Arquivos Amazônia - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/amazonia/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Mon, 10 Feb 2025 06:48:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Bactérias da Amazônia podem ajudar a desenvolver novos remédios https://canalmynews.com.br/noticias/bacterias-da-amazonia-podem-ajudar-a-desenvolver-novos-remedios/ Wed, 12 Feb 2025 17:30:42 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=50752 Pesquisa focada em encontrar compostos antibióticos e antitumorais coleta, no Pará, amostras de solo e espécies que não podem ser criadas em laboratório

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Parte da pesquisa de fármacos no Brasil envolve levar amostras de solo de Belém (PA) para um laboratório maior que um estádio de futebol em Campinas (SP). Lá, os cientistas utilizam o acelerador Sirius, o maior microscópio da América do Sul, para estudar genes de bactérias e as substâncias que elas produzem. A pesquisa foca em encontrar compostos antibióticos e antitumorais, e os primeiros resultados foram publicados em dezembro em uma revista internacional.

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O motivo dessa viagem do solo amazônico é a parceria entre o CNPEM e a Universidade Federal do Pará (UFPA). O trabalho de campo começou recolhendo amostras de solo dos interiores do Parque Estadual do Utinga, reserva de conservação constituída em 1993 e que conta com áreas restauradas e áreas sem intervenção humana recente. O grupo investigou três espécies bacterianas das classes Actinomycetes e Bacilli isoladas, de solo da Amazônia, compreendendo bactérias do gênero Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus.

O passo seguinte se deu quando os pesquisadores do laboratório EngBio, da UFPA, liderados por Diego Assis das Graças, usou o sequenciador PromethION, da Oxford Nanopore (Reino Unido), “que se destaca por gerar leituras de alta qualidade, permitindo o sequenciamento de genomas complexos com alta produção de dados e baixo custo. A tecnologia de sequenciamento baseada em nanoporos permite a análise em tempo real e a leitura direta de DNA. Além disso, sua portabilidade e flexibilidade o tornam adequado para aplicações em laboratório e campo”, explicou Diego, que é um dos autores do primeiro artigo escrito a partir dessa fase da pesquisa.

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Com esse sequenciamento, foi possível olhar para os genes e entender como eles atuam na construção de enzimas, e os caminhos que as tornam moléculas mais complexas. Metade delas era desconhecida.

“Estas moléculas são o foco dos nossos estudos, pois têm grande importância para desenvolvimento de fármacos e medicamentos. Por exemplo, mais de 2/3 (dois terços) de todos os fármacos já desenvolvidos no mundo têm origem em moléculas pequenas naturais, os metabólitos secundários ou metabólitos especializados”, explicou a pesquisadora Daniela Trivella, coordenadora de Descoberta de Fármacos do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências).

A análise dos dados foi feita também no LNBio e utilizou o Sirius. Esse sequenciamento é muito mais acessível, em termos de custos e tempo, do que era há uma ou duas décadas. Com isso, é possível analisar o que Trivella explicou serem bactérias “selvagens”, ou seja, aquelas encontradas na natureza. A estimativa atual é que menos de 1 em cada 10 espécies de bactérias selvagens sejam cultiváveis em laboratório, e quando o são menos de 10% dos genes que carregam são expressos em laboratório. Todo o resto é “perdido” para a ciência, sem estes métodos de ponta. “Então, existem muitas bactérias que ainda não conhecemos e muitos produtos naturais que não conseguíamos produzir em laboratório, ou os produzíamos em baixíssimo rendimento”, completou Daniela.

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Em resumo, o lugar importa, e muito. “Os agrupamentos de genes biossintéticos são responsáveis pela produção de substâncias com potencial biológico, como medicamentos. Mesmo em organismos já estudados, como as bactérias do gênero Streptomyces, vimos que ainda há muitas substâncias desconhecidas nos exemplares isolados do solo da Amazônia. Isso mostra como o ecossistema é essencial para novas descobertas. A Amazônia, nesse sentido, continua sendo uma área rica e pouco explorada para desenvolver novos produtos”, disse em nota outro dos participantes, o pesquisador Rafael Baraúna (EngBio-UFPA), que coordenou o trabalho pela UFPA.

O passo final foi levar a produção para uma escala de laboratório. Entendendo quais os genes que produzem cada substância, com uma técnica avançada chamada metabologenômica, os pesquisadores “convenceram” espécies de bactérias de manejo comum no laboratório a aceitarem esses genes e produzirem as substâncias, produzindo quantidades que possam ser testadas e trabalhadas. “Com o DNA codificante alvo, a bactéria domesticada, que não produzia o metabólito de interesse, passa a produzi-lo, pois recebeu artificialmente a sequência de DNA que vimos na floresta. Assim temos acesso a esta molécula para desenvolver novos fármacos a partir dela. Ou seja, um acesso a novas moléculas a partir de uma rota biotecnológica”, disse Trivella.

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Esse conjunto de testes não isola uma ou duas moléculas. Com toda a estrutura do CNPEN um laboratório dedicado, como o LNBio, pode realizar até 10 mil testes em um único dia. Essa velocidade compete com outra, voraz, a da devastação. O ano de 2024 teve o maior número de queimadas e incêndios na Amazônia nos últimos 17 anos. Para tentar ajudar na corrida, pelo lado da ciência, os investimentos para pesquisas no bioma, anunciados na última reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) estão no patamar de R$ 500 milhões nesta década, com potencial de ajudar a valorizar economicamente o território e sua cobertura original.

Como parte dos alvos são moléculas para tratar infecções e tumores, o retorno tem potencial superior ao dos investimentos. “Todos estes métodos estão condensados na Plataforma de Descoberta de Fármacos LNBio-CNPEM. Esta plataforma realiza a pesquisa em novos fármacos, indo desde a preparação de bibliotecas químicas da biodiversidade e seleção de alvos terapêuticos para o desenvolvimento de fármacos, até a obtenção da molécula protótipo (a invenção), que então passa por etapas regulatória para chegar na produção industrial e aos pacientes na clínica”, ilustra Trivella. Segundo ela as próximas fases da pesquisa levarão as equipes de campo longe até de Belém, para a Amazônia oriental. Lá esperam confirmar o potencial imenso de novas moléculas do bioma e comeár a entendê-lo ainda melhor.

Esse trabalho faz parte de um esforço maior para criar um centro de pesquisa multiusuário na UFPA, apoiado pelo CNPEM e por projetos nacionais como o Iwasa’i, recentemente implementado no contexto da chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 19/2024 – Centros Avançados em Áreas Estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica – Pró-Amazônia.

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Assista abaixo ao MyNews Entrevista com a jornalista Camilla Lucena e o biólogo e ecologista Lucas Gonçalves:

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Presos dois suspeitos de provocar incêndios na Amazônia https://canalmynews.com.br/noticias/presos-dois-suspeitos-de-provocar-incendios-na-amazonia/ Tue, 01 Oct 2024 19:54:10 +0000 https://localhost:8000/?p=47245 Envolvidos são acusados por desmatamento, impedimento de regeneração e por provocarem incêndio em uma área de 950 hectares de terras públicas

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Uma operação deflagrada pela Superintendência da Polícia Federal (PF) no Acre para o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão por crimes ambientais resultou na prisão de duas pessoas no município de Boca do Acre, no Amazonas. Os suspeitos são acusados pelos crimes de desmatamento, impedimento de regeneração e de provocarem incêndio em uma área de 950 hectares de terras públicas federais na Amazônia.

Durante a Operação Smoke (fumaça em inglês), foram apreendidas 1,1 mil cabeças de gado, um veículo automotor e duas armas de fogo.

Segundo o delegado Ytalo Fernandes de Albuquerque, a ação teve início a partir de um monitoramento realizado por meio de sistemas de segurança que identificaram a área desmatada, na divisa entre os estados do Acre e do Amazonas. “Trata-se de uma gleba da União que foi possivelmente invadida pelos responsáveis, que a desmataram em um espaço muito curto de tempo e, posteriormente, usaramo fogo para limpeza e formação de pasto”, disse o delegado federal.

Ytalo Albuquerque informou que a operação é uma das ações previstas no Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Desmatamento e tem por objetivo identificar os responsáveis e financiadores das queimadas, além de prevenir novos ilícitos e garantir a preservação do bioma Amazônia.

“Esta é a sexta operação deflagrada pela Polícia Federal nos últimos 15 dias. Desde o momento em que se iniciaram essas operações, já percebemos, através dos sistemas, que o número de queimadas e focos de incêndio vêm se reduzindo”, acrescentou.

Assista abaixo ao MyNews Entrevista com Marina Silva:

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Marina Silva: Não podemos adotar fundamentalismo fiscal que diz ‘deixe o Brasil queimar’ https://canalmynews.com.br/opiniao/marina-silva-nao-podemos-adotar-fundamentalismo-fiscal-que-diz-deixe-o-brasil-queimar/ Wed, 25 Sep 2024 17:02:58 +0000 https://localhost:8000/?p=47055 Em entrevista ao MyNews, ministra defendeu que o combate a desastres ambientais é urgente e não pode ser tido como menos importante do que o orçamento

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Não podemos ter uma visão de fundamentalismo fiscal sobre a ação do governo contra as queimadas. Foi o que afirmou ao MyNews a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que conversou nesta semana com a jornalista Mara Luquet diretamente de Brasília.

Para Marina, a meta fiscal é fundamental para qualquer país que queira estabilizar a economia e atrair investimentos. Apesar disso, o combate a desastres ambientais é urgente e não pode ser tido como menos importante do que o cumprimento da meta fiscal.

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O Brasil encerrou o mês de agosto de 2024 com o pior número de queimadas em 14 anos. Foram 68.365 ocorrências — o quinto maior da série histórica, iniciada em 1998, e uma alta de 144% em relação ao mesmo período de 2023.

Setembro já ultrapassou o número de focos de incêndio de agosto e é, até o momento, o pior mês deste ano quanto ao número de queimadas. O mês acumula 76.389 focos de incêndio. Em 2024, são 203.440 ocorrências do tipo.

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“A meta fiscal não é um problema. O que é uma pedra no caminho é o fundamentalismo fiscal. Você não pode imaginar que um país em chamas, um estado destruído como o Rio Grande do Sul não devesse ter R$ 80 bilhões de ajuda para sua reconstrução”, disse Marina.

“Você tem que sair do fundamentalismo religioso e tirar esse recurso de dentro da meta. Não podemos ter uma visão de fundamentalismo religioso que diz: ‘Deixe o Brasil queimar'”, acrescentou a ministra, ressaltando que mais recursos devem ser liberados ao longo dos próximos meses de seca.

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Em agosto, o governo autorizou crédito extraordinário de R$ 170 milhões para ações de combate às queimadas. Depois, em setembro, mais R$ 514 milhões. Segundo Marina, não há “fundamentalismo fiscal” no governo.

A ministra endossou a postura do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que cobrou ações mais efetivas do governo federal e autorizou gastos fora das regras de responsabilidade fiscal para combater as queimadas. Em 19 de agosto, ele afirmou que as medidas para combater o surto de queimadas no país tentam “evitar o fim do mundo” e que “nunca viu alguém parar uma guerra por teto fiscal”.

Assista à entrevista na íntegra:

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Orçamento sem limite https://canalmynews.com.br/outras-vozes/orcamento-sem-limite/ Wed, 18 Sep 2024 18:46:59 +0000 https://localhost:8000/?p=46791 Supremo autorizou o pagamento de despesas relacionadas ao combate a incêndios e à seca na Amazônia e no Pantanal fora da meta de resultado primário

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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADPF 743, autorizou o pagamento de despesas relacionadas ao combate a incêndios e à seca na Amazônia e no Pantanal fora da meta de resultado primário. Após a decisão, o governo anunciou a abertura de um crédito extraordinário de R$ 514 milhões para essa finalidade, mas não há garantias de que os gastos parem por aí. Como o STF não especificou nenhum limite, o cheque está em branco.

A justificativa por trás da decisão usa uma falsa dicotomia entre responsabilidade ambiental e responsabilidade fiscal. Segundo a decisão do STF, em momentos críticos como o atual, a responsabilidade ambiental deveria prevalecer sobre a fiscal.

Você talvez já tenha ouvido narrativa parecida antes, provavelmente por meio do propagado confronto entre responsabilidade social e responsabilidade fiscal. Esse tipo de disputa é apenas um espantalho, pois não existe de verdade, mas é útil para justificar gastos sem cortes em outras áreas.

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Para quem quiser explorar alternativas, o modelo é simples: escolha um adjetivo que qualifique a responsabilidade (sugestão: busque algo na Constituição) e faça parecer que ela é incompatível com a responsabilidade fiscal.

Os créditos extraordinários já existem para atender a situações urgentes e imprevisíveis, como as que enfrentamos agora. Nesse contexto, a decisão do ministro do STF de autorizar as despesas com emergência ambiental por meio de créditos extraordinários tem pouca relevância.

O problema não está na viabilização do gasto, mas no impacto que ele causa no resultado, o que exige compensação futura. Por essa razão, o crédito extraordinário é uma exceção à regra que limita as despesas primárias, mas não à que fixa a meta de resultado primário, garantindo que o aumento de despesas seja compensado, em algum momento, com o incremento temporário de receitas ou o contingenciamento de despesas menos prioritárias.

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Se o objetivo é criar uma exceção à meta fiscal, isso deve ser feito por quem aprova o orçamento e define a própria meta: o Congresso. É importante lembrar que, em 2023, o Congresso determinou que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não seria mais uma via possível para a criação de exceções à meta fiscal, fechando uma porta historicamente utilizada pelo governo federal para flexibilizar suas regras.

Em casos extremos, como na pandemia, a legislação também permite a suspensão temporária da meta fiscal, desde que aprovada pelo Congresso Nacional.

Porém, recorrer ao Legislativo exige tempo e esforço político. Cortar despesas para compensar o impacto de um crédito extraordinário tampouco é uma tarefa fácil. Com isso, o caminho mais simples tem sido acionar o Judiciário, evitando assim o desgaste de negociações e tramitações no Congresso.

A recente decisão de Flávio Dino se aproveita de uma fresta aberta no fim de 2023, quando o STF permitiu o pagamento de passivos de precatórios fora dos limites das regras fiscais. O precedente está lançado, e qualquer governo que queira gastar sem se prender às regras fiscais já sabe a quem recorrer.

O risco desse tipo de decisão é evidente: ao transformar qualquer responsabilidade constitucional em um argumento para flexibilizar as normas fiscais, abre-se espaço para que o STF seja acionado novamente com uma justificativa conveniente. No entanto, é o equilíbrio entre a responsabilidade fiscal e os demais compromissos do Estado que realmente controla o incêndio dos gastos públicos.

Veja debate sobre as queimadas pelo Brasil e reflexos na política e na saúde:

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‘Vi a Amazônia queimando’: ela virou jornalista ambiental depois de um ritual xamânico, mas um burnout a fez recalcular a rota https://canalmynews.com.br/brasil/vi-a-amazonia-queimando-ela-virou-jornalista-ambiental-depois-de-um-ritual-xamanico-mas-um-burnout-a-fez-recalcular-a-rota/ Fri, 19 Jul 2024 16:29:01 +0000 https://localhost:8000/?p=44970 Ao longo de cinco anos, Karina Miotto viu de perto o sofrimento dos povos originários da floresta e chegou a receber ameaças por escrever reportagens de denúncia

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O início da carreira da jornalista e ativista ambiental Karina Miotto foi marcado por uma crise de identidade. Ela sabia que queria ser jornalista, mas desejava trabalhar com propósito. Precisava de um norte. Então, certo dia, uma experiência xamânica com ayahuasca escancarou o óbvio.

Após cinco anos morando na Amazônia, escrevendo reportagens de denúncia, vendo de perto o sofrimento dos povos originários e enfrentando ameaças, Karina teve um quadro de burnout, e decidiu que era hora de ir embora. Hoje, segue firme no ativismo, mas recalculou a rota. Ela escreveu um livro sobre tudo o que passou — Changemakers, a coragem de transformar o mundo —, a ser lançado neste domingo (21), em São Paulo. Ao MyNews, ela conta sua história:

 

“Eu estava perdida. Sabia que queria ser jornalista, mas não sabia para quê. Até então, já havia passado pelos principais veículos do país, como as revistas do grupo Abril e o jornal Folha de São Paulo, mas não me identificava com nenhuma pauta que fazia. Desejava trabalhar com propósito. E então, em um ritual xamânico, tive a resposta que tanto buscava.

Sempre fui uma pessoa muito conectada com a natureza. Era óbvio que eu precisava trabalhar com isso, mas, por algum motivo, não conseguia enxergar essa possibilidade. No dia do ritual, tudo ficou muito claro. Foi minha segunda experiência com a ayahuasca.

Eu estava com um grupo de pessoas na Serra do Mar. Depois de tomar o chá, nos foi proposto um exercício: pegar uma cadeira, colocá-la sobre as costas e andar, em silêncio, até o topo de uma montanha. Assim fizemos. Ao longo da caminhada, comecei a sentir uma energia muito forte entrando pelos meus pés. Essa energia me atravessou. Percorreu meu corpo todo, saiu pelo topo da minha cabeça e começou a vir em ondas.

Quando olhei para o lado, vi uma montanha. Ela não era mais só uma montanha, era a Dona Montanha. Enxerguei a entidade ali, o ser. Olhei para as árvores. Comecei a sentir a energia de cada uma, como indivíduos. A brisa parecia me acariciar o rosto. Olhei para uma formiga que carregava uma folha nas costas e comecei a chorar. Pensei, comigo: ‘Qual é a diferença entre nós? Você, aí, carregando essa folha. Eu, carregando essa cadeira.’

Chegando no topo da montanha, decidi sentar perto de um enxame de abelhas. Parece loucura, mas eu tinha certeza, no íntimo, de que elas não iriam me ferroar. Nesse lugar, havia várias flores silvestres amarelas. Quando bati o olho em uma delas, ouvi uma voz dentro da minha cabeça: ‘Karina, cuida da gente’. E então eu entendi. Nesse momento, tudo ficou mais do que claro. Fui embora daquele ritual com a certeza de que jamais faria uma reportagem que tivesse outro intuito a não ser o de beneficiar a natureza.

Vista da Serra do Mar em Ubatuba (SP)

Vista da Serra do Mar, em Ubatuba (SP) | Foto: Wikipédia

Saindo de lá, enviei uma mensagem a todos os repórteres e editores do site O Eco. Ninguém me respondeu. Então descobri que o diretor desse veículo também havia passado por um processo parecido — de ter escrito para vários lugares até entender que o caminho dele era cuidar da natureza por meio do jornalismo. Pensei: ‘É isso’. Mandei uma mensagem. Ele me respondeu que estava com a vida corrida, que iria viajar a São Paulo na quarta-feira seguinte e que depois me escreveria. Não me contentei.

Sem avisar, peguei um táxi e fui encontrá-lo no aeroporto. Em um pedaço de papel, escrevi o nome dele e fiquei lá, esperando. Em determinado momento, ele sai por uma porta, vê a placa e dá risada. Olha para mim e diz: ‘Estou impressionado’. E foi assim que virei repórter freelancer d’O Eco.

No início, continuei morando em São Paulo e escrevendo sobre os problemas que via por aqui. Em paralelo, segui participando de rituais com ayahuasca e me conectando com a espiritualidade. Até que, certo dia, tive outra visão, que novamente mudaria o rumo de tudo.

Eu vi a Amazônia queimando. Em um plano, via as árvores queimando desde a base, o fogo subindo e elas sendo tombadas. Os animais correndo. Em outro, via um céu esfumaçado, cinza e laranja. Os planos se alternavam entre si.

Vista da natureza em chamas, gerada por Inteligência Artificial (IA)

Vista da natureza em chamas (imagem gerada por Inteligência Artificial) | Foto: Freepik

A visão conectou a minha dor com a dor da Amazônia. Me fez sentir a floresta como um ser. Eu sentia a dor das árvores, dos animais. E então, ouvi novamente, dentro de mim, uma voz: ‘Venha. Você está pronta agora’. Gosto de dizer que aquilo não foi um convite para um chá da tarde. Foi uma convocação. E, ali, eu já não tinha mais nenhuma dúvida.

Cheguei em casa e chorei por uma semana seguida, lembrando da visão do ritual, que ainda estava muito vívida. Avisei meus pais que me mudaria para Manaus dali a seis meses. Tudo fluiu magicamente, como se a espiritualidade estivesse do meu lado.

Certo dia, uma colega do Eco me chamou para ir a uma conferência de imprensa do Greenpeace. Lá, conheci a diretora da organização, que me convidou para ser voluntária na Amazônia, com tudo pago. Avisei meus editores d’O Eco, que logo manifestaram interesse de me ter como correspondente. Aceitei a proposta.

Karina Miotto

Karina Miotto boia nas águas de um rio na Amazônia | Foto: Arquivo pessoal

Morei na Amazônia entre 2006 e 2012. Ao todo, foram cinco anos, porque fiz uma pausa de um ano para ir aprender inglês nos Estados Unidos. Durante o tempo trabalhando na floresta, fiz inúmeras reportagens de denúncia. Escrevia sobre o desrespeito aos povos originários e a destruição do ecossistema.

Os problemas ambientais são inúmeros. Não é só o desmatamento, como muitas pessoas pensam. É retirada ilegal de madeira, barragem em rio, invasão de terra indígena. Fora o problema da violência. Eu mesma já cheguei a ser ameaçada.

Com o tempo, o sentimento de impotência diante de tanto sofrimento foi me consumindo, e comecei a adoecer. Ao mesmo tempo em que escrevia reportagens de denúncia para O Eco, também trabalhava em uma ONG para impedir a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que afetaria comunidades ribeirinhas da região.

A gota d’água do meu esgotamento emocional se deu no dia em que entrei em uma comunidade e uma senhora, bastante abalada, veio falar comigo. Com lágrimas nos olhos, ela disse: ‘Karina, por favor, nos ajude a salvar a nossa terra’. E eu sabia que a terra dela seria alagada. Ver aquela cena me destruiu.

Demorei a entender o que estava acontecendo comigo. Naquela época, não se falava em burnout, ainda mais em ativistas. Eu soube que tinha algo de muito errado comigo quando percebi que já não estava mais feliz. Não conseguia sentir alegria ou entusiasmo. Meu mundo ficou preto e branco. Então decidi que era a hora de ir embora.

Saí da Amazônia e fui morar no Rio de Janeiro. Lá, fiz cursos e aprendi sobre Ecologia Profunda. Percebi que, para salvar a Amazônia, eu precisava despertar a conexão emocional das pessoas com a floresta. Então criei o Reconexão Amazônia, um projeto pioneiro para promover o despertar emocional das pessoas em relação à floresta. Dali em diante, eu seria como o beija-flor da fábula, que joga uma gotinha de água na floresta pegando fogo. Faria a minha parte, à minha maneira.

Em 2019, uma paixão avassaladora me fez sair do Brasil para ir morar na Austrália. O relacionamento não deu certo, mas continuei morando lá mesmo assim. Ao longo de cinco anos vivendo no país, escrevi um livro sobre tudo o que passei. No fim, acho que eu precisava desse distanciamento.

Ainda na Amazônia, e depois do burnout, participei de vários rituais com ayahuasca, mas nunca obtive uma resposta. Nunca entendi o por quê de ter passado por tudo isso. Pensando bem, foi melhor assim. Se eu tivesse entendido tudo logo de cara, teria tomado outros caminhos. E esse livro provavelmente não existiria.”

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Após chuva no RS, país se prepara para seca na Amazônia https://canalmynews.com.br/noticias/apos-chuva-no-rs-pais-se-prepara-para-seca-na-amazonia/ Wed, 22 May 2024 16:29:37 +0000 https://localhost:8000/?p=43295 Alerta foi feito pela secretária nacional de Mudança do Clima

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Publicado em 22/05/2024 – 13:21 Por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Mesmo com os trabalhos de resposta às enchentes no Rio Grande do Sul ainda em andamento, o governo brasileiro já se preocupa com a ocorrência de novo evento climático extremo no país. Segundo a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, uma seca “muito terrível” está prevista para ocorrer em breve na Amazônia.

“O governo já está tentando se adiantar, entendendo que municípios provavelmente vão ser atingidos, que tipo de prevenção [será necessária]. Isso está sendo liderado pelo Ministério da Integração Regional, onde está a Secretaria [Nacional] de Defesa Civil, já pensando em ações de prevenção”, afirmou Ana, em seminário do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) sobre descarbonização da economia, no Rio de Janeiro.

Na última semana, a Defesa Civil do Amazonas divulgou alerta de que a estiagem este ano no estado deve ser tão ou mais severa que a registrada em 2023. A orientação é para que pessoas estoquem água, alimentos e medicamentos a fim de que possam enfrentar o período mais crítico da seca.

A estiagem na Amazônia ocorre no segundo semestre, com o pico da vazante dos principais rios da região se concentrando entre os meses de outubro e novembro. Em 2023, a Amazônia já havia enfrentado uma das piores secas de sua história, com grande redução do nível dos rios, o que prejudicou o transporte para comunidades ribeirinhas e, consequentemente, seu acesso a água, comida e remédios.

