidência da Casa em 1º de fevereiro, diz que o andamento fica para seu sucessor, mas considera “inevitável” que o processo seja discutido pelos parlamentares em um futuro próximo.

Embora viva às turras com o presidente, Maia é criticado por não ter dado andamento a nenhum dos pedidos de impeachment já protocolados na Câmara contra Bolsonaro.

Cenário externo ruim

Além das críticas quanto à resposta à pandemia e os seguidos ataques contra a imprensa e o próprio sistema democrático, Bolsonaro vê um cenário cada vez mais negativo para seu governo no ambiente externo.

A posse de Joe Biden como presidente do Estados Unidos agrava esse cenário, uma vez que o governo Bolsonaro nutria forte identificação com o antecessor, Donald Trump. Sem o republicano, a diplomacia bolsonarista fica cada vez mais internacionalmente isolada em suas políticas de cunho negacionista, especialmente na área ambiental.

Um exemplo dos efeitos dessa má imagem externa do Brasil — e que também tem pesado contra Bolsonaro no contexto interno — é expressa na questão das vacinas. Os atropelos, informações desencontradas e falas polêmicas que emanam do Itamaraty sob a gestão de Ernesto Araújo — um dos representantes da chamada “ala ideológica” do governo Bolsonaro, com aprovação do presidente — já comprometem o recém-iniciado programa de imunização brasileiro, que sofre com falta de insumos médicos para a produção das vacinas.

A falta de habilidade diplomática do governo é apontada como uma das culpadas pela situação, já que prejudicou as relações com dois dos principais fornecedores globais desses insumos, a China e a Índia.

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