Ao retirar microfone e impedir que vereadora se pronunciasse, político incorreu em violência política de gênero
por Redação em 11/10/21 19:52
A sessão da Câmara Municipal de Pedreiras (MA) da última quarta-feira (6) entrou para a história. As imagens do vereador Emanuel Nascimento (PL) retirando o microfone da vereadora Katyane Leite (PTB) viralizaram e causaram indignação em todo o país.
A interrupção aconteceu quando, durante um debate, a vereadora Katyane pede respeito ao vereador. Como mostram as imagens, os dois parlamentares dividiam uma mesa quando ele se levanta, vai até o lugar onde ela está e retira o microfone dela. Katyane ainda tenta argumentar, mas é impedida porque teve o direito de fala interrompido.
No Almoço do MyNews a jornalista Myrian Clark ouviu a deputada federal Fernanda Melchionna (PSol-RS) sobre o caso. “É uma cena lamentável, revoltante e infelizmente não é um raio no céu azul. Mais um caso gravíssimo e reiterado de violência que as mulheres sofrem em todos os espaços. Esse é ainda mais extremado porque o vereador, efetivamente, consegue interromper o direito de fala, tira o microfone duas vezes, além de agredi-la verbalmente”.
A deputada aponta que tanto essa agressão à vereadora, quanto o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Projeto de Lei que prevê a distribuição gratuita de absorventes para pessoas em situação de rua, estudantes de baixa renda e pessoas que menstruam em restrição de liberdade, também fazem parte de uma lógica machista e patriarcal.
De acordo com Fernanda Melchionna, ao vetar o projeto de lei dos absorventes, o presidente também atua de uma maneira misógina. “Inviabiliza, na prática, mulheres ou pessoas que menstruam de participarem da vida social e cultural”, diz, ressaltando os problemas de saúde causados pelo uso de jornal e outros meios para conter o sangramento menstrual.
Tatiana Daiana Ferreira, presidente da Comissão de Direitos Sociais e Trabalhistas da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB-MG), explica os crimes cometidos pelo vereador Emanuel do Nascimento ao retirar o microfone da colega Katyene Leite.
“Em agosto de 2021 foi sancionada a lei 14.192, que trata da violência política de gênero. No artigo terceiro, a lei considera violência toda ação com a finalidade de impedir, obstacular ou restringir os direitos políticos da mulher”. Ferreira ainda questiona se a conduta do vereador teria sido a mesma caso ele estivesse discutindo com um homem.
Num vídeo gravado com a deputada estadual do Maranhão Mical Damasceno (PTB), a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também afirmou que o caso foi de violência política e prestou solidariedade à vereadora Katyane.
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