Estudos indicaram que a principal causa para o fenômeno foi a mudança do clima, decorrente de ação humana. De acordo com a secretária, os eventos extremos provocados por essas mudanças climáticas mostram que não basta apenas mitigação e adaptação, mas é necessário também ter recursos para reconstruções.

“Tem o custo da mitigação. Tem o custo da adaptação das cidades brasileiras, da infraestrutura, da energia, da agricultura. Mas a gente já está vivendo o custo das perdas e danos”, destacou Ana Toni. “Nesse desastre, que está acontecendo agora no Rio Grande do Sul, provavelmente vai precisar de algo entre R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões [para reconstrução do estado]”.

A necessidade financiamento para reconstrução é uma preocupação também do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A gente precisa criar [com bancos multilaterais] uma solidariedade e fundos para reconstrução. Imagina se esse dilúvio [do RS] tivesse caído no Uruguai? Como eles sairiam dessa sozinhos?”, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.

Ele lembrou que os bancos públicos precisarão de recursos para financiar a reconstrução de locais atingidos por eventos extremos e disse que o banco deve realizar uma série de seminários para discutir experiências internacionais nessa área.

“Estaremos, segunda-feira, operando uma linha de R$ 5 bilhões no Rio Grande do Sul, com todos os bancos parceiros. Entramos com o fundo garantidor de R$ 500 milhões, mas precisamos de taxas de juros menores para a reconstrução do Rio Grande do Sul”, disse Mercadante.

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Após criticar acordo com Mercosul, Macron anuncia verba para Amazônia https://canalmynews.com.br/internacional/apos-criticar-acordo-com-mercosul-macron-anuncia-verba-para-amazonia/ Mon, 04 Dec 2023 12:00:25 +0000 https://localhost:8000/?p=41582 "Nos próximos três anos, a França dedicará 500 milhões de euros à sua preservação”, disse Macron

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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste sábado (2) que irá repassar 500 milhões de euros – cerca de R$ 2,68 bilhões – para preservação da Amazônia nos próximos três anos. Macron deu a declaração em uma postagem no X (antigo Twitter).

“Com o Brasil, estamos determinados a preservar as florestas. Nos próximos três anos, a França dedicará 500 milhões de euros à sua preservação”, disse Macron. A declaração veio acompanhada de uma foto dele com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma reunião bilateral na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), nos Emirados Árabes.

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“Se não tiver acordo, paciência”, diz Lula, sobre Mercosul e UE

O anúncio foi feito horas depois de Macron ter criticado o acordo Mercosul União Europeia, que chamou de “incoerente” e em relação ao qual disse ser “totalmente contra”. Ele afirma que o acordo, que vem sendo negociado há décadas, está sendo “mal remendado” na tentativa de ser fechado.

“[O acordo] não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado e que desfaz tarifas”, acrescentou.

Pouco após a fala, que ocorreu em seguida a uma reunião bilateral, o presidente Lula disse que seu homólogo francês tem o direito de se opor. “A França sempre foi um país mais duro para se fazer acordos, porque a França é mais protecionista”, afirmou Lula.

Fundo Amazônia
Na manhã deste sábado (2), também o Reino Unido anunciou a destinação adicional de 35 milhões de libras (cerca de R$ 215 milhões) para o Fundo Amazônia, além dos 80 milhões de libras (R$ 500 milhões) que já havia anunciado em maio.

Assista:

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Militares dos Estados Unidos serão treinados na Amazônia https://canalmynews.com.br/brasil/militares-dos-estados-unidos-serao-treinados-na-amazonia/ Thu, 19 Oct 2023 12:20:45 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40682 Atividades ocorrerão no período de 24 de outubro a 20 de novembro em Belém, no Pará, e nos municípios de Ferreira Gomes, Oiapoque e Macapá, no Amapá

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a entrada no Brasil de um grupo de 294 militares das forças dos Estados Unidos da América (EUA) para participar de exercício combinado com o Exército brasileiro, na Amazônia Oriental. O decreto foi publicado nesta quinta-feira (19) no Diário Oficial da União.

As atividades ocorrerão no período de 24 de outubro a 20 de novembro em Belém, no Pará, e nos municípios de Ferreira Gomes, Oiapoque e Macapá, no Amapá. A Operação Core 23 (Combined Operation and Rotation Exercise) é parte de um acordo de cooperação em matéria de defesa, estabelecido desde 2015 entre os governos dos dois países.

Além do contingente de militares, os norte-americanos entrarão no país com armamentos, acessórios, sensores, sistemas eletrônicos e dispositivos ópticos, equipamentos de comando, controle e comunicação.

Em maio, uma comitiva de militares norte-americanos visitou o Comando Militar do Norte (CMN) para avaliar as condições estruturais e de suprimentos relacionados à saúde e alimentação desses. Na época, foram avaliados o 2º Batalhão de Infantaria de Selva e da 2ª Companhia de Suprimento do 8º Depósito de Suprimento, em Belém; a Companhia Especial de Fronteira de Clevelândia do Norte, no Oiapoque, e o 34° Batalhão de Infantaria de Selva, em Macapá.

De acordo com o Exército Brasileiro, durante a Operação Core 23 as duas forças militares pretendem fazer intercâmbio de experiências sobre técnicas, táticas e procedimentos de defesa. O principal objetivo do exercício é promover a integração e estreitar a cooperação militar entre os países.

Exercícios internacionais
Desde o início deste ano, o Exército tem promovido operações combinadas com as forças militares de outros países como a participação na Operação Fer de Lance, em março, promovida pela Força Armada Francesa. O exercício reuniu, na Guiana Francesa, o Exército, a Marinha e Aeronáutica do Brasil, Suriname e da Guiana.

Na Argentina, a Operação Arandu reuniu os exércitos dos dois países no Campo de Instrução General Ávalos, em Monte Caseros. Nos meses de julho e agosto, as tropas de operações especiais, paraquedistas, aeromóveis e blindadas trocaram experiências militares em planejamento de Estado-Maior.

A última operação internacional antes da Core 23 foi a Paraná III, que reuniu militares de 15 países no Brasil, para exercício de ajuda humanitária. O treinamento teve foco no esforço internacional para medidas de atendimento médico em hospital de campanha, resgate aéreo e fluvial, áreas de deslizamento com vítimas, entrega de suprimentos em áreas de desastre.

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ONS propõe medidas para enfrentar escassez hídrica na Amazônia https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/ons-propoe-medidas-para-enfrentar-escassez-hidrica-na-amazonia/ Thu, 05 Oct 2023 16:24:34 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40331 Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico discutiu ações para região

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Diante da condição crítica de seca na qual se encontra a bacia do Rio Madeira, na Amazônia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou que os órgãos competentes “declarem a situação excepcional e temporária de escassez hídrica para a bacia”.

De acordo com o ONS, a medida é necessária em decorrência dos cenários de previsão meteorológicas que não indicam a melhoria desse panorama nos próximos dias. “Com isso, será possível implementar medidas efetivas urgentes que permaneçam garantindo o suprimento de energia na região”, disse o órgão em nota.

A recomendação foi feita durante a participação do ONS, na quarta-feira (4), na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

O ONS informou ainda que na busca de soluções preventivas, indicou “a retomada da disponibilidade das térmicas Termonorte I e II, instaladas em Porto Velho (RO), para complementação do atendimento ao horário de maior demanda de energia nas regiões Acre e Rondônia”.

Uma outra medida acertada na reunião do conselho é a realização de um estudo sobre resiliência climática do sistema elétrico dos estados do Acre, Rondônia e Amapá. A coordenação caberá à Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (SNTEP/MME), com o apoio do ONS e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“O objetivo desta iniciativa é ampliar a capacidade de manter o atendimento eletroenergético em futuros cenários de escassez hídrica e cheias extraordinárias na bacia do rio Madeira”, informou.

Conforme o ONS, ainda no encontro foi aprovada a terceira revisão do Plano de Substituição do Parque Gerador do Sistema Elétrico de Roraima, acelerando o processo de entrada em operação das usinas vencedoras do leilão da Aneeel e da integração de Boa Vista ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

O ONS destacou que a severa seca em bacias da Região Amazônica, que resulta na mais grave estiagem nos estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas e Amapá é o motivo das decisões excepcionais. “O ONS reforça ainda o seu compromisso com a gestão equilibrada de recursos, considerando sempre nas suas decisões a manutenção da segurança do SIN e a minimização do custo global da operação”.

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Nações admitem os problemas ambientais e urgência no enfrentamento https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/cupula-amazonia-nacoes-admitem-problemas-ambientais/ Fri, 11 Aug 2023 16:38:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38821 Entre os dias 8 e 9 agosto representantes e chefes de Estado das oito nações que têm território no bioma amazônico se reuniram

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Organizações indígenas e ambientais avaliam como “frustrante” a incapacidade dos governos dos oito Países da Amazônia de firmarem metas objetivas para zerar o desmatamento e a exploração de combustíveis fósseis na região. As manifestações ocorreram na sequência do encerramento da Cúpula da Amazônia.

Entre os dias 8 e 9 agosto representantes e chefes de Estado das oito nações que têm território no bioma amazônico se reuniram em Belém, no Pará, para debater temas e unificar metas e posicionamentos em relação à Amazônia. O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, foi o anfitrião do encontro.

As lideranças políticas da pan-amazônia buscam fortalecer um bloco que tenha maior participação nos debates internacionais a respeito da crise climática e nas definições de regras que são obrigados a cumprir, relacionadas às florestas tropicais e suas populações tradicionais.

Outro objetivo do evento era fortalecer a OTCA (Organização dos Tratado se Cooperação Amazônica). O tratado foi firmado em 1978 e esta é a quarta vez que OTCA se reúne. É a primeira vez que o encontro é antecedido por debates da sociedade civil e comunidades indígenas sobre a Amazônia.

Embora os chefes de estado da Venezuela, Equador e Suriname não tenham comparecido à Cúpula da Amazônia enviando seus representantes, a presença de cinco presidentes – Peru, Brasil, Colômbia, Bolívia e Guiana – discutindo Amazônia num contexto de emergência climática representou um marco.

O evento resultou em duas declarações que devem representar o posicionamentos desses Países na COP 28, em novembro. Um deles é chamado de Declaração de Belém e assinado pelos países da Amazônia . Um segundo é assinado por Países com florestas tropicais, em que participam da manifestações a República do Congo, a República Democrática do Congo e São Vicente e Guanadinas.

Nas declarações, as nações admitem os problemas ambientais e a necessidade urgente de enfrentá-los reconhecendo os direitos das populações indígenas e tradicionais, bem como os efeitos da devastação da floresta sobre o clima no planeta. As declarações da Cúpula da Amazônia também pedem que países industrializados assumam a responsabilidade pelo ponto da crise climática por serem os maiores emissores de carbono. As declarações indicam necessidade de maiores apoios financeiros para o combate ao desmatamento e outros problemas que agravam a degradação na floresta.

Para a WWF, organização não governamental que atua na área ambiental, há avanço na criação de uma agenda política conjunta dos países amazônicos de reconhecimento da crise climática, dos danos à floresta e dos direitos indígenas, mas é falho o acordo final por não “ter chegado a um consenso para acabar com o desmatamento na região”.

“A ciência já demonstrou que estamos perigosamente próximos desse ponto: se continuarmos perdendo as florestas e outros ecossistemas da região no ritmo atual, em menos de 10 anos a vegetação pode entrar em um processo de degradação irreversível, que teria graves consequências econômicas e sociais para toda a América Latina e o mundo”, argumenta trecho da nota da WWF.

O Observatório do Clima classifica a declaração resultado da Cúpula da Amazônia como “compromisso genérico” que permite a continuidade da exploração de novos projetos de perfuração de petróleo, nocivo ao momento de aumento de temperatura no Planeta. O Observatório do Clima afirma ainda que há falta de compromisso real com o desmatamento em função da não definição de meta conjunta. Para a organização, num contexto de emergência climática, a declaração falha com a floresta e com o planeta, além de representar um desperdício político dos países da Amazônia em assumir um importante protagonismo no debate a respeito da crise climática.

“Os 113 parágrafos operativos da declaração são uma bonita carta de intenções, que tem o mérito de reativar a esquecida OTCA e reconhecer que o bioma está sob ameaça de atingir o ponto de não-retorno, mas que não oferece soluções práticas e um calendário de ações para evitá-lo”.

Segundo o Observatório do Clima, a Bolívia foi o país com maior resistência à menção de desmatamento zero na Declaração de Belém, proposta feita pelo governo brasileiro. E o Brasil, à proposta da Colômbia de eliminação de exploração de combustível fóssil na Amazônia. Setores do Governo Lula atuam para aprovação de autorização do estudo para exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, no Amapá.

A APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) emitiu nota considerando a Declaração de Belém como “frustrante” e exige metas para a demarcação de terras indígenas. Havia expectativa que o Governo Lula anunciasse a demarcação de mais duas terras indígenas, no Acre (Gregório) e no Amazonas (Acapuri de Cima). Os dois territórios fazem parte, segundo a Apib, de uma lista de 13 terras indígenas prontas para serem homologadas. Durante o Grupo de Trabalho da Transição sobre Povos Indígenas, em dezembro de 2022, foi firmada uma meta de que as mesmas seriam homologadas nos primeiros cem dias de governo, o que não foi cumprido tendo como resultado a continuidade das violências contra as comunidades.

A Apib aponta a demarcação de terras indígenas como uma das medidas necessárias para evitar o ponto de não retorno da Amazônia, que é um termo usado para indicar o ponto de degradação em que a floresta não terá mais capacidade de recuperação caminhando para uma savanização.

Durante os debates dos chefes de Estado, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que as propostas políticas para a Amazônia e a crise climática ficam sempre no papel por não enfrentarem o contexto de emergência, a realidade dos problemas e as medidas apontadas pela Ciência como necessárias para combatê-las. O presidente colombiano defendeu a criação de uma espécie de Othan da Amazônia porque defendê-la, admitindo que é rota internacional de narcotraficantes e de outros grupos criminosos que retiram os recursos da florestas, é medida que deve ser tomada com “razão e armas” respeitando a soberania de cada país. Ele também defendeu novos rumos para o direito ambiental internacional ao propor um tribunal internacional e legislações nos Países da Amazônia que, a exemplo da Colômbia, reconheçam os direitos da floresta.

Petro criou saia justa aos demais chefes de estado também por defender mineração zero na Amazônia e afirmar que líderes progressistas não têm o direito de acenar para o negacionismo com decisões e propostas para a Amazônia e o clima que desconsiderem os dados científicos.

Após a reunião, o presidente Lula leu um pronunciamento à imprensa em que não se manifesta sobre os pontos colocados pelo presidente colombiano e, mais uma vez, cobrou aumento de repasses dos países ricos aos fundos de apoio às nações detentoras de florestas tropicais. O presidente destacou as medidas que levaram a uma diminuição de 42% do desmatamento em comparação dos primeiros semestres de 2023 e 2022.

“A natureza, que o desenvolvimento industrial poluiu por 200 anos, precisa que eles paguem sua parte para que possamos reviver parte do que foi arruinado. A natureza precisa de dinheiro”, disse o presidente.

Em entrevista durante o evento, o governador do Pará, Helder Barbalho, foi questionado sobre a opinião do governo colombiano a respeito da mineração. A atividade é uma das principais no PIB do estado que será sede da COP 30.

“Isso deve ser tratado com muito equilíbrio. A mineração licenciada e ambientalmente regularizada representa importante ativo e vocação do Brasil. Por conseguinte, qualquer proposta que paire pela exclusão de uma atividade econômica deve apresentar solução de transição para que não haja colapso social fruto de uma decisão desta natureza”, declarou.

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Justiça na Amazônia, utopia ou realidade? https://canalmynews.com.br/coluna-da-sylvia/justica-na-amazonia-utopia-ou-realidade/ Wed, 07 Jun 2023 16:12:59 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37984 Confira a coluna da Sylvia desta semana.

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Familiares, amigos, imprensa e defensores dos direitos ambientais estiveram presentes nas distintas homenagens ao jornalista britânico Dom Phillips e ao indigenista brasileiro Bruno Pereira por conta do aniversário de um ano do assassinato de ambos, no Vale do Javari, na Amazônia, por parte de atores ligados ao garimpo e a pesca ilegais. Os atos aconteceram no Rio de Janeiro, em Brasília, em Londres e em outras cidades.
Se, por um lado, há uma grande dose de conforto ver que a rede de solidariedade formada por seus amigos e familiares em torno da tragédia continua viva, alimentando projetos, livro, documentários e, principalmente, promovendo ações para que o caso não perca visibilidade; por outro, não há praticamente notícias boas relacionadas a como continuam sendo ameaçadas as populações indígenas no Javari, ainda perseguidas e mortas pela ação do garimpo e da pesca ilegal.
Como a própria viúva de Dom, Alessandra Sampaio, disse, no evento carioca, “Toda a repercussão mundial, tudo o que se fez desde a morte deles, não chegou ainda a mudar algo para a população do Javari”.
Bruno Pereira, um homem que dedicou a vida a cuidar dos indígenas, os estava treinando a usar equipamentos de controle e vigilância para evitar que suas terras fossem invadidas de modo ilegal.
Dom Phillips, por sua vez, estava escrevendo um livro chamado “Como Salvar a Amazônia”. Ter sido perseguido e morto com um tiro nas costas demonstrou que essa é uma indagação muito incômoda para chefes de garimpo e pesca irregulares, assim como os que lideram cartéis de narcotráfico que atuam na região.
O histórico de ataques às terras indígenas exibido no bom documentário “Vale dos Isolados”, da Globoplay, dirigido por Sonia Bridi, infelizmente deixa um sabor amargo na boca de quem o assiste buscando algum sinal de que há avanços na preservação da floresta. O filme nos mostra o longo histórico da violência na Amazônia como uma contínua sucessão de assassinatos e massacres ocorridos nas últimas décadas, a maioria deles sem julgamentos ou condenações dos verdadeiros mandantes.
No caso de Dom e Bruno, há dois assassinos confessos esperando julgamento, mais o suposto mandante do crime, que foi indiciado nesta semana. Com a proximidade do julgamento, a defesa dos executores alterou sua versão. Eles agora afirmam que haviam confessado o crime num primeiro momento sob tortura e que Bruno havia atirado primeiro. Portanto, tentam emplacar uma nova narrativa na qual teriam agido em defesa própria _uma tese difícil de provar, mas que torna o julgamento mais intrincado.
Há, ainda, a questão política. Ninguém é ingênuo de pensar que esses assassinos atuaram sozinhos. E a continuidade da violência na Amazônia está diretamente relacionada com o histórico de encobrimentos e corrupção das autoridades locais.
Quando o presidente Lula foi eleito, a esperança de que a Amazônia passaria a ser uma preocupação real por parte do Estado projetou as demandas pela pacificação da região. De fato, no discurso com relação ao tema do meio ambiente, o ex-presidente Bolsonaro e o de Lula são completamente opostos.
Durante seu mandato, Bolsonaro retirou a proteção indígena e defendia a ideia de que a Amazônia deveria ser rentável. O desmatamento aumentou. Quando saiu a notícia de que se haviam descoberto os corpos, Bolsonaro foi capaz de dizer que Dom e Bruno entraram numa área não autorizada e que eram os responsáveis por sua morte, ao buscar uma “aventura”, sem estarem preparados.
Lula, após eleito, mostrou interesse em mudar essa situação e anunciou investimentos e ações locais, além de levar essa intenção a vários líderes europeus.
Afinal, a Amazônia protegida do desmatamento e da violência é praticamente um requisito pelo tão buscado acordo Mercosul-União Europeia.
Entre as coisas que se fez nesse início de mandato, está o envio de ajuda para ajudar os Yanomami a expulsar dezenas de milhares de exploradores ilegais de ouro de suas terras.
Na última segunda-feira (5), durante a cerimônia de comemoração do dia do Meio Ambiente, Lula voltou a anunciar medidas de proteção aos indígenas, como a ampliação de meios navais que patrulham os rios da Amazônia, compra e modernização de equipamentos e aumento da presença do Exército nas fronteiras para tentar frear a disparada do narcotráfico entre os países da Amazônia Real. Lula também enfatizou a questão econômica, afirmando que, sim, a Amazônia pode ser preservada e, ao mesmo tempo, ter um papel na produtividade do país por meio de suas riquezas.
São boas notícias, mas Lula se encontra hoje com as mãos atadas para avançar com a legislação necessária para pôr em prática uma reforçada segurança para os povos indígenas. Seu enfraquecimento ante o Congresso ficou notória diante do voto conservador dos deputados com relação ao marco temporal _um retrocesso histórico que deixará várias tribos expostas aos avanços das máfias.
O projeto ainda será votado no Senado, onde infelizmente são poucas as chances de não-repetição do voto da Câmara.
Na cerimônia no Rio de Janeiro, o líder indígena Beto Marubo, amigo de Bruno, afirmou que, em sua terra, “absolutamente nada mudou”. E que já não estavam interessados nas boas intenções: “Queremos ver as coisas acontecerem”.
No emotivo encontro no posto 6 de Copacabana, onde Dom adorava praticar paddle surf, o ambiente nesta segunda era de tristeza e planos de luta, vêm aí um o livro que Dom deixou sem terminar, e que agora será completado por amigos, também um outro documentário, de produção estrangeira, além de mais atos para deixar a causa circulando e acesa.
Ainda que as esperanças sejam poucas de que se faça 100% de Justiça e de que a violência cesse na região, predomina entre ambientalistas e mesmo no discurso de Marina Silva, que resiste, ainda que enfraquecida, no governo, a ideia de seguir lutando.
Neste momento de alta visibilidade internacional da Amazônia, o governo brasileiro tem uma chance histórica para oferecer soluções a indígenas e ribeirinhos, para acabar com as lutas fratricidas, que se desmontem as máfias e que se deixe de desmatar a Amazônia.

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Multas por desmatamento na Amazônia aumentam no 1º trimestre https://canalmynews.com.br/brasil/multas-por-desmatamento-na-amazonia-aumentam-no-1o-trimestre/ Sat, 08 Apr 2023 15:14:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=36910 Apreensões na região tiveram alta de 133%

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O número de multas por desmatamento na Amazônia e outras infrações na região, no primeiro trimestre de 2023, aumentou 219%, se comparado à média do mesmo período dos anos de 2019 a 2022. Os dados são do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Somam-se às multas, as apreensões de bens e produtos relacionados às infrações ambientais, que tiveram alta de 133%, e o número de embargos de propriedades, que cresceu 93%, no mesmo período. O Ibama aponta que essas medidas descapitalizam os infratores e impedem que obtenham financiamentos bancários, além de restringir o comércio de produtos ilegais.

Se observadas somente as operações realizadas contra os invasores do território indígena Yanomami, localizado nos estados do Amazonas e Roraima, desde 6 de fevereiro até o momento, o Ibama destruiu 285 acampamentos de garimpeiros, oito aeronaves, 23 barcos, três tratores e 124 motores. Também foram apreendidos 21 mil litros de combustível, 22 toneladas do minério cassiterita, 5 kg de mercúrio, entre outros equipamentos de apoio logístico ao garimpo ilegal.

Em todo o Brasil, as autuações ambientais do instituto aumentaram 78%, de janeiro a março deste ano, em relação ao mesmo intervalo de meses, dos quatro anos anteriores.

O Ibama justifica que os aumentos das multas, apreensões de bens e produtos e embargos de propriedades ocorreram devido à retomada das atribuições do órgão ambiental do governo federal e o comando do combate ao desmatamento pela área ambiental.

Assista também a entrevista do Almoço do MyNews com Melina Risso, representante do Instituto Igarapé, que falou sobre as ações da organização para preservar a Amazônia:

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Operação contra garimpo ilegal prende dois militares no Amazonas https://canalmynews.com.br/brasil/operacao-contra-garimpo-ilegal-prende-dois-militares-no-amazonas/ Mon, 03 Apr 2023 13:19:25 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=36781 Ao todo, cinco pessoas foram presas na Floresta Nacional de Urupadi

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Uma operação contra o garimpo ilegal de ouro prendeu cinco pessoas na Floresta Nacional de Urupadi, no sul do Amazonas. Entre os presos, estão dois militares do Exército.

Realizada pela Força Nacional de Segurança e pelo Instituto Chico Mendes, a operação durou cinco dias e desmantelou 34 acampamentos ilegais, equipados com televisão e acesso à internet. Além de queimarem as estruturas, os agentes destruíram máquinas e apreenderam armas e munições.

Duas pistas clandestinas de pouso foram destruídas. Segundo a Força Nacional de Segurança, cerca de 50 quilômetros quadrados foram devastados. Os garimpeiros presos foram multados em R$ 3,6 milhões e responderão criminalmente.

Ao todo, foram identificados cerca de 50 garimpeiros na região, mas só cinco foram presos. Em, nota, o Exército informou não compactuar com atos ilegais por parte de seus membros e ter aberto investigação interna, paralela às investigações na esfera civil.

Segundo o Exército, um militar não está lotado em nenhuma unidade por estar inativo desde 2011. O outro será alvo de processo para ser excluído do serviço ativo porque tem condenação na Justiça Militar superior a dois anos.

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Leis frágeis ajudam expansão de garimpo ilegal na Amazônia, diz dossiê https://canalmynews.com.br/brasil/leis-frageis-ajudam-expansao-de-garimpo-ilegal-na-amazonia-diz-dossie/ Sat, 18 Mar 2023 12:10:38 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=36442 Documento é da Aliança em Defesa dos Territórios

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Um dossiê divulgado nesta semana aponta que o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia está relacionado à falta de fiscalização, omissão das autoridades, leis frágeis e vulnerabilidade das áreas exploradas.

Elaborado pela Aliança em Defesa dos Territórios, o dossiê “Terra Rasgada: como avança o garimpo na Amazônia brasileira” diz que os garimpos na região quadruplicaram entre 2010 e 2020.

“Quando a gente fala de garimpo na Amazônia, logo a gente pensa em garimpo ilegal. E garimpo ilegal é igual a crime organizado. Quando a gente pensa em crime organizado, a gente está falando de ilegalidades, de crimes cometidos também pelo Estado brasileiro. Em quatro anos de governo, observamos vários tipos de envolvimento do governo em incentivar o garimpo”, afirmou a líder indígena Maial Kayapó, em entrevista à Rádio Nacional de Brasília.

Segundo o relatório, a pouca fiscalização e a ausência de um sistema eletrônico de controle têm facilitado a atuação de garimpeiros irregulares, que passam a ter em mãos a Permissão da Lavra Garimpeira (PLG). Concedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a PLG é a autorização para exploração de uma área pelo garimpo, limitada a 50 hectares para pessoas físicas e a 10 mil hectares para cooperativas.

A aliança, que reúne representantes dos povos kayapó, munduruku e yanomami, diz que várias licenças estão ociosas, ou seja, o permissionário não iniciou a operação no prazo de 90 dias como prevê a legislação.

Pesquisa mineral
A PLG não exige a realização de uma pesquisa mineral prévia para o licenciamento, o que, conforme o dossiê, facilita o surgimento de “garimpos fantasmas”, que servem para “esquentar” o ouro extraído ilegalmente em terras indígenas ou unidades de conservação.

O dossiê afirma, ainda. que houve uma “omissão institucional notória e generalizada” da ANM nos últimos anos. “O volume de ouro esquentado em garimpos fantasmas atesta a razão para o estabelecimento do limite de 90 dias. Segundo o estudo da UFMG, 6,3 toneladas de ouro (aproximadamente R$ 1,2 bilhão) foram produzidas em áreas ociosas. Esse tipo de esquentamento (ou lavagem) de ouro – em que o número do processo minerário declarado no ato de venda do minério remete a áreas sem evidência de exploração – será doravante chamado de lavagem grosseira”, diz o documento.

Em nota, a ANM afirmou estar comprometida com a fiscalização da mineração, observando as determinações técnicas e legais.

“Todas as nossas ações institucionais são no sentido de assegurar o pleno funcionamento do setor mineral. Recentemente, foram implementadas medidas que visam aprimorar a fiscalização e a transparência do setor. Entre elas, estão a criação de um painel de inteligência fiscalizatória, que permite a identificação de irregularidades e fraudes; o painel de fiscalização do ouro, que fornece informações sobre a produção e o comércio de ouro; e o sistema de primeiro adquirente, que garante maior transparência na alocação de recursos oriundos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral”, disse a ANM.

Os indígenas também relatam falha na supervisão das Distribuidoras de Títulos e Valores Imobiliários (DTVMs), instituições autorizadas pelo Banco Central a comprar e revender ouro por meio de Postos de Compra de Ouro (PCO). Segundo a Aliança, o Banco Central não pune instituições envolvidas na aquisição de ouro ilegal.

“A legalidade da origem do ouro é presumida: depende apenas da palavra do vendedor e da boa-fé do comprador, segundo a Lei 12.844/2013. Ainda que obrigadas a prevenir a lavagem, as DTVMs contam com relativa blindagem quanto à verificação das informações”, diz o texto.

Marco legal
O Banco Central informou, em nota à Agência Brasil, que não compete a bancos centrais, no Brasil e em outros países, fiscalizar atividades relacionadas ao garimpo e à extração de ouro. Mas que a instituição colabora para melhorar a ação do Estado no setor, como interação dentro da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e a Lavagem de Dinheiro (ENCCLA).

“Nesse sentido, o BC apoia iniciativas que possam aprimorar o marco legal para a fiscalização do comércio do ouro tais como, por exemplo, a revogação da presunção de legalidade na aquisição do ouro por instituição financeira e a exigência de nota fiscal eletrônica. O BC também apoia a criação de mecanismos privados que aumentem a rastreabilidade da cadeia produtiva do ouro”, afirmou.

A solução para o controle do garimpo, segundo o relatório Terra Rasgada, passa pela proteção integral das terras indígenas, como, por exemplo, o aumento da fiscalização, o bloqueio de estradas, a destruição de pistas de pouso clandestinas, de meios de transporte e maquinário e a interrupção de serviços como o de internet para os garimpos dentro das terras indígenas.

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Amazônia concentra 90% da área com focos de incêndio no 1º bimestre https://canalmynews.com.br/brasil/amazonia-concentra-90-da-area-com-focos-de-incendio-no-1o-bimestre/ Tue, 14 Mar 2023 13:02:31 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=36374 Biomas brasileiros registraram ocorrências em 536 mil hectares

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No primeiro bimestre deste ano, o bioma Amazônia concentrou 90% das áreas com queimadas. Ao todo, o perímetro atingido pelas chamas foi de 487 mil hectares, de acordo com informe de hoje (13), do Monitor do Fogo, iniciativa do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). No primeiro bimestre de 2022, a área totalizou 654 mil hectares.

Nos seis biomas do país — Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal –, em 536 mil hectares, houve focos de incêndios. Conforme destaca a pesquisadora Vera Arruda, do Ipam, a área é 28% menor do que a registrada no primeiro bimestre de 2022.

Segundo a pesquisadora Vera, de modo geral, as chuvas que caracterizam os primeiros meses do ano, no país favorecem a diminuição de incêndios. “Mesmo assim, são muitos hectares queimados, em um período de mais chuva”, afirma a pesquisadora, que integra a equipe responsável pelo Monitor do Fogo.

Outra particularidade da época é o alto índice de ocorrências em Roraima. O levantamento mostra que as queimadas no estado chegaram a consumir 259 mil hectares, ou seja, 48% do total identificado.

“Lá tem um tipo de vegetação que se assemelha mais ao Cerrado. Não são só florestas, como na maior parte da Amazônia”, explica Vera. Nos estados de Mato Grosso e do Pará, o fogo atingiu espaços de 90 mil e 70 mil hectares, respectivamente. Juntos, se somados a Roraima, respondem por 79% dos incêndios detectados pela equipe do projeto.

O Cerrado figura em segundo lugar na lista, com 24 mil hectares atingidos pelo fogo. Perguntada sobre o que a equipe considera uma margem de tolerância quanto aos incêndios, quando se trata do bioma, Vera comenta que, de fato a vegetação se adaptou à presença do fogo.

A pesquisadora, porém, faz uma observação: “O fogo que acontece, hoje em dia, nos últimos anos, não é mais o fogo que naturalmente ocorreria na vegetação, porque ocorreria mais por presença de raios. Ou seja, mais entre as estações. Mais ou menos, de maio a julho. E a gente vê que, na verdade, o fogo do Cerrado se concentra no auge da estação seca, entre agosto e setembro, que são os meses mais críticos do fogo no Cerrado. A maioria do fogo na vegetação vem de origem antrópica, humana, não é de origem natural.”

“Além disso, mesmo o fogo que ocorreria de forma natural ocorreria de forma espaçada não queimaria uma mesma área, repetidas vezes. O que a gente vê, com os dados do Monitor, é que a frequência das áreas queimadas no Cerrado também está aumentando. Isso não permite que a vegetação, o ecossistema se recupere”, finaliza.

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Pacientes Yanomami com alta médica levam dias para voltar a aldeias https://canalmynews.com.br/brasil/pacientes-yanomami-com-alta-medica-levam-dias-para-voltar-a-aldeias/ Sat, 18 Feb 2023 12:44:53 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35986 A volta às aldeias de pacientes yanomami que receberam alta médica em Boa Vista esbarra em restrições de capacidade logística. Alguns pacientes esperam, na capital de Roraima, até 15 dias para poder voltar às suas aldeias. Os yanomami são atendidos em unidades da saúde da capital e no hospital de campanha montado para atender à […]

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A volta às aldeias de pacientes yanomami que receberam alta médica em Boa Vista esbarra em restrições de capacidade logística. Alguns pacientes esperam, na capital de Roraima, até 15 dias para poder voltar às suas aldeias.

Os yanomami são atendidos em unidades da saúde da capital e no hospital de campanha montado para atender à emergência humanitária. Depois de receberem alta, ficam hospedados na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), localizado na região norte de Boa Vista (ao lado do hospital de campanha), aguardando retorno à terra indígena.

Segundo Hernane Guimarães, coordenador regional do Centro de Operações de Emergência (COE) Yanomami do Ministério da Saúde, desde o início da situação humanitária, o número de pacientes indígenas que chegam a Boa Vista aumentou muito.

Com isso, cresceu também a quantidade daqueles que recebem alta e ficam na Casai aguardando o retorno. De acordo com ele, o número de yanomami nessa situação varia de 40 a 70 a cada dia. No boletim da última quarta-feira (15), por exemplo, havia 62.

“A gente tem, por dia, em média de dez a 15 pacientes saindo da Casai. O paciente que está há mais tempo de alta na Casai tem 15 dias. Hoje 10% dos pacientes que estão acomodados na Casai estão de alta”, afirmou.

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Guimarães conta que há dois problemas logísticos que atrapalham o processo de retorno: a quantidade de aviões disponíveis para o trabalho e as condições das pistas da terra indígena, que só permitem o pouso de aeronaves de pequeno porte.

“Na grande maioria [dos locais na terra indígena] para onde os aviões vão, eles só pousam com quatro pessoas. Se são 60 indígenas, precisaria de uns 15 aviões, mais ou menos, pra fazer isso [o retorno dos pacientes]. E a hora que a gente destina 15 aviões pra fazer isso, deixa de trocar a equipe de área [que trabalha nos postos de saúde na terra yanomami]”, afirmou, em entrevista à reportagem da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Segundo ele, se as pistas tivessem condições melhores, aviões de porte maior, como aqueles do Exército, poderiam ajudar nesse trabalho. “Se tivéssemos mais aporte [de aeronaves] e as pistas estivessem em condições de pousar aviões maiores, para poder levar esses pacientes em maior quantidade, isso daria uma diminuição [da fila de espera para retorno]”.

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Estudo aponta relação entre redução da pobreza e do desmatamento https://canalmynews.com.br/brasil/estudo-aponta-relacao-entre-reducao-da-pobreza-e-do-desmatamento/ Fri, 10 Feb 2023 13:42:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35882 Pesquisadores cruzaram dados de diversas fontes, de 2012 a 2019

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No Brasil, reduzir em 1% a parcela da população que vive com renda familiar mensal abaixo de R$ 70 por pessoa significa diminuir o desmatamento em 4%. De outra forma, é dizer que, ao tirar 136 mil pessoas da condição de extrema pobreza, como consequência, deixa-se de perder uma área de 42,7 mil hectares de floresta. Essa é uma das associações destacadas no estudo, do Instituto Escolhas.

Quando se trata do grupo em situação de pobreza, isto é, que tem renda familiar mensal inferior a R$ 140, a proporção é de 1% de queda para a preservação de 29 mil hectares. Ainda segundo a entidade, garantir carteira assinada a trabalhadores consiste em uma ação de impacto ambiental. Ao se aumentar 1% o índice de emprego formal, há possibilidade de se reduzir o desmatamento em 8,2% (87,6 mil hectares).

No contexto da Amazônia Legal, os números mudam, embora os efeitos, não. Ao se retirar 35 mil pessoas da extrema pobreza (1%) e 74 mil da pobreza (1%), obtêm-se reduções de áreas de desmatamento de 27 mil e 18,7 mil hectares, respectivamente. Quanto a formalizar 1% de vínculos de trabalho na região, beneficiando 42 mil pessoas, a medida acabaria por recuperar ou proteger um perímetro de 67,2 mil hectares, maior do que a capital catarinense, Florianópolis.

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Ao demonstrar os resultados, a pesquisa se propõe a contestar a suposição de que pessoas de baixa renda seriam um dos principais agentes de desmatamento, em troca de seu sustento. Para o instituto, tal afirmação desconsidera “que são muitos e diversos os indivíduos e grupos que promovem a derrubada da vegetação nativa, seja de forma legal ou ilegal”.

“Mas esse nevoeiro que se forma em torno do tema não deve impedir a análise sobre a relação entre pobreza e desmatamento no Brasil, que oferece dados preciosos sobre o conjunto das ações necessárias para o combate ao desmatamento. Investigar se as privações econômicas poderiam impactar o desmatamento não é o mesmo que colocar a culpa nos pobres. Muitos estudos já foram realizados nesse sentido. Parte deles identificou que não existe relação unívoca entre pobreza e desmatamento. Em alguns casos, a falta de recursos financeiros leva à proteção das florestas, uma vez que essas populações se organizam com base em economias não conectadas aos mercados consumidores”, aponta o estudo.

Outro ponto em destaque é a constatação de que há diferença entre se implementar políticas articuladas. Segundo a equipe de pesquisadores, “ao considerar os efeitos da redução da pobreza e do aumento da oferta de empregos nos municípios vizinhos, a análise espacial mostra que tais políticas públicas sociais devem ser promovidas regionalmente para aumentar o potencial de redução do desmatamento”. “Políticas isoladas tendem a ser pouco eficazes, devido à abrangência e conexão dos fatores associados ao desmatamento entre os municípios como, por exemplo, migração da mão de obra.”

Os pesquisadores adotaram o modelo econométrico para desenvolver o estudo. Foram cruzados dados do período de 2012 a 2019, de diversas fontes, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Cidadania, Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

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Cerca de 28% das pistas de pouso na Amazônia está em área protegida https://canalmynews.com.br/brasil/cerca-de-28-das-pistas-de-pouso-na-amazonia-esta-em-area-protegida/ Tue, 07 Feb 2023 13:09:10 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35808 Levantamento do MapBiomas identificou 2.869 pistas de pouso no bioma

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Um levantamento inédito do MapBiomas identificou 2.869 pistas de pouso na Amazônia, segundo a entidade, mais do que o dobro das pistas contidas nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Pelas coordenadas geográficas, 804 pistas de pouso, ou 28% do total, estão dentro de alguma área protegida: 320 (11%) ficam no interior de Terras Indígenas (TI) e 498 (17%) no interior de unidades de Conservação. Os dados podem ser acessados neste link: Projeto MapBiomas – Mapa de Pistas de Pouso da Amazônia 2021 (v1).

O projeto MapBiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida por uma rede multi-institucional de universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

Segundo os dados levantados, essas pistas ficam até 5 km ou menos de distância de um garimpo, 456 dessas pistas, ou 15,8% do total contabilizado. No interior de Terras Indígenas, esse percentual é maior: no caso da TI Yanomami, 33,7% das pistas estão a 5 km ou menos de algum garimpo; na TI Kayapó, esse percentual é de 34,6%; na TI Munduruku, 80%.

O ranking das pistas em Territórios Indígenas coloca as TIs Yanomami com 75 pistas, Raposa Serra do Sol – 58, Kayapó – 26, Munduruku e Parque do Xingu com 21 pistas cada.

Três das cinco terras indígenas com maior quantidade de pistas de pouso são também as de maior área garimpada: a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021, seguida pelo território Munduruku, com 4.743 hectares e a terra Yanomami, com 1.556 hectares.

Os dados são do último levantamento do MapBiomas sobre garimpo e mineração no Brasil. As unidades de Conservação com maior número de pistas de pouso, por sua vez, são a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós (156 pistas), a Floresta Nacional (Flona) do Amaná (53), a APA Triunfo do Xingu (47) e a Floresta Estadual do Paru (30).

Os estados com maior quantidade de pistas de pouso na Amazônia são Mato Grosso (1.062 pistas), Pará (883), Roraima (218) e Tocantins (205). No Pará ficam os quatro municípios com mais pistas de pouso: Itaituba (de onde sai 81% do ouro ilegal do país, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais em cooperação com o Ministério Público Federal), São Félix do Xingu, Altamira e Jacareacanga com 255, 86, 83 e 53 pistas, respectivamente.

Quando as pistas são classificadas por bacia hidrográfica, a lista é liderada pelas bacias do Rio Tapajós (onde o garimpo tingiu as águas de Alter do Chão e onde estudos já comprovaram a contaminação por mercúrio dos ribeirinhos rio acima), com 658 pistas; Rio Xingu, com 430 pistas; Rio Madeira, com 356 pistas; e Rio Negro, com 254 pistas.

Em 2021, o bioma amazônico concentrou mais de 91% do garimpo brasileiro. Nos últimos 10 anos, a expansão da área de garimpo em Terras Indígenas (TIs) foi de 625%, saltando de pouco mais de 3 mil hectares em 2011, para mais de 19 mil hectares em 2021. Nas unidades de Conservação (UCs) a expansão de área garimpada foi de 352% em 10 anos, saltando de 20 mil hectares em 2011 para pouco mais de 60 mil hectares em 2021, segundo informações do Mapbiomas.

O mapeamento das pistas de pouso foi realizado pela Solved, que atua na criação de software, hardware e rotinas computacionais voltadas ao campo do Sensoriamento Remoto e Análise Espacial e que também realiza o mapeamento de mineração, aquicultura e zona costeira no MapBiomas. Ele oferece uma base de dados pontual (feita por pares de coordenadas X-Y), que foi construída por interpretação visual de imagens alta resolução (4 metros de resolução – Planet), a partir de mosaicos mensais de 2021 e, em sua primeira versão, sem dissociação entre pistas autorizadas ou não-autorizadas.

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Alemanha anuncia doação de 200 milhões de euros para ações ambientais no Brasil https://canalmynews.com.br/internacional/alemanha-anuncia-doacao-de-200-milhoes-de-euros-para-acoes-ambientais-no-brasil/ Tue, 31 Jan 2023 04:49:49 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35693 Ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ministra alemã Schulze confirmou, dentro do aporte total, 35 milhões de euros para o Fundo Amazônia

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A ministra da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze, anunciou nesta segunda (30) a liberação de cerca de 200 milhões de euros a serem empenhados em ações ambientais no Brasil num período de 100 dias. O comunicado foi feito durante coletiva de imprensa em Brasília.

Ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ministra alemã Schulze confirmou, dentro do aporte total, 35 milhões de euros para o Fundo Amazônia e 31 milhões de euros para apoio a estados da Amazônia na implementação do que o governo alemão se refere como “ações ambiciosas” para maior proteção da floresta.

A cifra total inclui ainda 29,5 milhões de euros em apoio a um fundo garantidor de eficiência energética para pequenas e médias empresas, com contribuição direta a investimentos privados em eficiência energética; e 5,37 milhões de euros em projeto de consultoria para o fomento de energias renováveis na indústria e no setor de transportes.

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Também estão previstos no montante anunciado 13,1 milhões de euros em projeto destinado a apoiar pequenos agricultores em ações de reflorestamento de suas terras; 80 milhões de euros para que agricultores tenham acesso a linhas de crédito a juros reduzidos; e 9 milhões em apoio a cadeias de abastecimento sustentáveis.

Fundo Amazônia
A doação de 35 milhões de euros ao Fundo Amazônia foi formalizada por meio da assinatura de um contrato financeiro entre o banco alemão KfW e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Estados da Amazônia
O governo alemão sinalizou a intenção de destinar 31 milhões de euros a estados da Amazônia para projetos de proteção e de uso sustentável das florestas, alinhados com políticas e objetivos estratégicos do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia.

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Comissão pede a criação de CPI para investigar assassinatos de Dom e Bruno https://canalmynews.com.br/brasil/comissao-pede-a-criacao-de-cpi-para-investigar-assassinatos-de-dom-e-bruno/ Fri, 02 Dec 2022 21:17:37 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34772 Relatório pede aprofundamento da investigação do assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira

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Foi aprovado nesta quarta-feira (30) o parecer final da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha a investigação do assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari (AM). O documento pede a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar crimes praticados na região, entre outras medidas.

A relatora, deputada Vivi Reis (Psol-PA), destacou a “omissão planejada do governo em favor do crime organizado” e a falta de atuação de autoridades diante de “tragédia anunciada”, referindo-se ao potencial de conflitos envolvendo diversos interesses na região.

A principal conclusão do texto é a necessidade de aprofundamento das investigações.  “Até o momento, não foi dada uma resposta adequada, e não vamos deixar que um tão repugnante crime caia no esquecimento. É preciso fazer justiça e honrar a memória de Bruno e Dom”, reforçou a parlamentar.

Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no 5 de junho. Ambos estavam recebendo ameaças de pessoas que atuam ilegalmente na região.

Até o momento, Amarildo da Costa, Osney da Costa e Jefferson da Silva foram denunciados e presos pela participação no assassinato, mas ainda não foram ouvidos em juízo.

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A relatora observa que a princípio a Polícia Federal negava a a existência de uma organização criminosa, baseando a investigação na atuação exclusiva dos três denunciados. No entanto, com pressão de indígenas e indigenistas, as investigações passaram a envolver outros delitos, como o tráfico de drogas.

“Está nítida a existência de associações que não financiam apenas a pesca ilegal, mas que também podem estar utilizando essa prática para lavagem de dinheiro proveniente de tráfico internacional de drogas”, ressaltou Vivi Reis.

No entanto, o parecer aponta um retrocesso no caso: no início de outubro, uma decisão da Justiça Federal no Amazonas concedeu ao suspeito apontado como mandante do crime, Rubens Villar Coelho, o “Colômbia”, o direito de cumprir prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

A relatora reiterou que essa decisão intensificou o clima de tensão e medo na região. “A prisão do “Colômbia”  foi fruto do grito daqueles que não se conformaram com as conclusões precipitadas, daqueles que não aceitaram a afirmação do Ministro da Justiça de que se tratava de um caso isolado extremamente normal”, frisou a deputada.

O relatório também pede a exoneração imediata do presidente da Funai, Marcelo Xavier da Silva, bem como a apuração, pelo Ministério Público Federal (MPF), de suposta ilicitude na conduta de Xavier e de outros gestores da fundação, que teriam atuado para viabilizar o garimpo e a pesca ilegal em territórios indígenas.

“A manutenção de Marcelo Xavier na presidência é uma afronta aos servidores da Funai, aos colaboradores da União dos Povos Indígenas do Vala do Javari (Univaja) e de outras entidades indigenistas. É um ultraje a todos que se preocupam com a vida humana e com os povos indígenas da Amazônia”, justifica a relatora.

O deputado José Ricardo (PT-AM), coordenador do colegiado, afirmou que o texto aprovado vai ser crucial para o novo governo, que assume em janeiro.

“Todas essas medidas são muito importantes para que a gente cobre do próximo governo que realmente fortaleça todas as estruturas do Estado; além do ministério, temos todas as outras áreas que são importantes para atender aos povos indígenas”, defendeu o deputado.

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Lula: verdadeiro agronegócio é comprometido com meio ambiente https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/lula-verdadeiro-agronegocio-e-comprometido-com-meio-ambiente/ Thu, 17 Nov 2022 18:44:26 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34670 No Egito para a COP27, presidente eleito fala sobre o papel do agro

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O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje (17) que respeita o agronegócio e que os verdadeiros empresários do setor são comprometidos com o meio ambiente. Lula participou de um encontro com representantes da sociedade civil brasileira na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito.

“Dizem, ‘o agronegócio não gosta do Lula’. Eu não quero que goste, eu só quero que me respeitem como eu respeito eles. O verdadeiro empresário do agronegócio sabe onde não pode fazer queimada, onde não pode fazer derrubada de floresta. O verdadeiro empresário do agronegócio tem compromisso porque ele sabe que se paga um preço se a gente for irresponsável”, disse o presidente eleito.

Lula reafirmou que fará um combate intenso contra crimes ambientais, como a exploração de garimpo em terras indígenas e o desmatamento ilegal, e que trabalhará com políticas de incentivo à produtividade. “Se ele quiser [o madeireiro] utilizar madeira, faça seu florestamento, compre uma área de terra e levante as árvores que quer cortar. Por que cortar uma árvore que tem 200 anos de existência, não é necessário”, disse.

“Não precisa derrubar um metro quadrado de árvore para aumentar a produção de soja, de milho ou criar gado, temos milhões de hectares de terra degradada que podem ser recuperadas”, argumentou.

Para Lula, o Estado tem que estar presente no dia a dia da sociedade. Para isso, segundo ele, serão retomadas as conferências nacionais com os diversos setores da sociedade.

“Nós chegamos ao ponto de politizar todas as decisões judiciais, de judicializar todas as decisões políticas, de criar um orçamento secreto em que o Parlamento passa a executar o orçamento que deveria ser feito pelo Executivo”, disse.

“Eu não vejo o Brasil dar certo se não envolver a sociedade nas decisões que temos que tomar. Por isso vamos retomar as conferências nacionais. No meu período de governo fizemos 74 conferências nacionais. Vamos fazer para que o povo decida qual é a política pública que ele entende que seja correta para colocarmos em prática”, completou.

Teto de gastos
Para o presidente eleito, não adianta só pensar em responsabilidade fiscal sem responsabilidade social. “Se não resolvermos as questões sociais não vale a pena governar esse país”, disse. “Se falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência, porque o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta as de pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”, acrescentou.

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“O que é o teto de gastos em um país? Se o teto fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros para o sistema financeiro que pagamos todo ano, mas continuar mantendo as políticas sociais intactas, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da saúde, da educação, da ciência e tecnologia, da cultura. Ou seja, tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social e você não mexe num centavo do sistema financeiro, você não mexe num centavo daquele juro que os banqueiros têm que receber”, argumentou.

Segundo Lula, além de cumprir as metas de inflação, o país precisa ter metas de crescimento e de geração de emprego. “Temos que garantir que vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação”, afirmou.

Mudança na ONU
Em seu pronunciamento, Lula defendeu uma governança global para cumprimento das decisões e compromissos relacionados ao clima. “Os fóruns da ONU não podem continuar sendo fóruns de discussões teóricas intermináveis e que muitas vezes as decisões nunca são levadas a sério ou nunca são cumpridas. As decisões precisam ser cumpridas se tiver uma espécie de governança global que possa decidir o que fazer. Se depender as discussões internas [de cada país], no Congresso Nacional, muitas coisas aprovadas sobre o clima não serão colocadas em praticas”, disse.

Segundo ele, é preciso ainda garantir o financiamento para os países que possuem reservas naturais sejam recompensados. “Muitas vezes o dinheiro que é prometido para os países em desenvolvimento também não sai. Esses US$ 100 bilhões foram prometidos em 2009, em Copenhagen [COP15] e parece que as pessoas esquecem”, disse.

Lula ainda defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de mais países, como africanos e latino-americanos, e mudança no direito de veto.

“Eu tenho uma briga histórica para mudar a governança mundial. A ONU precisa mudar, não pode ficar apenas com os países que ganharam a Segunda Guerra Mundial. Inclusive, que se derrube o direito de veto, porque não é possível que um país possa vetar decisões do conjunto dos outros países. Se não tivermos uma ONU forte, não vamos levar essa questão do clima do jeito que pensamos que tem que levar”, disse.

Ainda hoje, Lula tem encontros com grupos indígenas e com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Na conversa, o presidente eleito vai propor que a COP30, em 2025, seja realizada na Amazônia.

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Petro confirma conversas com Lula para criar bloco amazônico contra o desmatamento https://canalmynews.com.br/politica/petro-confirma-conversas-com-lula-para-criar-bloco-amazonico-contra-o-desmatamento/ Thu, 10 Nov 2022 15:34:21 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34620 Na COP27, colombiano disse que é necessário esforço comum entre países da região para "resgatar" Amazônia

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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, confirmou à Agência Pública que tem mantido conversas com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a formação de um bloco de países amazônicos contra o desmatamento.

“Falamos sobre o assunto antes. Mas, agora, com a sua posse [enquanto presidente], esperamos que façamos uma política multilateral com os dois estados, incluindo a Venezuela, e seguramente se juntariam a Bolívia e o Peru, no esforço comum de resgatar a floresta amazônica”, disse Petro. “Sem esse resgate, é pouco provável que possamos ter êxito na solução da crise climática no mundo. Portanto, Lula se converte em um protagonista central dessa possibilidade.”

O presidente conversou com a Pública na última segunda-feira (7), logo após sua participação no lançamento de uma parceria formada por 26 países e a União Europeia para manter viva a promessa de zerar o desmatamento em todo o mundo até 2030. A Forests and Climate Leaders’ Partnership (Parceria de Líderes Florestais e Climáticos, ou FCLP, na sigla em inglês), anunciada durante a 27ª Conferência do Clima da ONU, a COP27, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, é o desdobramento de um acordo com a mesma meta firmado pelo próprio Brasil e mais de 140 países na COP26, realizada há um ano em Glasgow, na Escócia. O Brasil, no entanto, ficou inicialmente de fora do novo grupo.

A proposta de formação de uma aliança entre os países amazônicos defendida por Petro havia sido anunciada anteriormente por sua ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Susana Muhammad, às vésperas da COP27. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que também participa da conferência, está em linha com a ideia: em sua chegada ao Egito, disse que havia sugerido a Petro e Lula a realização de uma cúpula sul-americana em defesa da Amazônia.

Outra tentativa de articulação pela preservação ambiental está sendo levada a cabo por integrantes da equipe com Indonésia e República Democrática do Congo, que junto do Brasil reúnem 52% das florestas primárias remanescentes no mundo. A expectativa é a criação de um bloco (o “BIC”, junção das letras iniciais dos três países) para conservação das florestas.

Ausência brasileira na parceria

O Brasil é uma ausência importante na FCLP por ser o país com maior área de floresta tropical no mundo e o segundo com maior cobertura florestal absoluta, perdendo apenas para a Rússia, que não também não aderiu à iniciativa. Sem o Brasil, a Amazônia está representada na parceria apenas pela Colômbia, Equador e Guiana.

Além disso, a preservação da Amazônia e de outros biomas brasileiros é essencial para o cumprimento da meta climática do país sob o Acordo de Paris. Metade das emissões brasileiras de gases de efeito estufa é decorrente das mudanças de uso da terra, que abrangem o desmatamento, de acordo com os dados mais recentes do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima (OC).

“O Brasil foi responsável, no último ano, por 40% do desmatamento de florestas [tropicais primárias] no planeta. Além disso, tem a maior floresta tropical do mundo, com o maior estoque de carbono do mundo nessa floresta. Se a Amazônia entrar em colapso, a gente perde as esperanças de alcançar as metas do Acordo de Paris”, explica Márcio Astrini, secretário-executivo do OC.

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Ele avalia que, com a mudança de governo, o Brasil deve participar desse e outros espaços semelhantes, já que Lula vem se comprometendo publicamente a recolocar o país em posição de “protagonismo na luta contra a crise climática” e a buscar o “desmatamento zero na Amazônia”, como afirmou em seu primeiro discurso após a eleição.

Lula virá à COP27 na próxima semana. Ele trará consigo integrantes de sua equipe de transição que, segundo apurou a Pública, podem ser convidados a participar como observadores da primeira reunião oficial da FCLP. O encontro deve acontecer a portas fechadas, ainda durante a conferência, no próximo dia 12.

A reportagem enviou perguntas aos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e Relações Exteriores (MRE) sobre a ausência de participação do Brasil na FCLP. O MMA não respondeu. Já o MRE informou, em nota, não considerar que a nova parceria “ofereça o melhor formato para tratar das necessidades dos países em desenvolvimento” e citou que “seria interessante, por exemplo, que o board do Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund – GCF) renovasse o programa de pagamento por resultados de REDD+, que vem enfrentando resistências de países desenvolvidos”. Ainda de acordo com o texto, o Itamaraty espera que a nova aliança estabelecida com a Indonésia e a República Democrática do Congo “possa sentar as bases para a maior dinamização no futuro da agenda florestal internacional”.

Aceno para manutenção da meta feita da COP26
Presidida pelos Estados Unidos e Gana, a Forests and Climate Leaders’ Partnership foi construída ao longo do último ano pela presidência da COP26, do Reino Unido. Os países que se voluntariaram a participar tiveram que se comprometer, entre outros pontos, a “dar o exemplo” no cumprimento de suas metas climáticas nacionais (as NDCs, na sigla em inglês) e a “fazer esforços” para aumentar a ambição no corte de emissões ao longo do tempo. Além disso, devem se encontrar anualmente para realizar um balanço do progresso atingido.

A parceria é um aceno para manter viável a meta acordada na COP26 de “deter e reverter a perda florestal e a degradação de terra até 2030”. Para tanto, é necessário que as promessas saiam do papel, já que, segundo estudo independente publicado neste ano por organizações da sociedade civil, em 2021 o desmatamento global diminuiu apenas 6,3% em comparação com a taxa base de 2018 a 2020, percentual menor do que os 10% anuais de redução necessários para que o objetivo seja cumprido.

A FCLP tem como integrantes também Alemanha, França, Canadá, Finlândia, Austrália, Costa Rica, Paquistão e Quênia, entre outros. Sua atuação se dará em seis áreas específicas, entre elas, o investimento em economia e cadeia de fornecimento sustentáveis – o que significa desvincular a produção de commodities agrícolas da devastação ambiental –, o apoio a iniciativas lideradas por povos indígenas e comunidades locais, e o fortalecimento do mercado de carbono florestal.

O grupo anunciou já ter desembolsado U$ 2,6 bilhões dos U$ 12 bilhões prometidos no ano passado para proteger e restaurar as florestas, e que outros U$ 4,5 bilhões de doadores públicos e privados serão prometidos durante a COP27. Para a COP28, a promessa é de lançamento de um mecanismo financeiro que permita a implementação dos objetivos da parceria

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Pastagem com manejo e área agrícola avançam sobre vegetação nativa https://canalmynews.com.br/brasil/pastagem-com-manejo-e-area-agricola-avancam-sobre-vegetacao-nativa/ Fri, 07 Oct 2022 14:41:01 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34129 Dado está nas Contas Econômicas Ambientais da Terra do IBGE

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A vegetação florestal e a vegetação campestre no Brasil sofreram as maiores perdas de áreas entre 2000 e 2020, enquanto pastagem com manejo, área agrícola e silvicultura apresentaram os maiores acréscimos.

A pesquisa Contas Econômicas Ambientais da Terra: Contabilidade Física (Brasil 2000/2020), divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 64,7% das mudanças ocorridas foram sobre a vegetação nativa, regressão decorrente, especialmente, do avanço da pastagem com manejo e da lavoura.

“Evidencia-se que, desde 2000, as classes com maior participação no total de conversões foram as de vegetação florestal (40,4%), vegetação campestre (24,3%) e mosaico de ocupações em área florestal (19,2%). Ao considerar apenas as classes de vegetação nativa, nota-se que mais da metade das conversões que ocorreram no país no período estudado foram sobre vegetação florestal e campestre (64,7%)”, diz o estudo.

De 2000 a 2020, a vegetação campestre do país teve redução 10,6% (192,5 mil quilômetros quadrados) enquanto a vegetação florestal diminuiu 7,9% (320,7 mil km²). Somados, esses dois tipos de cobertura perderam 513,1 mil (quilômetros quadrados) km² entre 2000 e 2020, o equivalente a 6% do território do país.

No mesmo período (2000/2020), a área da silvicultura no país cresceu 71,4% (36 mil km²), a área agrícola aumentou 50,1% (229,9 mil km²) e a de pastagem com manejo, 27,9% (247 mil km²).

As mudanças mais intensas ocorreram nas bordas da Amazônia, no Matopiba, no sul do Rio Grande do Sul e na área que vai do oeste paulista ao leste de Mato Grosso do Sul e Goiás. O Matopiba é uma região de grande crescimento no cultivo de grãos, cujo nome é a combinação das siglas dos estados que têm cidades na região: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Segundo o IBGE, a diferença entre os anos de 2000 e de 2020 indica que importantes conversões de uso para atividade agrícola ocorreram na chamada fronteira agrícola do Brasil. Em diferentes regiões do país, mas em especial no bioma Cerrado, novas áreas foram convertidas em cultivo, muitas delas derivadas de pastagens, em geral com algum grau de degradação.

“Essas áreas tiveram seu uso convertido sob influência das condições de clima, solo e relevo favoráveis considerando-se as possibilidades de expansão da atividade agrícola com o uso de máquinas e à existência de uma infraestrutura de escoamento da produção (rodovias, ferrovias, portos, hidrovias). Em alguns casos, o preço da terra também é apontado como fator de atração”, informa a pesquisa.

A gerente de contas ambientais do IBGE, Ivone Batista, disse que, de modo geral, os pesquisadores observaram o percurso de mudanças de vegetação nativa para pastagem com manejo e, algum tempo depois, essa pastagem é convertida para agricultura. Ela destacou, entretanto, que essa dinâmica não é homogênea no território nacional, pois, muitas vezes, a vegetação nativa é derrubada para dar lugar a lavouras diretamente, a exemplo do que ocorre no cerrado.

“A dinâmica econômica é que movimenta as áreas e muda a paisagem, mas a custa de perda de áreas nativas”, disse Ivone.

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Desmatamento e outras atividades de impacto ambiental podem transformar a Amazônia em berço de novas doenças

De acordo com a pesquisa, as áreas agrícolas têm destaque especialmente nos estados de Mato Grosso (18,1%), São Paulo (14,9%), do Rio Grande do Sul (14,3%) e Paraná (10,5%) com os maiores percentuais de terras nessa classe, em relação ao total Brasil.

As lavouras tiveram crescimento também no Maranhão (2,8%), Tocantins (4,4%), Piauí (3,8%) e Bahia (2,7%), que integram o Matopiba, de 2000 a 2020.

O Pará foi a unidade da federação com a maior expansão de pastagem com manejo: 87,8 mil km²; e com maior redução de vegetação natural, 123,2 mil km².

De 2018 a 2020, 70 mil km² do país sofreram alguma mudança de cobertura e uso da terra, correspondendo a 0,7% do território nacional, ou uma área equivalente à de Alagoas e do Rio de Janeiro. O dado consta da publicação Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil (2018-2020) também divulgada nesta sexta-feira.

Neste período (2018/2020), as principais conversões foram de pastagem com manejo para área agrícola (14,9 mil km²), de mosaico de ocupações em área florestal para pastagem com manejo (12,3 mil km²) e de vegetação florestal para mosaico de ocupações em área florestal (11,8 mil km²).

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Dia da Amazônia: “Bolsonaro é o pior presidente para o meio-ambiente” https://canalmynews.com.br/brasil/dia-da-amazonia-bolsonaro-e-o-pior-presidente-para-o-meio-ambiente-diz-especialista/ Mon, 05 Sep 2022 18:09:00 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33515 Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, afirma que a única forma de salvar a maior floresta do mundo é votar consciente nessa eleição

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planilha

Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa (PR)

Muitas pessoas não sabem, mas em 5 de setembro é comemorado o Dia da Amazônia. Ou, infelizmente, deveria ser comemorado, se a maior floresta do mundo não estivesse tão deteriorada, correndo perigo há muito tempo. Foi para falar sobre isso que Myrian Clark recebeu, no Almoço do MyNews desta segunda-feira (05/09), Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, para falar sobre o Dia da Amazônia.

No próprio site do Observatório foi escrito um manifesto que diz: “Dia da Amazônia é o último com Bolsonaro, ou será o último – eleições gerais, que ocorrem em 27 dias, permitirão virar essa página trágica da história brasileira, varrendo a necropolítica do Planalto”. Na entrevista, Astrini endossa a crítica:

“Bolsonaro é o pior presidente, em disparado, em questões para o meio-ambiente. Temos deputados que votam a favor da caça, contra leis ambientais. Então a melhor forma de ajudar e de salvar a Amazônia é votar consciente na eleição do dia 2 de outubro. Enquanto sociedade civil, é o único modo das pessoas agirem, como indivíduos, para fazer algo pela floresta amazônica”.

Para conferir a entrevista completa sobre o Dia da Amazônia, assista o Almoço do MyNews desta segunda-feira:

 

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PF prende três suspeitos de ocultar corpos de Dom e Bruno https://canalmynews.com.br/brasil/pf-prende-tres-suspeitos-de-ocultar-corpos-de-dom-e-bruno/ Sun, 07 Aug 2022 04:48:10 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32605 Operação cumpriu sete mandados de prisão preventiva

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Policiais federais cumpriram hoje (6) sete mandados de prisão preventiva e dez de busca e apreensão em uma ação decorrente da investigação dos homicídios do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Dos mandados de prisão expedidos pela Justiça, dois foram cumpridos contra pessoas que já estão presas: Amarildo Costa de Oliveira, também conhecido como Pelado, e de Ruben Dario da Silva Villar, um cidadão colombiano conhecido como Colômbia.

Amarildo é um dos suspeitos de participar do crime. Dos outros cinco presos na ação de hoje, três são parentes de Amarildo que são investigados pela participação na ocultação dos corpos das vítimas. Colômbia foi preso portando documentos falsos e a PF identificou haveria fortes indícios de que ele seria líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal.

Todos os sete alvos da ação deste sábado são suspeitos de participar de uma quadrilha dedicada à pesca ilegal na região do Vale do Javari. Segundo a Polícia Federal (PF), o grupo exportava grande quantidade de pescado para os países vizinhos. A operação policial foi realizada nos municípios de Atalaia do Norte e de Benjamin Constant, no Amazonas.

O Ministério Público Federal (MPF) informou que solicitou os mandados de prisão preventiva à Justiça, com o objetivo de apurar a ação da quadrilha especializada na pesca ilegal, realizada em terras indígenas e em período de defeso.

Ainda de acordo com o MPF, é investigada a prática dos crimes de associação criminosa armada, pesca ilegal, contrabando, além das conexões do esquema com o caso Bruno e Dom.

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Aumento do ouro leva a um novo boom de garimpo na Amazônia https://canalmynews.com.br/brasil/pistas-de-pouso-ilegal-na-amazonia/ Wed, 03 Aug 2022 20:49:06 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32480 Greenpeace diz que reportagem do Intercept sobre pistas pouso na região mostra o tamanho da ilegalidade da mineração

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O Intercept Brasil denunciou as pistas de pouso ilegal na Amazônia. São 362 pistas de pouso e decolagem clandestinas e em volta das pistas têm rastros de desmatamentos e indícios de mineração do ouro.

Rômulo Batista, porta-voz  do Greenpeace Brasil, já sobrevoou a região muitas vezes num trabalho de monitoramento de desmatamento, queimadas e garimpo ilegal na Amazônia.  Ele disse que a matéria do Intercept mostra o tamanho da ilegalidade nessa questão de pistas de pousos. “É impressionante quando você vê no meio da floresta o desmatamento e quando se aproxima vê também as pistas de pouso”, diz.

Ele conta que sobrevoou na semana passada a região do Sul do Amazonas e flagrou um desmatamento de mais de 2 mil hectares e a única coisa que tinha próximo dele também era uma pista de pouso. “Então esse expediente de pista de pouso trazer desmatamento ele funciona bastante para trazer garimpo ilegal”, diz Rômulo. Em geral são pistas curtas para não chamarem atenção. Mas são facilmente identificadas por satélites porque você tem uma estrutura linear de 400 metros de extensão para poder fazer o pouso dessas aeronaves que carregam muito peso.  Essas aeronaves são utilizadas para abastecer de combustível e alimento essas áreas de exploração ilegal de ouro.

“É importante a gente falar que nos últimos anos a gente teve um boom de garimpos ilegais na Amazônia”, diz Rômulo. As razões para o boom são diversas. A primeira é o aumento do valor do ouro e o aumento do valor do dólar. “Estamos vivendo um momento de fuga de capitais para ouro e metais preciosos”, diz.

Outra razão que Rômulo aponta para este boom de mineração ilegal é a ausência de controle e comando na Amazônia nos últimos anos. “O que vimos foram cortes sucessivos de orçamento para os responsáveis em fazer fiscalização”.

A entrevista completa você pode conferir no video abaixo

 

 

 

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Colonização de novas áreas da Amazônia por uma espécie de pomba pode ter relação com o avanço do desmatamento https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/colonizacao-de-novas-areas-da-amazonia-por-uma-especie-de-pomba-pode-ter-relacao-com-o-avanco-do-desmatamento/ Mon, 18 Jul 2022 15:23:27 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31696 Pesquisadores analisaram mapas de ocorrência da espécie de pomba conhecida como avoante e de desmatamento da Amazônia no período de 38 anos.

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De importância estratégica para a cadeia ecológica e de grande sensibilidade às mudanças ambientais, as aves podem ser eficazes em estudos para entender a qualidade ambiental de uma região. Uma pesquisa publicada na revista “Acta Amazonica” nesta sexta (15) alerta para uma possível relação entre a ampliação na distribuição da espécie Zenaida auriculata na Amazônia e o avanço do desmatamento. Dos 804 registros de presença da ave no bioma entre 1982 e 2020, 32,2% ocorreram em pontos onde a espécie não era encontrada anteriormente. A análise revelou a ocorrência dessa ave em áreas desmatadas, principalmente nos últimos seis anos do levantamento (2014 – 2020).

Conhecida como avoante, pomba-campestre ou pomba-orelhuda, essa ave tem uma baixa sensibilidade às mudanças ambientais e costuma viver em áreas abertas, sendo encontrada em todos os biomas brasileiros, apesar de não ser típica da Amazônia. Com fácil adaptabilidade a locais que foram modificados por ação humana, a Zenaida auriculata alimenta-se basicamente de grãos. Estudos anteriores revelam que sua presença tem sido fortemente associada a locais onde existem lavouras, mas a espécie também é recorrente em áreas urbanas.

espécie de pomba

espécie de pomba é conhecida como avoante, pomba-campestre ou pomba-orelhuda. Foto: Arthur Chapman / Flickr

LEIA TAMBÉM: 18 espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP

No artigo, os pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e da empresa CMData basearam-se em dados de ciência cidadã para verificar a ocorrência dessa ave na região da Amazônia brasileira. Para isso, buscaram em plataformas digitais, como WikiAves, registros da espécie entre os anos de 1982 e 2020, além dos registros dessa expansão territorial de Zenaida auriculata. Os cientistas também coletaram informações de áreas que vêm sendo desmatadas na região Norte, a fim de confrontar com os pontos de registro da espécie.

“A avoante pode se beneficiar de culturas agrícolas, como soja, milho e trigo, uma vez que sua dieta inclui esses tipos de grãos. Esta pode ser uma das razões pela qual as populações dessa ave estão se dispersando para áreas desmatadas, em grande parte sendo ocupadas por tais culturas. O desmatamento no bioma Amazônico modifica áreas florestais, transformando-as em campos abertos, semelhantes ao hábitat preferencial de Zenaida auriculata, o que contribui para o sucesso da espécie em colonizar essas novas áreas”, explica Alexandre Gabriel Franchin, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

“A Zenaida auriculata é uma espécie bem-sucedida no ambiente urbano e em paisagens agrícolas, dois cenários relacionados com o desmatamento. Isso pode explicar como ela vem expandindo sua distribuição e colonizando diferentes áreas da Amazônia, dadas as drásticas mudanças que ocorreram neste bioma. Chamamos a atenção para o fato que esses registros continuem sendo monitorados para saber se essa ave vai se estabelecer definitivamente ou não nessas áreas que têm sido desmatadas na região Norte do nosso país”, destaca Gabriel Magalhães Tavares, pesquisador que também assina o estudo.

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Floresta Amazônica tem 30 a 40 mil espécies só de plantas, mostra estudo https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/floresta-amazonica-tem-30-a-40-mil-especies-so-de-plantas-mostra-estudo/ Fri, 08 Jul 2022 12:41:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31280 Trabalho divulgado nesta sexta-feira mapeia pesquisas científicas na região.

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Açaí, tucumã e buriti são os insumos da Floresta Amazônica que mais apareceram em estudos científicos publicados de 2017 a 2021 por instituições de pesquisa brasileiras sobre matérias-primas da região. Os estudos foram mapeados na publicação Bioeconomia amazônica: uma navegação pelas fronteiras científicas e potenciais de inovação, divulgada nesta sexta-feira (8).

O levantamento foi coordenado pela World-Transforming Technologies (WTT), com a participação da Agência Bori, e mapeou 1.070 artigos científicos publicados nos últimos cinco anos na base internacional de periódicos Web of Science. As áreas mais pesquisadas são ciência das plantas, ciências ambientais, ciência e tecnologia de alimentos, ecologia, bioquímica e biologia molecular.

“A gente precisa dar visibilidade à ciência feita na Amazônia e sobre a Amazônia. Há muita pesquisa sobre os ativos da biodiversidade que têm o potencial de resolver problemas importantes da sociedade, como tratamento de câncer, tratamento para prevenção de infecção com mercúrio, biomateriais, bioplástico. Há muita coisa interessante sendo pesquisada que pode, de fato, virar tecnologia, solução para problemas da sociedade”, diz o idealizador do estudo e gerente de operações da WTT, Andre Wongtschowski.

O bioma amazônico é continental, ocupa quase metade do território do país, é compartilhado por países vizinhos como Colômbia e Peru e se destaca como território de megabiodiversidade. Conforme ressalta a publicação, o número total de espécies de animais e plantas ainda não é conhecido, mas estima-se que existam pelo menos de 30 a 40 mil espécies apenas de plantas.

Insumos mais citados

A partir do mapeamento dos 1.070 artigos científicos, foram analisados 621 estudos, que seguem critérios de geração de novos conhecimentos e possíveis inovações a partir da sociobiodiversidade amazônica. Entre eles, 11 insumos aparecem em praticamente uma a cada três pesquisas: açaí, tucumã, buriti, piper, aniba, castanha do Brasil, andiroba, cupuaçu, lippia, guaraná e bacaba.

As pesquisas são variadas. Nelas, os insumos são usados, por exemplo, para supressão tumoral de células de câncer de ovário, agente sensibilizador para terapia fotodinâmica de câncer e como agente em combate a doenças infecciosas. As pesquisas trabalham também com a validação científica da utilização de insumos tradicionalmente empregados na medicina popular no tratamento de anemia, diarreia, malária, dores, inflamações, hepatite e doenças renais, dadas as atividades anti-inflamatória e antidiarreica, entre outras.

A aplicação pode ser feita também em diversas atividades industriais, como produtos artesanais, fabricação de tecidos, fios e redes de pesca, materiais cimentícios para construções sustentáveis, filmes biodegradáveis.

“Temos que dar visibilidade a essas pesquisas promissoras, para que elas saiam das prateleiras, saiam do papel e, de fato, se transformem em soluções para problemas importantes”, defende Wongtschowski.

Política nacional de inovação

Segundo o pesquisador, é necessária uma política nacional de inovação que estabeleça grandes objetivos a partir dos desafios do Brasil, que precisam ser resolvidos com a ciência. Nas soluções, é preciso engajar a comunidade científica, empresas, governos, organizações não governamentais e a sociedade em geral.

“É importante que esses desafios conversem com os desafios da sociedade, essas soluções precisam justamente olhar para os desafios que a gente tem como sociedade, sejam eles sociais ou ambientais”, diz Wongtschowski. “É preciso ter realmente a colaboração entre esses vários setores para que as soluções desenvolvidas fiquem de pé, para que configurem uma cadeia de valor de ponta a ponta, que entregue benefícios à população, que fomente a manutenção da floresta em pé, ou seja, que dê valor para os produtos da biodiversidade”, complementa.

A publicação traz ainda, em destaque, o resumo de sete estudos, selecionados a partir de critérios como potencial inovativo e relevância científica, social e econômica, além de cinco artigos analíticos inéditos escritos por pesquisadores, gestores e empreendedores de renome na área.

Ciência na Amazônia

A publicação destaca também que as especificidades e a complexidade da Amazônia devem ser levadas em consideração quando se trata de inovação. Uma vez que bases da bioeconomia no Amazonas encontram-se diretamente ligadas aos recursos nativos da fauna, flora e microrganismos do bioma amazônico, é preciso, acima de tudo, conservar a floresta e levar em consideração as populações locais.

Os autores propõem quatro princípios: conservação da biodiversidade; ciência e tecnologia voltadas ao uso sustentável da sociobiodiversidade; diminuição das desigualdades sociais e territoriais e expansão das áreas florestadas biodiversas e sustentáveis.

“Cada processo inovador necessita considerar as questões culturais, as salvaguardas socioambientais, os diversos territórios e o impacto a ser gerado para que essas tecnologias possam ser transformadoras do mundo, em um processo que fortaleça as populações locais e mantenha a floresta em pé”, diz a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Tatiana Schor, em um dos artigos da publicação.

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Amazônia: notícias atrasadas há meio século https://canalmynews.com.br/opiniao/amazonia-noticias-atrazadas-ha-meio-seculo/ Sun, 19 Jun 2022 15:02:58 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30220 O certo é que a Amazônia e sua conservação apresentam antigos desafios e dilemas. O emprego de novas tecnologias deveria facilitar o controle do avanço de atividades econômicas ilegais.

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Com o assassinato do indigenista Bruno e do jornalista britânico Tom, parece que repentinamente o Brasil descobriu a Amazônia e o que nela acontece. A manchete do “Uol” de hoje informa que “Garimpeiros ilegais do Brasil invadem área indígena na Amazônia venezuelana”. Como se sabe, as fronteiras brasileiras são “porosas” do Oiapoque a Chuí. Estrangeiros entram ilegalmente no Brasil e brasileiros também entram ilegalmente nos países vizinhos, quase sempre para atividades criminosas. Sobre isso há até um fato bastante curioso. Qualquer brasileiro que pegar um avião para Paris poderá entrar na França sem a necessidade de visto. Mas se esse mesmo brasileiro pegar um avião em Belém com destino a Caiena, na Guiana Francesa (território ultramarino francês, cujos habitantes são considerados franceses, votam nas eleições francesas e utilizam o euro como moeda), precisará obter um visto de entrada junto a algum consulado francês. Essa exigência é feita justamente por conta das hordas ilegais de garimpeiros e madeireiros brasileiros que costumam invadir a Guiana a partir do Amapá.

Sobre a invasão de áreas indígenas venezuelanas o problema é antigo, tem meio século e foi bem registrado pelo famoso antropólogo norte-americano Napoleon Chagnon no seu livro de memórias (sem tradução para o português) intitulado: “Nobres selvagens. Minha vida entre duas perigosas tribos – os Ianomâmis e os antropólogos”, de 2013. Chagnon passou mais de 30 anos fazendo pesquisas de antropologia cultural entre os ianomâmis venezuelanos, mas algumas vezes cruzou a fronteira para o Brasil para identificar semelhanças e diferenças entre as tribos dos dois lados da fronteira. Em 1967 ele fez a primeira dessas incursões. Vale a pena transcrever um pequeno trecho do seu livro para mostrar o que era aquela região, não muito distante do Vale do Javari, há 50 anos atrás:

“Os ianomâmis brasileiros sofriam muito mais ameaças – e mais sérias – à sua cultura e sobrevivência demográfica do que os ianomâmis venezuelanos, após, aproximadamente, 1970. No Brasil colonos, garimpeiros, madeireiros, fazendeiros, militares e grileiros pareciam de prontidão para saltar sobre as fronteiras das áreas ianomâmis após meados dos anos 1960, quando a construção de uma importante rodovia através da desconhecida selva amazônica estava em processo. Na Venezuela a situação era diferente, porque os ianomâmis venezuelanos não eram ameaçados por madeireiros nem por garimpeiros. Os militares venezuelanos não estabeleceram presença constante nas terras ianomâmis até 1987, quando garimpeiros brasileiros subitamente invadiram aquelas terras do lado brasileiro e alguns deles atingiram as nascentes dos rios na região do Alto Orinoco antes de serem repelidos pelos militares venezuelanos”.

No parágrafo acima Chagnon resume a situação naquela área da Amazônia, mostrando os interesses que até hoje se articulam e destroem o meio ambiente e também os povos tradicionais e os ribeirinhos.

Mas nem mesmo aqueles que deveriam proteger os indígenas se salvam de sérias acusações sobre violação de direitos dos indígenas. O próprio Changnon foi falsamente acusado por colegas de espalhar sarampo (que é letal para os índios) durante uma pesquisa científica dos anos 60. Ele também foi repudiado por líderes religiosos salesianos da Venezuela por denunciar que essa Ordem religiosa havia distribuído armas de fogo entre os ianomâmis (que as utilizaram tanto contra inimigos como em brigas domésticas). Ao descrever o modo de vida dos ianomâmis, Chagnon mostrou o espantoso nível de violência que existe entre os diferentes grupos. Ele estimou que 35% das crianças recém nascidas são mortas pelas mães (a maioria meninas). As brigas entre homens é uma constante, especialmente para conseguir mulheres (já que a proporção em cada grupo é de 100 mulheres para cada 135 homens). É comum homens de uma tribo invadir a área de outra simplesmente para sequestrar mulheres (e se a mulher sequestrada tiver um filho no colo, este é simplesmente assassinado). Por isso é difícil achar um ianomâmi adulto que não apresente um sério defeito ou cicatriz no rosto decorrente de brigas ocorridas entre eles. A vida diária de um ianomâmi está longe de ser paradisíaca…

O certo é que a Amazônia e sua conservação apresentam antigos desafios e dilemas. O emprego de novas tecnologias deveria facilitar o controle do avanço de atividades econômicas ilegais. Os recursos financeiros existem, inclusive de fundos internacionais. Resta empregá-los de forma eficiente sabendo que fortes e antigos interesses serão contrariados e de que não há consenso sobre como proteger os indígenas.

*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.

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Amazônia: crime e estado desorganizado https://canalmynews.com.br/opiniao/amazonia-crime-e-estado-desorganizado/ Fri, 17 Jun 2022 13:27:57 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30125 Se o combate ao narcotráfico e ao contrabando tem se revelado um fracasso numa cidade como São Paulo, imagina-se o que deva ser na Amazônia.

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O pescador “Pelado”, do vale do Javari, nos confins da Amazônia, confessou ter assassinado Dom e Bruno por iniciativa própria. Ou seja, segundo o pescador não se trata de um crime encomendado. A declaração de Pelado até faz sentido. Se a criminalidade na Amazônia estivesse de fato organizada, com uma estrutura de comando estruturada, inclusive com lideranças com experiência internacional, dificilmente seria expedida uma ordem para assassinar um jornalista do “The Guardian”. Os “pelados” da Amazônia são semianalfabetos que exploram os recursos da região com base na truculência contra pessoas ainda mais destituídas do que eles. Os “pelados” não tem conhecimento para distinguir entre “brunos” e “doms”, ou entre “brunos” e agentes da FUNAI ou IBAMA. Todos são inimigos a serem eventualmente assassinados. Os “pelados” contam com a impunidade.

O caso de assassinato envolvendo o jornalista Dom e o indigenista Bruno foi um ponto totalmente fora da curva considerando os homicídios que acontecem no Brasil. Normalmente a maioria dos assassinatos ficam sem identificação de autoria. Isso ocorre em todo o território nacional. Mesmo na cidade de São Paulo há regiões onde mais de 50% dos homicídios ficam sem esclarecimento. No caso de Dom e Bruno, como houve um clamor internacional, as forças públicas tiveram que se mobilizar para dar uma resposta rápida, localizando ao menos os corpos e os autores do crime.

Se o combate ao narcotráfico e ao contrabando tem se revelado um fracasso numa cidade como São Paulo, onde o Estado se encontra mais presente (isto é, a União, o estado de São Paulo e o município), imagina-se o que deva ser na Amazônia. Quem se der ao trabalho de percorrer as ruas do centro de São Paulo poderá verificar a quantidade de vendedores ambulantes vendendo mercadorias roubadas, falsificadas ou contrabandeadas. Muitas vezes na frente de policiais militares ou da Guarda Civil Metropolitana. Se o crime é tolerado diante de autoridades em São Paulo, o que dizer sobre Atalaia do Norte? Se ocorrem “arrastões” na frente de delegacias em São Paulo, o que esperar em Tabatinga? A imprensa cansa de registrar em fotos e vídeos traficantes agindo na Cracolândia paulistana. Então a polícia as vezes executa alguma operação para prender traficantes, mas no dia seguinte continua tudo como antes. Baixada a poeira, o Vale do Javari voltará a ser o Vale do Javari, assim como a região central de São Paulo volta a ser o que é após cada ação mais contundente do poder público, mas descontinuada e descoordenada.

Considerando todo esse estado de coisas, a hipótese mais provável para explicar o crime contra Dom e Bruno é que estamos diante de um Estado falido e não de um “crime organizado”. As inúmeras instituições que deveriam combater o crime em todo o território nacional não conseguem se articular. As informações entre órgãos não flui. O Judiciário tem um entendimento sobre o combate ao crime diferente dos demais poderes. Não há o estabelecimento de prioridades no combate à criminalidade. Além da desorganização, as polícias em geral estão mal aparelhadas. Falta equipamentos, veículos, lanchas, gasolina, munição e serviços de inteligência. E na rara hipótese de esclarecimento de um crime, o bandido tem uma infinidade de recursos diante do Judiciário.

Com um bom advogado, como aqueles que servem a muitos políticos brasileiros, “Pelado” conseguiria responder por seu crime em liberdade e quem sabe se beneficiar com a prescrição, aproveitando a avalanche de recursos judiciais a que tem direito. Em 2045 algum tribunal superior em Brasília confirmaria a prescrição – ou alguma ilegalidade na coleta de provas, levando a anulação do processo – e “Pelado”, quem sabe já aposentado das suas atividades pesqueiras, continuaria a levar sua vida de ilícitos nos confins da Amazônia.

*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.

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Suspeitos confessam assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira na Amazônia https://canalmynews.com.br/brasil/suspeitos-confessam-assassinato-de-dom-phillips-e-bruno-pereira-na-amazonia/ Wed, 15 Jun 2022 19:29:47 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30013 Irmãos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo da Costa Oliveira disseram que vítimas foram esquartejadas e queimadas

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O pescador Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, confessou que ele seu irmão, o “Pelado”, foram os responsáveis pelo assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. A confissão foi revelada por agentes da Polícia Federal nesta quarta-feira (15).

Os corpos da dupla teriam sido esquartejados e queimados em uma vala no Vale do Javari. Na manhã do dia 5 de junho, o jornalista e o indigenista foram vistos pela última vez quando saíram da Comunidade São Rafael rumo a Atalaia do Norte (AM); desde então, os dois não foram mais encontrados.

De acordo com o depoimento do pescador, Dom e Bruno teriam fotografado os irmãos pescando ilegalmente no rio Itaquaí, no Amazonas, no dia 5. Oseney e Amarildo estariam pescando pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo. A pesca do peixe é proibida desde a década de 1980 e só pode ser praticada dentro de sistemas de manejo específicos.

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Na tarde desta quarta-feira (15), Oseney foi levado por agentes da PF para apontar o local do crime.

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira (3) no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas. Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

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Os desaparecidos e o controle da Amazônia https://canalmynews.com.br/brasil/os-desaparecidos-e-o-controle-da-amazonia/ Wed, 15 Jun 2022 12:37:21 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30003 O Estado brasileiro perdeu o controle sobre a Região Amazônica. As leis brasileiras - boas ou más, não importa - simplesmente não valem naquela vastidão territorial.

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A entrevista concedida por Sydney Possuelo ao “Roda Viva” em 13 de junho lançou algumas luzes importantes sobre como o Estado brasileiro perdeu o controle sobre a Região Amazônica. As leis brasileiras – boas ou más, não importa – simplesmente não valem naquela vastidão territorial. Possuelo, ex-presidente da Funai (1991 – 1993) e conhecedor profundo da região, relatou uma infinidade de atos ilegais cometidos por brasileiros e estrangeiros. A voracidade crescente com que as riquezas da Amazônia vem sendo dilapidadas, com emprego de violência contra indígenas e ribeirinhos, é assustadora. Está ocorrendo uma verdadeira rapina antiecológica contra aquele bioma em proporções nunca vistas.

Entre as muitas coisas que causam espanto é o fato de que nem sempre foi assim. Houve tempo em que o governo impunha suas regras na região. Temos, por exemplo, o caso do explorador alemão Alexander von Humbold. Ele liderou uma expedição científica à América Latina, que durou quatro anos, no final do século XVIII. A Corte Espanhola o autorizou a desbravar territórios que hoje pertencem à Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, entre outros. Humboldt tentou incluir o Brasil em seu roteiro, mas Dom João VI, então príncipe regente, desconfiou sobre as reais intenções do alemão e proibiu o seu ingresso na Amazônia. Mandou ordens para os fortes que protegiam a região para prender Humboldt, se ele entrasse no Brasil. Resultado: Humboldt mapeou o canal do Cassiquiare (que liga as bacias do rio Orinoco com a do rio Negro), mas não adentrou na Amazônia brasileira. Do ponto de vista científico foi uma perda enorme, mas a Corte portuguesa demonstrou em 1800 que ela estava no controle da região.

Nas últimas décadas o estado brasileiro foi perdendo a sua soberania sobre a a Amazônia das mais diversas formas. Em 2003 uma expedição militar francesa, a bordo de um Hercules C-130, com 11 militares e diplomatas a bordo, pousou no aeroporto de Manaus sem maiores explicações. Aparentemente seria uma operação de resgate da senadora colombiana Ingrid Betancourt, que teria sido levada sequestrada pelas FARC para território brasileiro, onde seria entregue diretamente para as autoridades francesas. A missão não resultou em nada, houve pedido protocolar de explicações à França e o incidente logo caiu no esquecimento. Mas além do avião militar francês, sabe-se que diariamente o espaço aéreo da Amazônia é violado por aeronaves nacionais e estrangeiras. Desde narcotraficantes até contrabandistas de ouro e metais preciosos cruzam sem controle os céus da região. O trânsito de embarcações também ocorre sem controle. O crime organizado se infiltrou até nos confins da floresta, como demonstra o desparecimento do jornalista inglês e do indigenista brasileiros. O vale do rio Javari, onde eles desapareceram, fica numa das áreas mais remotas da Amazônia, distante de qualquer cidade. Mas agora sabe-se que barcos pesqueiros de grande porte estão chegando até lá, praticando uma pesca predatória em prejuízo das comunidades indígenas e ribeirinhas. Até mesmo extração de madeira em grandes proporções foram registradas naquela remota área.

Diante desse quadro é razoável indagar-se como a Coroa de Portugal conseguiu manter a sua soberania sobre a Amazônia, com apenas alguns fortes estrategicamente localizados, mas o atual Estado brasileiro não consegue inibir o narcotráfico, a prostituição infantil, o garimpo ilegal, a pesca e a caça predatórias, o desmatamento sem controle, a grilagem de terras, a violência contra silvícolas, etc. O que fazem as polícias militares desses estados, a Polícia Federal, a Marinha, o Exército, a Força Nacional de Segurança Pública, os ministérios da Justiça, da Pesca, das Minas e Energia, do Meio-Ambiente, a Funai, o IBAMA, o Ministério Público e o Judiciário? Há toda uma estrutura montada, mas que se demonstra completamente ineficaz para impor as leis brasileiras naquela região. Mas a situação é pior do que mera incapacidade ou inoperância do Estado brasileiro. Como comentou Possuelo, as autoridades brasileiras são muitas vezes ameaçadas pelos criminosos e não raramente executadas pelos bandidos que mandam na Amazônia.

Que o desaparecimento do jornalista britânico, com o clamor internacional que causou, sirva para que o Estado brasileiro retome aquela enorme área e proteja os cidadãos que lá vivem.

 

*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.

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PF e indígenas dizem que corpos de Dom Phillips e Bruno Pereira não foram encontrados https://canalmynews.com.br/brasil/familiares-de-dom-phillips-afirmam-que-corpos-foram-encontrados-pf-e-indigenas-dizem-que-buscas-continuam/ Mon, 13 Jun 2022 19:58:37 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=29864 Familiares do jornalista foram avisados sobre uma suposta descoberta dos corpos na região onde ocorrem as buscas

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A Polícia Federal e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmaram, na manhã desta segunda-feira (13), que os corpos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira ainda não foram encontrados.

A informação contradiz as notícias de que familiares de Dom Phillips teriam sido avisados sobre dois corpos encontrados na região onde ocorrem as buscas. A esposa de Phillips, Alessandra Sampaio, afirmou, na manhã de hoje, que foi alertada sobre a existência de dois corpos que seriam submetidos a perícias. A informação foi publicada pelo jornalista André Trigueiro.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, outros familiares do jornalista foram informados pela Embaixada Britânica sobre os dois corpos não identificados.

Em nota, a Polícia Federal nega que os agentes envolvidos na busca tenham encontrado os corpos. A informação foi confirmada por representantes da Univaja, organização local que denunciou o desaparecimento da dupla e que tem atuado nas buscas.

“O Comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal (AM), informa que, não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips”, diz a nota da PF.

Dom e Bruno estão desaparecidos há mais de uma semana no Vale do Javari, no Amazonas. No domingo (12), a Polícia Federal encontrou pertences do jornalista e do indigenista. Em nota, a corporação afirmou que foram encontrados um cartão de saúde com o nome de Bruno Pereira, roupas, calçados e uma mochila que pertencia ao britânico.

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Ainda no domingo, a Univaja afirmou ter encontrado uma nova embarcação na mesma região em que são realizadas as buscas.

Veja a nota da PF
O Comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal/AM, informa que, não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips.

Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos.

Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados.

Saiba mais no Almoço do MyNews desta segunda-feira (13):

 

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Suspeito de desaparecimento de jornalista e indigenista denuncia tortura https://canalmynews.com.br/brasil/suspeito-de-desaparecimento-de-jornalista-e-indigenista-denuncia-tortura/ Fri, 10 Jun 2022 19:46:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=29677 Documento obtido pela Pública revela que “Pelado” relatou a peritos da Polícia Civil do Amazonas ter sofrido espancamento e sessões de asfixia por parte dos PMs.

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agência pública

Amarildo da Costa Oliveira, apelidado de “Pelado”, suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, disse ter sido torturado pela Polícia Militar do Amazonas em depoimento prestado a peritos da Polícia Civil do estado. As agressões teriam ocorrido durante sua prisão em flagrante, na última terça-feira, 7 de junho, por posse de munição restrita e permitida, segundo a polícia civil. Sua prisão preventiva foi decretada ontem, 9 de junho, pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, durante a audiência de custódia depois de a polícia revelar ter encontrado sangue na lancha dele. Não se sabe a origem do sangue que ainda será periciado.

amarildo desaparecimento de jornalista

Amarildo da Costa Oliveira, apelidado de “Pelado”. Foto: Reprodução TV Globo

Em um laudo que consta do auto de prisão de Amarildo, obtido pela Agência Pública (o processo está sob sigilo), respondendo a quesitos, os peritos médicos da Comarca de Atalaia do Norte da Polícia Civil do Amazonas relatam que: 1) quanto “às ofensas à integridade corporal do paciente: “lesões nas munhecas, lesões leves”; 2) sobre o instrumento que produziu a ofensa: “segundo o paciente, pisaram nas pernas, edema leve”; 3) se a ofensa foi produzida por “meio insidioso ou cruel”: “paciente refere que colocaram sacola em sua cabeça”, “asfixia”. Por fim, sobre se “a ofensa resultou em risco de vida”, os peritos respondem: “não apresenta evidência, só relato do paciente que desmaiou”.

Nos depoimentos de dois PMs que fizeram a prisão, que também constam do auto de prisão, as lesões apontadas no laudo também são citadas mas, segundo os policiais ouvidos, ele já estava com hematomas quando foi detido e teria machucado as pernas ao desembarcar machucado da lancha. Segundo seu então advogado, Ronaldo Caldas, que o acompanhou na prisão, Amarildo lhe disse que os PMs o teriam levado, já preso, para a lancha deles e depois conduzido a um “furo”, onde teriam ocorrido as sessões de tortura. “Colocaram saco em sua cabeça o asfixiando”, afirmou Caldas. O advogado também disse que Amarildo relatou ter desmaiado três vezes, acordando quando os policiais jogavam água em sua cabeça. “[Amarildo] Chegou aqui molhado ainda”, afirmou o advogado por meio de mensagem. Caldas falou à Pública antes de deixar a defesa de Amarildo, depois que a imprensa revelou que ele também é procurador do município de Atalaia do Norte.

laudo pericial amarildo

Laudo anexo ao auto de prisão de Amarildo. Foto: Reprodução

Os depoimentos dos PMs e de “Pelado”

Em seu depoimento ao delegado da Polícia Civil de Atalaia do Norte, Alex Perez, que consta do auto da prisão obtido pela reportagem, o sargento Massicley Araujo Freitas, relata as circunstâncias da detenção  de “Pelado”. Segundo ele, abordados pela polícia, “ribeirinhos, que não quiseram se identificar” disseram que cerca de 10 minutos depois de Bruno e Dom passarem de barco, haviam visto “Pelado” passar em frente da comunidade, “no mesmo sentido da lancha de Bruno Pereira”.

Informada do paradeiro de “Pelado”, a “equipe policial se deslocou até o lugar indicado, encontrando o referido cidadão na comunidade de São Gabriel”. Feitas as buscas na casa dele foram encontrados 16 chumbinhos, um cartucho deflagrado de calibre 16; 01 munição de uso restrito de calibre 762.39; 01 porção de substância de cor branca. Então, “foi realizada a condução de Amarildo da Costa de Oliveira, vulgo “Pelado”, para 50a DIP para as providências cabíveis.

Em seguida o sargento detalha: QUE o flagranteado já apresentava os hematomas no nariz e no ombro esquerdo no momento de sua detenção no referido local, QUE foi foi feito o uso de algemas conforme súmula vinculante número 11, e que ao desembarcar da lancha o mesmo veio a escorregar e machucou suas pernas (…)”.

O mesmo enredo, com a mesma referência aos machucados, foi repetido no depoimento do cabo que participou da prisão.

Na oitiva ao delegado, “Pelado”, além de negar envolvimento e conhecimento sobre o desaparecimento de Bruno e Dom, também reclamou de maus tratos. Segundo a transcrição de seu depoimento, ele se queixou “da truculência desde sua residência até a Delegacia” e pediu ao delegado que fosse feito um exame de corpo delito.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas informou que foi criada uma força tarefa, com todos os órgãos envolvidos na operação, para localizar os dois desaparecidos, na qual o porta-voz oficial é a Polícia Federal. A reportagem perguntou a PF se foi realizado o exame de corpo de delito em Amarildo, se a conduta dos policiais que efetuaram a prisão será investigada a partir do relato oficial do suspeito e quais outras medidas serão adotadas para esclarecer os fatos narrados no depoimento. Até a publicação desta reportagem, não houve resposta do órgão.

Vizinhos falaram à Pública sobre Amarildo 

Agência Pública esteve na manhã desta sexta-feira (10) no endereço indicado por Amarildo da Costa de Oliveira como sua segunda moradia — a primeira foi a comunidade de São Gabriel. É uma casa de madeira no final de uma rua de asfalto esburacado e sem esgotamento sanitário no bairro de Cidade Nova, a cerca de 5 minutos de mototáxi do centro de Benjamin Constant (AM), à margem do rio Javari.

Um morador e comerciante da rua, que pediu para não ter o nome publicado, contou que Oliveira era conhecido como pescador e caçador. Ele costumava vender carne de animais silvestres e peixe para os vizinhos como “um modo de sobrevivência”, disse o comerciante. Transportava a carne numa “carroça”, como é chamada na região uma pequena carreta puxada por motocicleta. Vendia pacu, anta, paca, sardinha, porco-do-mato. Quando ele voltava das caçadas, disse o vizinho, os moradores ficavam sabendo pela passagem da “carroça” na rua e se dirigiam à casa dele para comprar o material.

Nas caçadas, disse o vizinho, Oliveira usava espingarda e armadilhas com pólvora e chumbo que são montadas na mata e acionadas pela passagem do animal. O vizinho disse que não esperava a prisão e que não acredita que Oliveira tenha cometido crime contra Bruno Pereira e Dom Phillips porque “era pacato, tranquilo”. Disse que Oliveira tinha uma espingarda, mas não a exibia na rua ou em bares. Disse ainda que nunca viu Oliveira com um fuzil — a polícia disse ter apreendido com ele uma munição de fuzil.

Agência Pública ouviu de outros moradores que é comum na cidade a venda, inclusive em barracas instaladas a céu aberto em determinados pontos, de animais silvestres abatidos na região. Essa cena parece ter sumido nos últimos dias devido à presença de policiamento nos rios à procura dos desaparecidos.

Na casa indicada por Oliveira moram o pai, Otávio Oliveira dos Santos, e a madrasta, que disse se chamar Saíra. Ela afirmou que seu marido viajou há dois dias para Atalaia do Norte — que fica a cerca de 40 minutos de carro de Benjamin Constant — a fim de acompanhar a situação do filho preso. Segundo Saíra, ela não consegue contato telefônico com o marido porque a telefonia na região está muito ruim. Ela disse que está casada há oito anos com Otávio e indicou a vizinha ao lado, que se identificou como Maria, como uma “comadre” que poderia falar mais sobre Oliveira.

Maria disse que ficou surpresa com a notícia da prisão e que conhece Oliveira há 10 anos como sua vizinha mais próxima. “A gente não acredita, parece um sonho, um pesadelo”, disse Maria. Ela afirmou não ter nenhuma informação sobre Oliveira ter sofrido violência policial porque só sabe “o que está saindo no jornal” das emissoras de televisão.

Ontem, o Jornal O Globo noticiou que uma testemunha considerada chave na investigação teria afirmado que o suspeito seria conhecido por ser “muito perigoso” e havia prometido “acertar contas” e “trocar tiros” com Bruno Pereira. Além disso, a testemunha teria dito que viu Amarildo carregar uma espingarda e fazer um cinto de munições e cartuchos pouco depois que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips deixaram a comunidade São Rafael com destino à Atalaia do Norte, na manhã do último domingo.

Hoje, segundo noticiou o G1 Amazonas, as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips passaram a se concentrar em uma área abaixo da “Comunidade Cachoeira”, em Atalaia do Norte. Voluntários disseram às equipes de busca que encontraram sinais de escavação às margens do Rio Itacoaí, local onde Bruno Pereira e Dom Philips foram vistos navegando.

*Reportagem originalmente publicada na Agência Pública

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Txai Suruí: ‘Não estão queimando só a Amazônia, estão queimando as pessoas’ https://canalmynews.com.br/politica/txai-surui-nao-estao-queimando-so-a-amazonia-estao-queimando-as-pessoas/ Sat, 23 Apr 2022 15:00:13 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27796 Uma das principais liderança jovens de Rondônia, Txai falou sobre a mobilização da juventude indígena no Estado e a importância das eleições de 2022 para preservar a floresta.

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Txai é um apelido para Walelasoetxeige, nome que significa “mulher inteligente” em Tupi Mondé, a língua falada pelo povo Paiter Suruí, que vive em Rondônia. Filha de duas lideranças históricas de seu estado — o cacique Almir Suruí e a ativista Ivaneide Bandeira, fundadora da organização de defesa etnoambiental Kanindé —, a jovem ativista se destacou no ano passado ao discursar na 26º Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia. Além de representar os povos brasileiros em eventos nacionais e internacionais, Txai hoje coordena o movimento da juventude em defesa dos direitos dos povos tradicionais em seu estado.

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“Quando a gente fala em destruição e desmatamento da Amazônia, as pessoas acham que só estão cortando árvores, só estão botando fogo na Amazônia, e elas não se dão conta de que quando a gente vai fazer o nosso monitoramento para a defesa do nosso territórios, as nossas vidas estão em risco”, afirmou em entrevista à Agência Pública, dias depois do 18° Acampamento Terra Livre, que reuniu cerca de 8 mil de indígenas em Brasília. “A gente não só está fazendo essa proteção, a gente está fazendo essa proteção com nossas vidas.”

Mesmo já tendo ido três vezes a Brasília com o movimento indígena, esse foi o primeiro ATL que a jovem liderança acompanhou. Txai Suruí esteve presente na primeira semana da mobilização, junto à delegação de Rondônia e à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Com agenda apertada, participou de plenárias no local e reuniões no Senado e no domingo (10) voou para São Paulo, para participar da primeira exibição brasileira do filme ‘O Território’, que conta a história de luta do povo rondoniense Uru-Eu-Wau-Wau na defesa de seus territórios contra posseiros, desmatadores e agricultores.

Da capital paulista voou para a Holanda para levar o filme para outro festival, o holandês Movies That Matter [do inglês, Filmes que importam, em tradução livre], que promove obras que abordam os direitos humanos. Retornou na última semana a Porto Velho, onde mora, direto para o trabalho.

Txai Suruí foi a primeira de seu povo a cursar direito na Universidade Federal de Rondônia e, além de atuar na ONG Kanindé, que hoje atende 21 povos no estado, ajudou a criar seu próprio movimento para organizar os jovens indígenas rondonienses que trabalhavam cada qual em seu território. “Se está todo mundo fazendo a mesma coisa e junto a gente é muito mais forte, por que a gente ainda não está organizado?”, foi a pergunta que fundou a Juventude Indígena de Rondônia, que tem representantes em 12 povos.

“Querendo ou não a gente vive em um outro tempo, e hoje o nosso tempo é um tempo muito jovem. É um tempo muito tecnológico, muito rápido, que é uma coisa muito diferente do que os nossos mais velhos viveram, principalmente de alguns povos daqui”. A ativista também é conselheira da WWF Brasil e voluntária do Engajamundo, ONGs que abordam questões climáticas, ambientais e sociais.

Txai conta que a Juventude Indígena também está empenhada em aumentar a representatividade indígena no Congresso e em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral e a Universidade Federal de Rondônia tem se mobilizado para regularizar os documentos de seus povos a tempo da eleição. Isso inclui um esforço para levar as urnas para as aldeias. “O mundo inteiro está falando que o mundo está acabando, é literalmente isso que está acontecendo e já tem pessoas morrendo por isso, inclusive os povos indígenas. Para mudar isso, a gente tem que mudar o nosso Congresso também.”

Leia a entrevista com Txai Suruí na íntegra:

Como começou a sua trajetória enquanto ativista e liderança jovem?

É muito difícil falar sobre quando começou essa trajetória, porque eu venho seguindo muito a trajetória dos meus pais, que também são dois ativistas de direitos humanos, meio ambiente e direito dos povos indígenas. Quando eles foram perseguidos, ameaçados, e a gente teve que ser escoltado pela Força Nacional, eu vivi isso e meus irmãos viveram isso.

Mas existem historinhas [sobre o meu ativismo] que minha mãe e meu pai sempre contam: a minha mãe conta que a gente estava em um protesto e eu sumi, eu tinha cinco anos, e quando ela me achou eu estava com o microfone na mão segurando a mão de um político, algum político do Partido Verde, pedindo pelos direitos das crianças. Ainda quando eu era pequenininha, tem uma história também com meu pai e com meu avô, que eu tava na aldeia na linha 12 —  as aldeias se organizam em linhas — e todos os representantes do meu povo estavam nessa aldeia para alguma comemoração lá, e aí o meu avô e meu pai me colocaram em cima de um tronquinho e disseram que eu era “labiway”, o que significa líder na língua do meu povo. Eu sempre fui muito ligada às organizações, quando eu estava na faculdade eu fazia parte do centro acadêmico, fui a primeira presidente indígena do centro acadêmico de Direito da UNIR [Universidade Federal de Rondônia], mas passei a me declarar ativista em 2018, quando eu começo a trabalhar na Canindé, que é uma organização que foi fundada pela minha mãe para trabalhar com povo Uru-Eu-Wau-Wau. Essa questão de ativismo é uma coisa que está na minha família desde sempre e a gente sempre esteve ligado nisso, mesmo pequenininhos.

Quando você decidiu fundar a Juventude Indígena de Rondônia?

Foi durante a pandemia, em 2020. A gente fundou o movimento na internet mesmo, pelo WhatsApp, pelas mídias sociais, e foi com o intuito de organizar os jovens líderes que a gente já via dentro dos territórios se articulando e trabalhando na luta. Só que eu via isso e pensava “‘tá todo mundo fazendo a mesma coisa e junto a gente é muito mais forte, por que a gente ainda não está organizado?”. E aí veio a ideia da gente se organizar e se articular como jovem para fortalecer o próprio movimento indígena aqui do Estado. Hoje eu digo com certeza que as organizações indígenas mais fortes do meu estado são o movimento da juventude e a associação de mulheres.

O grupo da juventude tem alguma pauta principal?

[O objetivo principal] era unir todas essas lideranças jovens, porque o que a juventude sofre é o que o território inteiro sofre. O que uma mulher indígena passa é o que o território dela está passando também, e o que os jovens indígenas passam também é o que o território está passando. A gente também traz outras pautas mais jovens, como educação. Falamos muito da importância da formação, não só formação profissional dentro da universidade, mas formação política dos jovens e a importância de formar os jovens politicamente para estarem engajados na defesa dos seus direitos. A gente traz as pautas que são comuns, de território, do que a gente está passando, de saúde, de educação, mas principalmente tentando trazer um olhar jovem sobre a coisa, um olhar diferenciado. Uma coisa é como o jovem está passando por aquilo, como ele vê aquilo, e como os outros, os mais velhos, veem o que eles estão passando. Querendo ou não a gente vive em um outro tempo, e hoje o nosso tempo é um tempo muito jovem. É um tempo muito tecnológico, muito rápido, que é uma coisa muito diferente do que os nossos mais velhos viveram ou viviam, principalmente de alguns povos daqui.

Por exemplo, o próprio [povo] Uru-Eu-Wau-Wau tem 30 anos de contato [com a sociedade nacional]. Trinta anos de contato é ontem. O próprio Suruí, que tem 50 anos de contato, ainda é muito pouco tempo. Têm mais velhos nossos que não falam português. Tudo isso traz a juventude mais para essa luta também. Meu pai fala para mim que o meu filho, o próximo depois de mim, a próxima geração, vai saber mais do que eu, como ele sabe mais do que o pai dele. A gente como jovem consegue se apoderar dessas novas pautas, que são as mídias sociais, que é a comunicação, que hoje são armas mesmo para a gente denunciar e para gente fazer a própria preservação da nossa cultura.

Juventude indígena tem se mobilizado pela defesa de seus territórios. Foto: Andressa Anholete (Agência Pública)

Ao contrário de outras comunidades, onde os idosos são desvalorizados por não terem valor no sistema de produção, os anciões são muito importantes para os povos indígenas, já que carregam conhecimentos e sabedoria. Ao mesmo tempo, estão surgindo jovens lideranças indígenas, que estão ganhando destaque nacional e internacionalmente. De que forma uma jovem liderança indígena, como você, dialogou com os anciões e representantes tradicionais de sua comunidade para assumir esse protagonismo sem desrespeitar os mais velhos? Como funciona esse diálogo e esse processo?

Ainda existe [diálogo], é uma coisa que a gente está conquistando como juventude. Durante muito tempo a gente teve que ganhar a confiança dos mais velhos e das lideranças tradicionais, porque tinha essa coisa do “ai, mas você é muito jovem, você não viveu o que eu vivi, você não sabe como era antes”. Quando a gente é jovem muitas vezes ainda há um receio, e isso acontecia com a gente.

Como movimento da juventude, a gente era muito criticado, [como se] os jovens só quisessem se divertir. Foi um processo muito de tomada de confiança, de mostrar para eles o nosso trabalho, de mostrar o que a gente estava fazendo como movimento, o que a gente estava articulando como juventude, e que nunca foi uma questão de tomar o lugar de ninguém. Nunca foi algo assim, mas sempre de somar junto, somar às lideranças tradicionais, somar a quem já está aí na luta, até porque a gente sabe que essas pessoas vieram antes da gente e que, se não fossem elas, a gente não ia estar onde a gente está hoje. Não ia ter conquistado o que a gente conquistou.

Hoje eles confiam muito mais na gente, e os jovens que fazem parte da juventude também estão em outras organizações. Não é que a gente esteja criando lideranças ou engajando outras pessoas, os jovens já estavam fazendo esse trabalho [antes da criação do grupo]. A maioria está nas associações dos seus povos ou faz parte das associações indígenas do Estado, então a gente consegue dialogar [com as lideranças tradicionais] dessa forma, já estando nas organizações e sempre conversando como juventude. Sempre quando tem alguma coisa, a juventude se coloca à disposição para ajudar, para construir junto mesmo. Hoje é engraçado, hoje eles vêm atrás da gente e [perguntam:] “Será que a juventude pode ajudar nisso?” Tudo foi uma construção e estamos construindo ainda.

“Meu pai fala para mim que o meu filho, o próximo depois de mim, a próxima geração, vai saber mais do que eu, como ele sabe mais do que o pai dele”, conta Txai. Foto: Andressa Anholete (Agência Pública)

Estamos em ano de eleição e lá no ATL existia uma tenda para que as pessoas tirassem o título de eleitor e um processo em curso para levar isso para as aldeias. Vocês estão com algum movimento do tipo?

A gente vem fazendo esse trabalho local também. Assim que a gente chegou do ATL, os jovens já ficaram aqui [em Rondônia], porque eles vão fazer um curso do TRE-RO [Tribunal Regional Eleitoral] para um projeto nosso em parceria com a universidade federal [UNIR] sobre a regularização dos documentos e do título [de eleitor] dentro dos territórios. Os jovens vão fazer o curso e vão se formar para fazer essa regularização dentro das terras deles.

A nossa ideia inicial era levar os indígenas para o TRE para fazer essa regularização dos títulos e [depois] levar as urnas para os territórios. Uma das coisas que a gente conseguiu analisar é que dentro do territórios, a gente tinha muito voto em branco, porque muitos dos mais velhos não sabem falar português e o voto é secreto, então você tem que ir sozinho, mas eles não sabem como fazer e acabam votando errado. E leva quase dois dias para sair de alguns territórios, tem que pegar estrada e ainda tem que pegar barco, aí você imagina [como é difícil] deslocar essas pessoas para votar. Muitas vezes a gente sequer tem condições de fazer isso, porque hoje a gasolina tá quase R$ 10 aqui. Imagina você tirar todo mundo da aldeia para ir votar lá, então a nossa ideia era levar também as urnas, não sei se a gente vai conseguir esse ano, mas pelo menos a gente vai começar esse trabalho dos próprios jovens indígenas voltarem para as aldeias e fazerem essa regularização do título e dos documentos do restante da comunidade.

A gente tem outros projetos voltados para as eleições também, a gente está criando uma carta de compromisso não só para os candidatos indígenas, mas também para outros pré-candidatos que sejam a favor da pauta ambiental e climática para que eles realmente se comprometam a não estarem colocando projetos de lei como esses que a gente está vendo aí, da mineração [PL 191] e o PL 490.

Movimento jovem tem se articulado contra projetos de lei que ameaçam os direitos indígenas. Foto: Andressa Anholete (Agência Pública)

Passando para a sua atuação na área da emergência climática. Quando você se aproximou da temática?

Acho que a questão climática para mim surgiu na COP [25]. Ano passado eu falei na COP 26, mas eu já tinha ido na passada, que era do Chile, mas na verdade aconteceu em Madri. A gente sempre falou de território, do que está acontecendo na Amazônia, do que está acontecendo aqui em Rondônia e das invasões, além da própria sabedoria dos povos indígenas em relação à destruição da nossa floresta e a nossa própria cosmovisão de mundo. A gente fala disso há anos, mas fazer essa conexão entre a luta dos povos indígenas e mudanças climáticas só aconteceu quando eu fui para COP.

A primeira vez que eu fui para a COP foi a convite da APIB [Associação dos Povos Indígenas do Brasil] para representar a juventude e lá eu tive a oportunidade de falar em uma mesa que foi organizada pelo próprio Engajamundo , que eu não fazia parte ainda, e ali eu me dei conta de que aquilo que eu estava levando, que na verdade eram coisas que acontecem localmente, sobre a minha realidade e a realidade dos povos indígenas do Brasil, na verdade estava ligado ao que estava acontecendo lá fora. Está tudo conectado, e a partir daquele momento eu mudo meu discurso para dizer: “olha, o trabalho que a gente está fazendo, a luta que a gente vem travando dentro do território também deveria ser uma luta de vocês.

Vocês aqui nos outros países, nos outros lugares, deveriam estar olhando para os povos indígenas, vocês deveriam estar olhando para as pessoas que vivem na floresta, porque não adianta nada a gente salvar as árvores se a gente não salva quem está salvando as árvores”. A minha pauta com mudanças climáticas começa aí, vira a chavinha mesmo, e eu começo a me aprofundar nos assuntos e a estudar um pouco mais.

No seu discurso na última COP você falou que os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática. O que você queria dizer com isso?

Eu sou uma mulher amazônica, eu sou de Rondônia, da Amazônia brasileira, e hoje a gente sabe a importância da Amazônia na questão climática, quando a gente vai falar de mudança climática. Tanto que a gente chama a Amazônia do ar condicionado do mundo, que vem fazendo esse equilíbrio climático do planeta. Hoje com o último relatório do IPCC, a gente sabe inclusive que a Amazônia está perdendo esse poder de reter o carbono mesmo. Se a gente pega qualquer mapa hoje, a gente vê que a floresta em pé é onde há a presença dos povos indígenas, onde há territórios indígenas, sejam eles demarcados ou não. A floresta é importante para o mundo e para [barrar] as mudanças climáticas, e hoje [mesmo] com todos esses ataques, os territórios indígenas protegem mais do que as unidades de conservação, que é onde não tem ninguém. Por isso que eu falo que a gente está na linha de frente.

Outra coisa que eu percebi é que quando a gente fala em destruição e desmatamento da Amazônia, as pessoas acham que só estão cortando árvores, só estão botando fogo na Amazônia e elas não se dão conta, por exemplo, de que quando a gente vai fazer o nosso monitoramento para as pessoas do nosso territórios, as nossas vidas estão em risco. Antes da queimada e do desmatamento vem a invasão e muitas vezes essas invasões e ameaças acontecem perto, tem invasão que é 3 km da aldeia. Você está em casa e escuta motosserra do lado da sua casa. Não é que estão queimando a Amazônia só, estão queimando a Amazônia e estão queimando as pessoas que estão lá também. E quem está fazendo esse trabalho de proteger a floresta? De não permitir que ela seja ainda mais destruída, ainda mais desmatada? São os povos originários, são as pessoas que vivem na floresta. Por isso que a gente está nessa linha de frente, porque a gente não só está fazendo essa proteção, mas a gente está fazendo essa proteção com nossas vidas.

Como os conhecimentos indígenas podem auxiliar no combate à crise climática? Pode dar exemplos a partir do seu povo?

Essas ideias já existem e inclusive já estão sendo executadas há muito tempo. O meu povo, o povo Paiter Suruí, trabalha com reflorestamento, porque no ponto que a gente se encontra hoje, já não basta mais só a gente proteger a floresta. A gente está num ponto que a gente tem que devolver para ela aquilo que a gente tirou dela. A gente trabalha com monitoramento, o meu povo faz o biomonitoramento, que além de monitorar o nosso território, a gente faz análise da nossa fauna, que vai inclusive nos mostrar como que a gente está sendo afetado pela crise climática, porque a gente vê os animais desaparecendo, a gente vê o desequilíbrio ecológico dentro do nosso território. Ou seja, a gente tá plantando e a gente está protegendo a floresta.

Agora a gente está trabalhando com etnoturismo e com café de forma sustentável para mostrar como que a gente consegue criar trabalhos sustentáveis, onde você não precisa destruir a floresta, e ainda valorizar a beleza do que tem aqui, valorizar a nossa floresta, a nossa cultura, porque a gente ainda precisa muito aprender a valorizar os povos indígenas aqui no Brasil. E a gente ainda consegue lucrar com isso, gerar renda a partir disso, e não só para as comunidades indígenas, mas também para quem está de fora. A gente faz um café agroecológico, sem veneno, pensando no fortalecimento da comunidade e das nossas associações. O projeto do reflorestamento existe desde 2005, e depois começamos a trabalhar com mercado de carbono, coisa que as pessoas vão falar só agora. A gente está falando isso e prevendo isso há muito tempo. E isso é dentro da minha terra, imagina dentro dos outros territórios que existem, só em Rondônia existem 52 povos indígenas, então imagina as várias outras soluções que existem e que eu não conheço.

Por vezes os negacionistas climáticos colocam como se a intenção do movimento ambientalista e climático fosse ‘acabar com o desenvolvimento do Brasil, em uma oposição entre ‘produção’ e ‘sustentabilidade’. Isso faz sentido?

Foi construída uma narrativa onde os povos indígenas são inimigos do desenvolvimento, são inimigos do chamado progresso. Mas que progresso é esse onde no Brasil a desigualdade está crescendo? Cada vez mais pessoas passando fome, cada vez mais direitos humanos sendo feridos, sendo desrespeitados. Existem 1001 soluções dentro dos territórios indígenas e que mostram que é uma falácia que os povos indígenas só querem atrasar o Brasil. Na verdade, o que eu escuto desde sempre do pai e de outras lideranças é que o que os povos indígenas querem é qualidade de vida para todo mundo, não só dentro dos nossos territórios, mas para todos. E aí gente mostra como é possível sim através dessa soluções, a gente pensar por exemplo no tripé da sustentabilidade, que é pensar no ambiental, sem destruir o meio ambiente, no econômico, conseguindo sim gerar recursos, conseguindo gerar renda para aquelas comunidades e populações, e no social, pensando que não adianta nada a gente proteger o meio ambiente e lucrar esquecendo das pessoas. Fortalecer esses três pilares é possível e a gente já está fazendo isso dentro das nossas terras, é isso que a gente está tentando mostrar. A gente faz um trabalho muito de denúncia do que está acontecendo, dos ataques, das invasões, mas a gente também faz para ser propositivo, para trazer soluções, para mostrar inclusive que essas soluções não só já existem como estão sendo executadas e colocadas em prática dentro do território. O que elas precisam é só de mais apoio para que elas fiquem cada vez maiores e que atinjam cada vez mais as pessoas.

“Foi construída uma narrativa onde os povos indígenas são inimigos do desenvolvimento, são inimigos do chamado progresso”, diz. Foto: Andressa Anholete (Agência Pública)

Na sua avaliação, é possível separar a luta pela defesa do meio ambiente da luta por frear a emergência climática?

Não. Eu acho que falar de clima é falar de meio ambiente, assim como falar de justiça climática é falar de pessoas, falar de uma pauta antirracista, anticapitalista, por igualdade de gênero, contra as desigualdades sociais. São coisas que a gente pode abordar separadamente, mas elas nunca se separam.

Como a gente pode tornar esse debate mais popular? Quais são as estratégias que, na sua opinião, podem ser usadas para isso?

Eu acho que essas estratégias inclusive já estão sendo colocadas em prática através do trabalho da juventude. A juventude vem facilitando, vem tornando esse debate mais acessível para que todos entendam. Não adianta nada a gente, por exemplo, ficar falando de acordo de Paris, ficar falando de NDC [Contribuições Nacionalmente Determinadas, as metas de cada país], porque as pessoas não vão entender, principalmente aquelas pessoas que precisam entender, então a gente precisa mostrar para elas trazendo para suas realidades também, mostrando como aquilo vai afetá-las. Não ficar usando esses termos técnicos, muito difíceis. Antes, quando a gente falava de crise climática, de mudança climática, todo mundo falava sobre a camada de Ozônio. Todo mundo pensava nisso. Quando na verdade é isso, mas é muito mais do que isso.

Falar de mudança climática é falar de saneamento básico, que qualquer pessoa está sujeita a essa questão, seja na cidade ou na aldeia; é falar como essa chuva e esses alagamentos bem afetando já o Brasil, como aconteceu em Minas, na Bahia, em Petrópolis, como está acontecendo aqui na aldeia, que quando chove alaga. É trazer isso para as realidades das pessoas também e também mostrar que é possível ter soluções para isso e que a gente pode construir elas juntas.

No início de 2021, você se uniu a jovens do Engajamundo e da Fridays For Future Brasil para processar o governo Bolsonaro por pedalada climática. O processo foi declinado pela primeira juíza, mas o governo voltou atrás e retornou ao entendimento anterior. Pode explicar do que se trata nas suas palavras?

A gente tem as metas que são previstas no Acordo de Paris, que cada país deve seguir para que a gente consiga alcançar 1.5 °C [máximos de aquecimento], que é o que a gente queria alcançar, e aí o Brasil muda o modo de contar a meta, o que faria com que a gente emitisse mais gases do efeito estufa do que a meta anterior. A gente ia estar emitindo mais do que grandes países, como a Espanha. E a gente nunca pode mudar a meta do Acordo de Paris para menos, ela sempre é mais vantajosa, então quando o Brasil tenta dar esse ‘jeitinho brasileiro’ de mudar a conta, ele começa a querer emitir mais também. Por isso que a gente chama de pedalada climática, porque ele tentou dar essa burlada nessa conta para poder ultrapassar a meta e mudar para uma menos vantajosa.

Eu faço parte desse caso porque sou voluntária do Engajamundo, que junto com o Fridays [for Future] e junto com o Observatório do Clima, propuseram essa ação. É muito importante nisso a gente estar incluindo pessoas indígenas, porque durante muito tempo também a própria discussão sobre meio ambiente era muito branca, eram muitos homens brancos falando de clima, falando de Meio Ambiente, e aí a gente também está numa proposta de mudar isso. E quem melhor que jovens diversos para estar propondo essas ações? Eu fui lá falar que sou eu, mulher indígena jovem que vou ser afetada principalmente por essa meta. Se a gente pega o IPCC, a gente vê que as regiões mais afetadas do Brasil estão aqui na Amazônia, que vai ter os maiores aumentos de temperatura.

Para Txai, durante muito tempo a discussão sobre meio ambiente e clima tinha “muitos homens brancos falando”. Foto: Andressa Anholete (Agência Pública)

Quais são os contras quando a sua imagem se torna conhecida e atrelada a essa luta contra a crise climática? Você sofreu alguns ataques ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Como isso te impacta?

Impacta mais a nível local mesmo. Quando a gente estava na COP o Bolsonaro me atacou e eu recebi muitas mensagens machistas, racistas, misóginas, de ódio, e aí eles ofereceram proteção para gente, mas eu falei que ali eu não me sentia insegura, o problema é quando eu voltar para o meu território mesmo. Lá sim as coisas são muito mais perigosas. Essa visibilidade traz cada vez mais isso. Eles sabem quem está falando, eles veem o seu rostinho, então o perigo aumenta mais.

Como foi para você estar no ATL e qual é a importância desse tipo de mobilização?

Esse ano a gente conseguiu levar oito mil pessoas para o ATL. É muita gente e mostra como a gente está engajado em derrubar esses PLs da destruição e esses projetos de lei que querem acabar com as nossas vidas. Para mim foi muito legal, porque foi a primeira vez que Rondônia conseguiu levar dois ônibus, e um deles foi o ônibus da juventude, e o outro foi o ônibus levado pelas mulheres. Então até as lideranças tradicionais fomos nós que levamos. Por exemplo, a gente levou a Mandu, que é Uru-Eu-Wau-Wau, ela é a mulher mais velha do povo, ela estava na época do contato. Foi a primeira vez que ela foi para lá. Eu perguntei para ela o que ela tinha achado e ela disse que nunca tinha visto tanto Kawahiva, que na língua deles é indígena.

Foi a primeira vez que ela viu tantos povos indígenas com tantas culturas diversas juntos. A gente estava levando a pessoa mais sábia, mais vivida daquele povo. Os mais jovens ficaram muito animados, até para eles entenderem como funciona o movimento indígena. A importância é fazer pressão, a gente aproveitou que estava lá para fazer outras agendas também no Senado, na Câmara, e fazer outras conversas. É importante em todo um contexto que a gente está vivendo nesse Brasil, de ataque aos povos indígenas, da gente mostrar que a gente não vai aceitar que os nossos direitos sejam retirados desse jeito, a gente não vai aceitar a mineração desses nossos territórios, e a gente está aqui com a maior quantidade de indígenas que já trazemos aqui para Brasília para dizer que a gente não quer isso.

Neste ano eleitoral, de que forma a escolha de quem votar influencia no debate da crise climática?

Eu acho que o maior exemplo de como isso afeta tanto a questão climática quanto as nossas vidas é o que a gente está vivendo agora. Se a gente tem o PL 191, o PL 490 e outros projetos de lei e destruição, que querem inclusive permitir agrotóxicos na nossa mesa, é porque tem alguém lutando por isso lá no Congresso. Se não tivesse ninguém para votar, para colocar essas pautas, a gente não estaria passando pelo maior processo de destruição que o meio ambiente vem sofrendo no Brasil, e de maior ataque aos povos indígenas também.  A gente não estaria passando por isso.

É por isso a importância da gente ter representatividade, mas não representatividade vazia – igual o [vice-presidente Hamilton] Mourão, que fala que é indígena – é ter representatividade de verdade, de mulheres indígenas, de quem está no território, de quem está lutando, porque a gente nunca vai conseguir realmente ter soluções diferentes, ter uma política ambiental diferente, enquanto a gente tiver as mesmas pessoas decidindo por isso. E pessoas que são ligadas principalmente ao agronegócio, às grandes empresas, e não à necessidade real do povo brasileiro. A pauta ambiental deveria ser uma pauta suprapartidária, não deveria ser uma agenda de um governo, de um candidato específico. O mundo inteiro está falando que o mundo está acabando, é literalmente isso que está acontecendo e já tem pessoas morrendo por isso, inclusive os povos indígenas. Para gente mudar isso a gente tem que mudar o nosso Congresso também.

*Esta reportagem faz parte do especial Emergência Climática, que investiga as violações socioambientais decorrentes das atividades emissoras de carbono – da pecuária à geração de energia. A cobertura completa está no site do projeto.

Conteúdo originalmente publicado na Agência Pública e reproduzido em parceria com o MyNews.

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Greenpeace denuncia garimpo ilegal no Rio Madeira https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/greenpeace-denuncia-garimpo-ilegal-rio-madeira/ Thu, 25 Nov 2021 21:51:50 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/greenpeace-denuncia-garimpo-ilegal-rio-madeira/ Garimpo ilegal foi organizado após boatos sobre descoberta de ouro na região. Atividade é de grande impacto ambiental

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Menos de um mês após o fim da Conferência do Clima da ONU, a COP26, quando o Brasil chegou a fazer promessas de mudar as políticas ambientais e retomar um histórico de conservação da Amazônia e de sua biodiversidade, uma denúncia feita pela Organização Não-Governamental Greenpeace mostra que a realidade não segue os mesmos caminhos prometidos no âmbito internacional. Imagens feitas numa operação especial do Greenpeace mostram centenas de balsas de um garimpo ilegal no Amazonas, na cidade de Rosarinho, a 110 quilômetros da capital, Manaus. As balsas no Rio Madeira fazem a extração ilegal de ouro – após um boato sobre extração do metal precioso na região.

Segundo o Greenpeace, os garimpeiros utilizam dragas e outros equipamentos para cavar o fundo do rio, remexendo a areia e água, com impacto direto no habitat e implicando em repercussões para a fauna, a flora e as comunidades da região.

Garimpo ilegal no Rio Madeira
Imagem feita pelo Greenpeace mostra balsas de garimpo ilegal no Rio Madeira, no Amazonas/Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

“O que vimos no sobrevoo é o desenrolar de um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento. Isso tudo, óbvio, é referendado pelo presidente Bolsonaro, que dá licença política e moral para que os garimpeiros ajam dessa maneira”, declara o porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace, Danicley Aguiar, ressaltando que o Rio Madeira é o rio com a maior biodiversidade do mundo, abrigando ao menos mil espécies já identificadas.

A organização não-governamental denuncia que o garimpo ilegal é prática comum na região e aumentou desde que o estado de Rondônia regulamentou a prática no seu território, em janeiro deste ano.

Em entrevista ao Canal MyNews durante a COP26, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva alertou para a necessidade de cobrar do governo federal medidas efetivas para a conservação ambiental e para a falta de credibilidade do governo Bolsonaro.

“A credibilidade é zero. O governo Bolsonaro fez algo que é completamente irracional. É como se você tivesse uma árvore, tivesse que limpar um galho que está à tua frente. Você cerrasse o galho e deixasse ele bem fraquinho e depois tivesse que pular para ele. Foi isso que o governo Bolsonaro fez. Durante esses quase três anos do seu governo, ele ficou cerrando o galho da credibilidade, da proteção ao meio ambiente, da governança ambiental, da alocação de recursos. Tudo o que ele podia fazer para desconstruir o que ele encontrou e ainda agravar mais a situação, ele fez. Agora ele tenta recuperar isso sem nenhuma credibilidade de que terá como dar sustentação ao peso desses compromissos que assumiu”, analisou a ex-ministra.

garimpo ilegal no Rio Madeira - Amazonas
Balsas de garimpo ilegal foram fotografadas por equipe do Greenpeace/Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

O Greenpeace lembra que em agosto deste ano, a Justiça Federal determinou que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) anulasse diversas licenças concedidas de maneira irregular para a extração de ouro no Rio Madeira, sob a alegação de que não houve análises sobre os impactos ambientais da atividade para a concessão das autorizações.

Marina Silva disse acreditar que o governo Bolsonaro se comprometeu com algumas metas apenas para ganhar tempo. “O que ele faz é isso: anuncia o Conselho da Amazônia e ganha tempo para desmatar mais e queimar mais. Agora ele faz o mesmo movimento, por pressão internacional e pressão interna brasileira, que é muito grande. A falta de credibilidade do governo é algo irreversível”, pontuou.

 

Veja mais detalhes sobre o garimpo ilegal no Amazonas no Almoço do MyNews, com apresentação de Myrian Clark

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Governo Bolsonaro atrasa dados do desmatamento por COP26 https://canalmynews.com.br/politica/governo-bolsonaro-atrasa-dados-desmatamento-cop26/ Fri, 19 Nov 2021 15:35:12 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/governo-bolsonaro-atrasa-dados-desmatamento-cop26/ Relatório do Inpe sobre desmatamento divulgado na quinta-feira está pronto desde final de outubro

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Fontes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que o governo do presidente Jair Bolsonaro retardou a divulgação de dados de desmatamento na Amazônia para não coincidir com a COP26. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional e pela Folha de S. Paulo, que ouviram os servidores sob a condição de anonimato. 

O relatório foi concluído em 27 de outubro, quatro dias antes da conferência que discutiu as mudanças climáticas em Glasgow, na Escócia. Mas só foi divulgado nesta quinta-feira (18), quase uma semana após o seu encerramento.

Os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal por Satélite (Prodes) mostram que foram derrubados 13.235 quilômetros quadrados de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021. É o maior desmatamento nos últimos 15 anos e, só em comparação ao mesmo período no ano anterior, o aumento foi de 22%. 

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, diz que governo precisa ter atitude mais contundente no combate ao desmatamento.

Os técnicos do Inpe registraram no documento a data de conclusão do relatório, 27 de outubro. Na quinta-feira, o documento foi disponibilizado no site, sem nenhuma divulgação. No meio da tarde, foi convocada uma coletiva do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e o do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para comentar os dados. Leite disse que os números eram inaceitáveis e prometeu uma ação mais contundente do governo. 

O ministro chegou a ser questionado duas vezes sobre a data, mas nas duas, disse só ter tido acesso às informações na quinta-feira. Leite chegou a afirmar que o Inpe poderia ter atrasado a divulgação por uma questão de cautela, para revisar algum dado. 

“Talvez tenha sido por cautela que o Inpe tenha atrasado a divulgação desses dados, para alguma revisão, mas eu não tenho essa informação do Inpe. O que eu tenho informação é que foi divulgado hoje e nós estamos aqui deixando claro que esse número é inaceitável e nós vamos combater contundentemente o crime ambiental na Amazônia”, sustentou

Dados sobre desmatamento contradizem vice

Os números contrastam com o otimismo do vice-presidente Hamilton Mourão, que coordenou os esforços de combate ao desmatamento no governo. No final de agosto, ele antecipou os dados, e afirmou que mostrariam uma queda de 5% na devastação da floresta.

Veja mais vídeos sobre meio ambiente no Canal MyNews

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COP26: Txai Suruí alerta para necessidade de cobrar promessas do Brasil https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/cop26-txai-surui-alerta-necessidade-cobrar-promessas-do-brasil/ Sat, 13 Nov 2021 00:04:51 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/cop26-txai-surui-alerta-necessidade-cobrar-promessas-do-brasil/ Para a ativista indígena Txai Suruí COP26 teve de positiva a visibilidade alcançada pelos povos indígenas e pelo movimento quilombola. Liderança jovem ainda vê o mundo distante de alcançar metas para contornar a crise climática

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A ativista indígena brasileira Txai Suruí considera que apesar da condescendência dos países europeus e dos Estados Unidos de darem um voto de confiança ao governo brasileiro sobre as promessas de zerar o desmatamento e implementar medidas concretas para contribuir com a redução do aquecimento global, é preciso que estas nações cobrem os compromissos assumidos pelo Brasil como uma premissa para realizar negociações econômicas e diplomáticas.

“É claro que o discurso [do Brasil] é mais positivo. Mas tem que ter cuidado. Esses países têm que entender que têm responsabilidade também. É importante que eles exijam que os direitos indígenas sejam respeitados como uma premissa. É o mínimo que podem fazer porque senão vão estar incentivado a destruição da Amazônia. [o que eu diria] é que o Brasil tem responsabilidade e vocês têm responsabilidade de pressionar para que isso seja realmente feito”, disse Txai Suruí, em entrevista ao programa Cruzando Fronteiras, apresentado pelo jornalista Jamil Chade, no Canal MyNews.

Txai Surui - mudanças climáticas - COP26
Ativista indígena brasileira Txai Surui disse que países fecharam os olhos para as mudanças climáticas/Foto: Fotos Públicas

Para Txai Suruí, o mundo está muito distante de alcançar as metas para contornar a crise climática. Mesmo assim, ela enxerga que a COP26 teve de positiva a visibilidade alcançada pelos povos indígenas, pelo movimento quilombola e por outros segmentos da sociedade civil organizada. “Independente dos acordos, a luta vai continuar de qualquer jeito. Pessoalmente, tive a oportunidade de conhecer muita gente, muitos futuros parceiros bons. O Brasil conseguiu mostrar que no Brasil tem gente com compromisso com a pauta climática e a gente consegue reverter isso se tiver compromisso”, complementou.

A ativista indígena foi destaque no primeiro dia da conferência – com um discurso contundente sobre a necessidade de compromisso das nações com a conservação ambiental e por denunciar a situação vivida no Brasil – com o desmonte das políticas ambientais e a perseguição aos povos originários, com consequente destruição de diversos habitats. Após a repercussão de suas palavras – que reverberaram em todo o mundo, Txai Suruí passou a receber ataques nas redes sociais e também foi intimidada dentro do ambiente da COP26 por um pessoa com um crachá de identificação da comitiva brasileira.

“Depois do meu discurso, durante as entrevistas que concedi, notei que havia um homem cercando, rondando, e num certo momento ele veio interromper e não foi uma situação legal. Veio falar para que eu não atacasse o Brasil e não falasse mal do Brasil. Olhei para a credencial dele e ele falou ‘eu sou parte do Brasil’. Ali eu entendi como uma intimidação do governo brasileiro. Eu não estou atacando o Brasil. Eu estou trazendo a realidade do que está acontecendo. Se a gente fechar os olhos, a gente não vai encontrar as soluções”, contou a liderança indígena, que chegou a ser comparada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o cacique indígena caiapó Raoni Metuktire – que percorreu o mundo no final da década de 1980, denunciando a situação dos povos indígenas brasileiros e da Amazônia.

“Levaram uma índia para substituir Raoni e atacar o Brasil”, disse Bolsonaro, em 3 de novembro. Após essa declaração, a jovem Txai Suruí disse que passou a ser atacada nas redes sociais com mensagens violentas e que pensa em denunciar a intimidação do governo brasileiro e as ameaças às autoridades competentes dentro da Organização das Nações Unidas.

“Saio daqui confiante e preocupada. Não imaginava o tamanho da repercussão que o discurso ia ter. É importante ouvir a voz dos povos indígenas e o sentido de urgência que a gente precisa ter neste momento. A importância dos povos indígenas estarem no centro do debate neste momento que vai decidir o nosso futuro. Levar a voz dos jovens indígenas do Brasil para o mundo. (…) A própria ONU entrou em contato comigo e a Embaixada Brasileira também, por toda a situação”, revelou Suruí, dizendo não apenas ela, mas outras lideranças indígenas também sofreram intimidações.

“Outros episódios que aconteceram com outros indígenas. Nós somos a verdadeira delegação brasileira, que está mostrando que tem gente no Brasil que tem responsabilidade e com a agenda climática. Logo depois do discurso de Bolsonaro, que disse que eu vim atacar o Brasil, recebi muitas mensagens de ódio e também surgiram algumas fakenews sobre a minha pessoa. Essas pessoas agem como se fosse uma quadrilha”, analisou.

Txai Suruí não acredita nas promessas do governo e chama atenção para a necessidade de acompanhar o que será feito a partir de agora. “O governo brasileiro não é confiável e isso é verdade. Parece uma grande falácia. Aqui se diz que vai acabar o desmatamento e proteger a floresta. Mas a política que vem acontecendo no Brasil é totalmente contrária a isso. Dados do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) mostram que o desmatamento aumentou e que outubro foi o segundo pior mês em desmatamento. Existe a tentativa de aprovar o marco temporal e acabar com as terras indígenas e são os indígenas que vêm sustentando a floresta. Existe o desmonte dos órgãos ambientais, o desmanche da legislação ambiental. A política que está sendo executada no Brasil é totalmente contrária do discurso que está sendo feito aqui”, alertou a ativista indígena brasileira.

* A cobertura da COP26 do Canal MyNews está sendo realizada em parceria com a Vale

 

Veja a íntegra do Cruzando Fronteiras, com Txai Suruí e Jamil Chade, no Canal MyNews

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Sociedade civil cobra compromissos concretos das nações na COP26 https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/sociedade-civil-cobra-compromissos-concretos-nacoes-cop26/ Sun, 07 Nov 2021 18:31:35 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/sociedade-civil-cobra-compromissos-concretos-nacoes-cop26/ COP26 entra na semana final ainda sem acordo das nações sobre compromissos ambientais. Protestos acontecem em Glasglow, denunciando que Cúpula do Clima pode terminar sem resultados concretos

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Ao final da primeira semana da Conferência do Clima da ONU, a COP26, que acontece em Glasglow, na Escócia até o próximo dia 12 de novembro, as lideranças políticas responsáveis por se comprometerem com metas concretas de redução das emissões de gases de efeito estufa e demais medidas para frear o aquecimento global e, por consequência, as mudanças climáticas, têm enfrentado uma série de protestos da sociedade civil e de grupos que militam pelas causas ambientais. A principal crítica é a de que estão sendo anunciadas metas sem comprometimento efetivo e estratégias para alcançá-las.

COP26 - manifestação
Protestos têm tomado as ruas de Glasglow, na Escócia. Movimentos da sociedade civil exigem compromissos ambientais das nações na COP26/Foto: Redes Sociais/Reprodução

Na última sexta-feira (5) um protesto com cerca de 25 mil pessoas, segundo o jornal Washington Post, criticou o posicionamento das grandes nações – principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa. Outras manifestações reunindo milhares de pessoas aconteceram também no sábado (6) e neste domingo (7). A ativista Greta Thunberg chegou a classificar a COP26 como “um fracasso”. Thunberg afirmou que não é possível “resolver uma crise com os mesmos métodos que nos colaram nela”.

Entre os protestos, a Coalizão Negra por Direitos – entidade que reúne cerca de 250 organizações e movimentos sociais, lançou um manifesto exigindo a regularização das terras quilombolas e o comprometimento com a meta de zero desmatamento, além do fim do racismo ambiental no Brasil. A organização luta contra o genocídio da população negra, na cidade e no campo, “defendendo a terra, os territórios e as territorialidades negras como espaços de vida ambiental e humana, lutando, portanto, também, contra o racismo ambiental”.

“O governo do Brasil tem violado leis e códigos ambientais e o resultado tem sido o aumento do desmatamento das florestas na Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e no Pantanal. No caso da Amazônia, a floresta, os povos indígenas e as comunidades quilombolas têm sofrido os impactos do desmatamento e das atividades criminosas da mineração legal e ilegal. As ações criminosas se somam às queimadas legais e ilegais em escalas expressivas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, impactando nos territórios dos povos e comunidades tradicionais. Assim como, historicamente, são as regiões onde mais ativistas de direitos humanos, indígenas, quilombolas e ambientalistas na luta em defesa das terras, das águas, das florestas e dos territórios são assassinados”, denuncia o documento da Coalizão Negra por Direitos.

Brasil tenta liderar acordo para transferência de recursos, mas esbarra em desconfiança de países na COP26

Segundo o jornalista Jamil Chade – que realiza cobertura especial da COP26 para o Canal MyNews, o governo brasileiro tenta apresentar uma proposta para criar um compromisso dos países ricos de transferirem recursos financeiros para as economias emergentes, no intuito de garantir a transição energética e climática.

Chade explica que a proposta foi apresentada no sábado (6), num momento crítico das negociações, na reta final do encontro, quando se espera que as nações cheguem de fato a acordos para reduzir as emissões de gases poluentes e se comprometam com ações tangíveis para frear o aquecimento global. A questão financeira está no centro do debate. O ponto crucial é sobre quem pagará a conta.

“Não há neste momento uma garantia de que esse acordo seja anunciado porque vários pontos, inclusive sobre o mercado de carbono, continuam em aberto. A parte técnica da negociação já foi concluída, mas a partir de segunda-feira (8) caberá aos ministros encaminharem a negociação e aí as decisões não serão mais técnicas, mas essencialmente políticas”, explica Jamil Chade.

O jornalista acrescenta que os países ricos estão hesitantes em se comprometerem com a distribuição de dinheiro, sem que haja um compromisso de redução, por exemplo, de desmatamento e de emissões de gases de efeito estufa. Na outra ponta, estão os países emergentes – argumentando que sem uma garantia de dinheiro, não será possível garantir um compromisso.

Marina Silva
Marina Silva foi a primeira entrevistada de Jamil Chade no Cruzando Fronteiras/Imagem: Reprodução/Canal MyNews

Na sexta (5), a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, na estreia do programa Cruzando Fronteiras – do Canal MyNews, considerou inexistente a credibilidade do governo brasileiro para assumir compromissos de conservação ambiental. “A credibilidade é inexistente. (…) O governo Bolsonaro se especializou em fazer anúncios vazios para ganhar tempo de fazer mais queimadas, mais desmatamentos e mais emissão [de gases]”, pontuou Marina Silva.

A semana promete ser de muito debate e pressão social para que políticos e grandes empresas se responsabilizem por ações ambientais concretas que terão impacto sobre a existência de vida na Terra em várias regiões do mundo ainda neste século XXI.

 

Acompanhe a cobertura especial do Canal MyNews sobre a COP26, diariamente, com o jornalista Jamil Chade

* A cobertura da COP26 do Canal MyNews é realizada em parceria com a Vale


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Mudanças climáticas exigem compromisso claro de países com metas https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/mudancas-climaticas-exigem-compromisso-paises/ Wed, 03 Nov 2021 22:39:09 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/mudancas-climaticas-exigem-compromisso-paises/ Brasil ainda é visto como pouco flexível a firmar acordos para frear as mudanças climáticas. Compromissos assumidos precisam estar no documento final do evento

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Depois dos discursos iniciais das autoridades de mais de 100 países que abriram os trabalhos na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP26), que acontece em Glasglow, na Escócia, até o próximo dia 12 de novembro, a expectativa dos participantes do evento é de que os compromissos anunciados pelas lideranças realmente façam parte do documento final. O processo de negociação sobre que acordos que serão firmados para garantir a conservação ambiental nas próximas décadas e para frear o aquecimento global é lento e demanda muito esforço.

No primeiro dia do evento, a ativista indígena brasileira Txai Surui, de 24 anos, falou que os líderes globais “fecharam os olhos” para a mudança climática e apelou por medidas imediatas, e não com metas para 2030, ou 2050.

Txai Surui - mudanças climáticas - COP26
Ativista indígena brasileira Txai Surui disse que países fecharam os olhos para as mudanças climáticas/Foto: Fotos Públicas

A meta principal da COP26 é conseguir o comprometimento dos países com o limite de 1,5ºC de aumento da temperatura da Terra, até o final desse século – tendo como referência a temperatura global da era pré-industrial. Longe de ser uma meta simples, as medidas necessárias para alcançar esse objetivo demandarão bastante negociação e que os principais emissores de gases do efeito estufa realmente se comprometam com modos de produção sustentáveis.

“As primeiras impressões apontam que não será um acordo fácil. A cúpula está sendo vista como a última chance, pois o mundo sabe que está se esgotando o tempo para que medidas concretas sejam adotadas. No caso do Brasil, o país está tentando quitar suas hipotecas internacionais acumuladas nos últimos dois anos e meio. Mas de nada valem as declarações sem acordos no texto final”, explica o jornalista Jamil Chade – que faz uma cobertura especial da COP26 para o Canal MyNews.

 

Acompanhe a cobertura especial de Jamil Chade na COP26 no Canal MyNews

Chade explica que o Brasil ainda é visto com uma posição resistente e pouco flexível para firmar acordos e se quiser mudar a imagem do país, precisará adotar uma outra postura nas negociações. Apesar dos compromissos assumidos de reduzir as emissões de CO2 e de metano e de frear o desmatamento até 2030 – a expectativa ainda é de que o governo apresente de forma clara como mudará a política ambiental implementada nos últimos anos.

“O país anunciou o corte nas emissões de CO2 e metano até 2030 e inclusive foi aplaudido por John Kerry – enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas – e não o ator Jim Carrey, como confundiu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas não se pode confundir anúncio com medidas concretas e o Brasil precisa dizer o que vai mudar na política ambiental brasileira para que os compromissos sejam atingidos. Nos últimos anos houve um desmonte da política ambiental brasileira, com retirada de recursos para lutar contra o desmatamento. De onde virá o dinheiro e como será reconstruída a política ambiental brasileira?” – questiona Jamil Chade, reverberando questões que o mundo está fazendo neste momento.

Exposições fotográficas mostram a diversidade e as belezas da Amazônia na COP26

No Climate Action Hub – espaço organizado pela sociedade civil brasileira dentro da COP26 – é possível visitar a exposição “Amazônia”, de Sebastião Salgado, e a mostra “Para quem está por vir”, com fotógrafos da região Norte do Brasil.

A exposição de Sebastião Salgado – que registra o cotidiano de 12 comunidades indígenas da Amazônia – está atualmente em cartaz no Science Museum, em Londres, e terá uma pequena mostra durante a Conferência do Clima. Já a mostra “Para quem está por vir”, tem curadoria de Eduardo Carvalho e Vanessa Gabriel-Robinson e foi montada especialmente para o evento, com fotografias Marcela Bonfim (Rondônia), Nailana Thiely (Pará) e Bruno Kelly (Amazonas).

Transição energética no Nordeste brasileiro é tema de debate

Nesta quinta (4), dentro da programação do Climate Action Hub, haverá a palestra “O Nordeste Brasileiro e o potencial da Transição Energética Justa no Brasil”, quando serão apresentados estudos sobre o potencial de energia renovável da região, com discussão sobre os desafios inseridos nessa transição, entre os quais a pobreza energética e os impactos fundiários. O evento pode ser acompanhado ao vivo, através do site da plataforma.

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O presidente Jair Bolsonaro confundiu o enviado do governo dos Estados Unidos John Kerry com o ator Jim Carrey

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COP26 começa exigindo compromisso para frear aquecimento global https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/cop26-comeca-exigindo-compromisso-frear-aquecimento-global/ Mon, 01 Nov 2021 14:01:42 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/cop26-comeca-exigindo-compromisso-frear-aquecimento-global/ O Brasil – que desde a Rio-92 liderou esse debate, do alto da posição de quem detém o pulmão do mundo – a Floresta Amazônica – chega a Glasglow, na Escócia, com a imagem abalada

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Começa neste domingo a COP26 – a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que debaterá até o próximo dia 12 de novembro sobre como o mundo pode se comprometer com metas para reduzir drasticamente o aquecimento global, de modo a frear as mudanças climáticas e o cenário de catástrofes ambientais e humanitárias que um planeta mais quente anuncia já para as próximas décadas.

Sustentabilidade
Lideranças de todo o mundo se reúnem em Glasglow, na Escócia, para debater compromissos ambientais na COP26, até o próximo dia 12 de novembro/Imagem: Pixabay

A meta a ser alcançada é limitar o aumento da temperatura a no máximo 1,5ºC até o final deste século. Um objetivo ousado num cenário de destruição ambiental e de pouco compromisso dos países mais industrializados com as reduções de gases do efeito estufa.

O Brasil – que desde a Rio-92 liderou esse debate, do alto da posição de quem detém o pulmão do mundo – a Floresta Amazônica – chega a Glasglow, na Escócia, com a imagem abalada por uma política ambiental praticamente inexistente e manchada pelo aumento das queimadas, desmantelamento dos órgãos de fiscalização e perseguição aos povos originários.

Estarão presentes 190 líderes mundiais, com expectativa de circulação de mais de 20 mil pessoas no evento. O posicionamento do Brasil durante a cúpula pode amenizar a péssima imagem que o Brasil cultivou nos últimos anos, ou colocar de vez o país como um pária diante da conservação ambiental e do futuro econômico, social e tecnológico que aponta cada vez mais para a necessidade de um pacto de conservação ambiental.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não comparecerá à COP26. Apesar de estar na Europa, onde participou da reunião de Cúpula do G-20 (as 20 maiores economias do mundo) – Bolsonaro optou por permanecer na Itália e viajar para o Norte do país, onde nesta segunda receberá o título de cidadão honorário na pequena cidade de Anguillara Veneta. O título honorário será oferecido pela prefeita Alessandra Buoso – filiada ao partido de extrema direita Liga Norte. A homenagem já provocou diversos protestos na região, organizadas por entidades da sociedade civil e por partidos de esquerda.

Sociedade civil terá espaço para debater compromisso do Brasil com metas ambientais

A sociedade civil organizada brasileira terá um espaço montado dentro da Conferência do Clima, em Glasglow, na Escócia, onde serão debatidas estratégias de como manter vivo o Acordo de Paris e a meta de aquecimento máximo do planeta em 1,5º neste século. A iniciativa, batizada de Brazil Climate Action Hub, é organizada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto ClimaInfo e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

A abertura do espaço acontecerá no dia 2 de novembro, na Zona Azul da COP26, com uma programação que será transmitida através do site https://www.brazilclimatehub.org/ – em português e inglês – com o intuito de aproximar os debates que ocorrem na conferência da população brasileira. A programação será transmitida ao vivo, mas para acompanhar, deve-se considerar o fuso horário de três horas a mais, em relação ao horário de Brasília (DF).

MyNews tem cobertura especial da COP26 até o próximo dia 12 de novembro

O Canal MyNews terá, a partir deste domingo uma cobertura especial da Conferência do Clima da ONU, a COP-26, direto de Glasglow, na Escócia. O jornalista Jamil Chade trará diariamente os principais assuntos debatidos na COP-26, com informações exclusivas e análises especiais.

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Clima Internacional https://canalmynews.com.br/dialogos/clima-internacional/ Fri, 29 Oct 2021 21:16:55 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/clima-internacional/ Às vésperas da COP-26 em Glasgow, que reunirá lideranças para discutir metas e compromissos dos países em relação às mudanças no clima, a imagem do Brasil continua altamente deteriorada

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Meio Ambiente é tema essencial da agenda brasileira. Tem sido assim historicamente. Pioneiro em criar uma estrutura governamental para sistematizar o setor e detentor de uma das mais importantes biodiversidades do mundo, o Brasil é um player relevante nesta matéria, servindo de referência ao longo dos anos em política ambiental por diversos governos.

Internacionalmente o país se tornou interlocutor respeitado no assunto logo depois de sediar a Rio 92, conferência internacional das Nações Unidas, que recebeu dezenas de Chefes de Estado e Governo, assim como lideranças ambientais e ONGs para amplo debate sobre os rumos da questão ambiental. A partir daquele momento, o Brasil, que retomava sua democracia, adquiria legitimidade real para tratar do tema.

Termômetro mostra aumento da temperatura - mudanças no clima
De interlocutor respeitado na Rio-92 à imagem arranhada na COP-26. Como o Brasil chega a Glasglow?/Imagem: Pixabay

Fato é que a imagem internacional do Brasil dialogou de forma profícua com a questão ambiental ao longo dos anos, passando a um entrelaçamento natural. Tanto na esfera multilateral, como nas relações bilaterais, esta agenda integrou-se em nossa política externa como tema relevante e estratégico. Isto significa, em outras palavras, que a percepção internacional do Brasil passou a transitar também por este assunto.

No governo Bolsonaro houve uma inversão. O Brasil saiu da posição de player para pária na questão ambiental. Às vésperas da COP-26 em Glasgow, que reunirá lideranças de todo o mundo para discutir metas e compromissos dos países em relação às mudanças climáticas, a imagem do Brasil continua altamente deteriorada quando o assunto é meio ambiente. Foram negativas 80,7% das 114 reportagens sobre o tema publicadas sobre o país de janeiro a setembro deste ano em alguns dos mais importantes veículos das Américas.

Grande número de notícias nos primeiros nove meses do ano deu destaque a questões relativas a Amazônia e políticas do presidente Bolsonaro “que estão ativamente prejudicando a floresta tropical”. Algumas reportagens colocaram o tema ambiental em perspectiva mais ampla, na esfera das chamadas melhores práticas em governança, mas sempre em desfavor do Brasil. Isto ficou estampado em publicações como Wall Street Journal, The Economist, Libération, Toronto Star e La Nación. Muitas matérias têm especial foco em Minas Gerais, pois citam a terrível tragédia em Brumadinho, além do desastre em Mariana e a contaminação do Rio Doce.

O Brasil tem diante de si mais uma oportunidade para operar uma guinada profunda em sua imagem internacional. A conferência em Glasgow apresenta-se como instrumento para este caminho. Os governos estrangeiros pouco esperam de Bolsonaro, é verdade, mas uma política mais profissional e menos ideológica já cairia muito bem para o Brasil.

Ao dialogar de forma propositiva, existe real possibilidade de colhermos êxito. Podemos discutir a agenda climática, fortalecendo nossa posição histórica de referência no meio-ambiente e construir pontes para a discussão de uma série de assuntos estratégicos. Assim como no período pós-Rio-92, seria inteligente voltar a liderar esta agenda como o mais importante player internacional. Uma estratégia de longo prazo com benefícios políticos e sociais, além dos reflexos positivos diretos na imagem internacional do Brasil.


Quem é Márcio Coimbra?

Márcio Coimbra é presidente da Fundação Liberdade Econômica. Ex-Diretor da Apex-Brasil. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos, Espanha.


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Jair Bolsonaro é denunciado no Tribunal Penal Internacional de Haia https://canalmynews.com.br/politica/jair-bolsonaro-denunciado-tribunal-penal-internacional-de-haia/ Tue, 12 Oct 2021 22:31:14 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/jair-bolsonaro-denunciado-tribunal-penal-internacional-de-haia/ Advogados, juízes e ecologistas estrangeiros alegam que presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes contra a humanidade e destruiu a Amazônia

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Sob o lema “O Planeta contra Bolsonaro” um grupo de ambientalistas, ex-juízes e cientistas levaram nesta terça (12) uma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Tribunal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. A iniciativa é liderada pelo grupo “All Rise”, expressão dita pelo meirinho ao anunciar a entrada do juiz no recinto do tribunal, que significa “Todos de pé”!

O jornalista Jamil Chade, há mais de 20 anos correspondente em Genebra, cobrindo diplomacia, política e organizações internacionais, explicou essa iniciativa em entrevista ao Almoço do MyNews.

“Essa é uma denúncia muito importante. O presidente Jair Bolsonaro já foi alvo de cinco outras denúncias, mas todas elas feitas por entidades brasileiras. Sem desmerecer estes organismos, este era um problema doméstico nosso. Agora, pela primeira vez, temos uma denúncia apresentada no tribunal por entidades estrangeiras. Essa denúncia não é por conta da pandemia ou dos povos indígenas, mas pelo desmatamento da Amazônia. As entidades ligam o desmatamento da Amazônia a crimes contra a humanidade. E, além disso, também temos o fato de um ex-juiz do Tribunal Penal Internacional ser um dos signatários da petição”, disse Chade.

Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento na Assembleia Geral da ONU de 2021.
Jair Bolsonaro foi denunciado por crime contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional de Haia/Foto: Reprodução (MyNews)

Nesta primeira etapa, a procuradoria vai avaliar se a denúncia é válida, antes mesmo de abrir um processo preliminar de investigação. As bases dos argumentos da denúncia foram feitas com dados científicos. Os especialistas que denunciam Bolsonaro querem deixar claro que não se trata de uma iniciativa política.

Eles alegam que as ações do presidente do Brasil são um amplo e sistemático ataque à Amazônia, suas dependências e seus defensores. O que resulta não apenas na perseguição, assassinato e sofrimento de brasileiros, mas também um prejuízo para o mundo todo.

O caso foi apresentado nesta terça (12), às vésperas da Cúpula do Clima (COP26), que acontece em Glasgow, na Escócia, quando o Brasil deve ser colocado sob pressão pela comunidade internacional. Espera-se a cobrança de medidas de redução do desmatamento e emissões de carbono. Aqui no Brasil, o Observatório do Clima assinou uma carta em apoio à iniciativa do grupo comandado pela “All Rise”.

Jamil Chade estreia programa no Canal MyNews no próximo dia 5 de novembro, diretamente de Genebra

Jamil Chade também aproveitou para anunciar a estreia do programa Cruzando Fronteiras, no dia 5 de novembro, no Canal MyNews. O Cruzando Fronteiras vai ao ar todas às sextas, às 10 horas da manhã (horário de Brasília), e será apresentado diretamente da sede da Organização das Nações Unidas em Genebra, na Suíça.

Jornalista Jamil Chade - Canal MyNews Portugal
Jamil Chade comandará o Cruzando Fronteiras, diretamente da sede da ONU em Genebra-Suíça/Foto: Canal MyNews/Divulgação

“Vamos tentar entender o mundo, essa situação internacional que nos toca diretamente, e falar de todos bastidores da diplomacia. Política externa é política pública, é política doméstica. Não vamos falar de coisas distantes, vamos falar do nosso próprio país”, destacou. O Cruzando Fronteiras faz parte das novidades do escritório do Canal MyNews em Portugal – que começou a funcionar no mês de setembro.

A primeira parceria do MyNews em Portugal foi anunciada no mês de setembro/2021, com a Editora Almedina – editora portuguesa líder da área jurídica e uma das maiores do país nos segmentos de ficção e não-ficção, adulto e infantil. O MyNews e a Almedina vão criar um hub de lusofonia, integrando os países que falam a língua portuguesa, com publicações e coleções especiais e também a criação de uma plataforma de cursos online, em diferentes áreas.

Saiba mais sobre a denúncia feita por entidades internacionais contra Jair Bolsonaro no Tribunal de Haia, no Almoço do MyNews, no Canal MyNews

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Redemoinhos de fogo e tempestades de poeira são reflexo das mudanças climáticas https://canalmynews.com.br/mais/redemoinhos-de-fogo-tempestades-de-poeira-reflexo-mudancas-climaticas/ Sat, 02 Oct 2021 01:23:31 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/redemoinhos-de-fogo-tempestades-de-poeira-reflexo-mudancas-climaticas/ Mudanças climáticas são reais e precisam ser administradas para um futuro mais seguro na terra. Em apenas três anos, Brasil desmatou quase 5% da Amazônia

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Em apenas três anos o Brasil desmatou 5% da cobertura vegetal da Amazônia – quase um terço de todo o desmatamento ocasionado nos últimos 50 anos. Os dados foram citados pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Vanni, em entrevista ao Quinta Chamada Ciência e são parte das justificativas para dois fenômenos climáticos vistos durante a semana no Brasil: as tempestades de poeira e fumaça no interior de São Paulo, Minas Gerais e em Goiás e o redemoinho de fogo no Mato Grosso.

Nuvem de poeira é registrada em cidades de São Paulo e Minas Gerais. Fenômeno é exemplo do que está acontecendo em decorrência das mudanças climáticas/Foto: reprodução/redes sociais

“São fenômenos cada vez mais comuns. É muito importante a gente entender o que está provocando isso. Estamos com uma redução de chuvas, tanto pelas mudanças climáticas globais, que estão levando não só o Brasil a essa condição, mas temos um agravante: estamos mudando muito a cobertura da terra no Brasil. A Amazônia já foi 20% desmatada. Em 50 anos, ela foi 17% desmatada e em apenas nos últimos dois anos foram 3%, e o que se espera é pelo menos mais 1,5% até o final deste ano. Em três anos, foram quase 5% de desmatamento. Quase um terço do que a gente fez em 50 anos, e justamente quando as mudanças climáticas já chegaram”, analisou Luciana Vanni.

Vanni explica que o fato de o solo estar seco – por conta do final do período de colheita – deixa a poeira “solta”. Essa poeira, levantada pelo vento, formou nuvens do tipo “cumulus nimbus” – que começam em 1 quilômetro e podem chegar a até 12 quilômetros de altura – proporcionando a existência de uma grande diferença de temperatura entre a base e o topo da nuvem – ocasionando uma corrente de ar forte de baixo para cima.

A pesquisadora comparou a nuvem a um aspirador de pó – que elevou a poeira para o ar – formando as nuvens vistas no Brasil esta semana. Sobre o redemoinho de fogo, Luciana Vanni também atribuiu ao aquecimento global e a ocorrência de temperaturas extremas.

Mudanças climáticas são realidade e precisam de resposta rápida

Se as mudanças climáticas pareciam um fenômeno distante há algumas décadas, a pesquisadora do Inpe alerta que atualmente elas já fazem parte da realidade e precisam de medidas imediatas, sob o risco de comprometimento da vida na Terra no futuro.

O pesquisador Thiago da Paixão destacou como preocupante o fato de determinados eventos climáticos que antes eram registrados apenas no hemisfério Norte agora serem frequentes também no Brasil. Para ele, essas ocorrências demonstram que o aquecimento global é uma realidade e merece atenção.

“A gente tem que perceber o que está acontecendo. Entender e aceitar que a gente vai ter que administrar o uso e a cobertura da Terra pra gente poder administrar as mudanças climáticas, porque elas já chegaram. A gente já está sofrendo as consequências e dá pra gente ter certeza que já mudamos a natureza muito mais do que poderíamos ter mudado. É preciso um plano de restauração florestal mínimo para garantir o nosso futuro. Um futuro mais seguro, onde tenha chuva. A gente precisa de água. Não dá pra só correr atrás do dinheiro, vender commodities. Não dá pra continuar assim. Chegamos num ponto em que está claro que não dá”, finalizou Luciana Vanni, pesquisadora do Inpe.

Assista ao Quinta Chamada Ciência, no Canal MyNews. O programa também tratou sobre a possibilidade de faltar carne no mundo e a necessidade de adotar dietas baseadas em plantas e até insetos

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Situação da Amazônia é grave e exige ações integradas https://canalmynews.com.br/mais/situacao-da-amazonia-e-grave-e-exige-acoes-integradas/ Fri, 10 Sep 2021 23:47:03 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/situacao-da-amazonia-e-grave-e-exige-acoes-integradas/ O ano de 2020 ficou marcado como o pior em relação ao desmatamento ilegal dos últimos 10 anos. A Amazônia já sofre com mortalidade de árvores e aumento da estação seca

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Na semana em que se lembrou o Dia da Amazônia, em 5 de setembro, não há muito o que comemorar quando o assunto é a conservação da maior floresta tropical do mundo. O ano de 2020 ficou marcado como o pior em relação ao desmatamento ilegal dos últimos 10 anos, com 10.851 Km² desmatados e 2021 deve superar essa marca, haja vista que entre janeiro e agosto a área devastada já é maior do que no ano passado.

Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Luciana Vanni Gatti a situação é grave e já aponta para um impacto grande em relação à situação climática e de preservação da própria floresta. “Com todo o desmatamento que a gente já fez na Amazônia, já existe um impacto muito grande, com redução de chuvas e aumento de temperatura, o que representa um stress muito grande para a floresta. No Sudeste da Amazônia, por exemplo, a mortalidade de árvores é o dobro, às vezes o triplo, do restante da floresta. O desmatamento está levando a uma agudização da estação seca”, explicou a pesquisadora, em entrevista ao Quinta Chamada Ciência.

Imagem aérea de queimada próxima à Flora do Jacundá, em Rondônia. Amazônia sofre com fogo e desmatamento.
Imagem aérea de queimada próxima à Flora do Jacundá, em Rondônia. Amazônia sofre com fogo e desmatamento.
(Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/Fotos Públicas)

Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), elencou problemas em relação a vulnerabilidades e questões referentes à gestão que interferem na conservação da floresta e de toda a biodiversidade da região amazônica. Entre as vulnerabilidades, estão a perda de recursos hídricos, que interfere na situação dos rios de toda a América do Sul, incluindo a Bacia do Prata – que atravessa Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina; a ameaça à biodiversidade da Amazônia – onde está uma de cada cinco espécies de plantas, peixes e aves do planeta; e a desertificação – pois pesquisas já apontam que em algumas áreas existe o risco real de a floresta se transformar num deserto, sem possibilidade de reequilíbrio.

Sob o ponto de vista de gestão, Bocuhy apontou problemas graves em relação à fiscalização, que envolvem a necessidade de integrar ações do Exército, da Polícia Federal e do Ibama, com investimento em inteligência e equipamentos; algo que tem seguido exatamente o caminho contrário – com o sucateamento do Ibama no atual governo. Outro ponto que poderia fortalecer uma gestão eficiente da Amazônia seria o estímulo ao extrativismo sustentável, que incentivasse a harmonia entre as comunidades e a floresta, com foco no fim do desmatamento ilegal.

Na avaliação do coordenador de Comunicação do Observatório do Clima, Cláudio Ângelo, é assustadora a aceleração da mortalidade das árvores, provocada por “stress térmico”. “A gente fez muitas matérias sobre os modelos que mostravam o chamado ‘die back’ – um ponto da mudança climática em que as árvores iriam morrer de stress térmico, agravado pelo desmatamento. Isso tudo era um modelo, o que se esperava que acontecesse com a floresta se o desmatamento progredisse como progrediu. Os cientistas tinham razão e os pesadelos estão se tornando realidade, especialmente no Sudeste da Amazônia, uma área desmatada, ‘sojificada’ e ‘pastificada’”, considerou Cláudio Ângelo, numa referência às plantações de soja e à criação de gado comuns na região.

Para Ângelo, o enfrentamento dessa situação passa por uma mudança no governo central do Brasil e pelas eleições de 2022. “O desafio do Brasil hoje se chama Jair Messias Bolsonaro. Não dá para contornar isso. A gente tem um governo que é contra a floresta. Então para a gente começar a discutir qualquer coisa, precisa de um novo governo. Não, Bolsonaro não vai tomar jeito e não vai ter pressão internacional que dê jeito no Bolsonaro. O futuro depende das eleições, ou de Arthur Lira (PP-AL) encaminhar o impeachment do presidente da República; da mudança de governo para que a gente possa retomar instrumentos de políticas públicas que já vinham dando resultado no passado. Que levaram à redução do desmatamento no passado”, completou.

O jornalista Salvador Nogueira pontuou que a situação é grave também por conta da necessidade de reestruturar o arcabouço legal e as instituições que faziam o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia, pois o atual governo implementou um “desmantelamento” da estrutura para combate ao desmatamento, prejudicou a divulgação de dados científicos do Inpe e alterou a legislação ambiental e de coerção aos crimes ambientais que precisarão ser reconstruídas no futuro.

Quinta Chamada Ciência é transmitido todas as quintas, a partir das 20h30, no Canal MyNews. Sempre com temas interessantes conduzidos pela jornalista Cecília Oliveira e participação de cientistas de diversas áreas

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Marcello Brito: agronegócio está preocupado com postura do Brasil em relação ao meio ambiente https://canalmynews.com.br/economia/marcello-brito-agronegocio-preocupado-brasil-meio-ambiente/ Fri, 03 Sep 2021 20:35:04 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/marcello-brito-agronegocio-preocupado-brasil-meio-ambiente/ Descontentes com a política ambiental adotada no governo Jair Bolsonaro, parte dos empresários do agronegócio – especialmente aqueles que atuam com exportações – está preocupada com a imagem do Brasil no exterior em relação à sustentabilidade e ao meio ambiente

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Descontentes com a política ambiental adotada no governo Jair Bolsonaro, parte dos empresários do agronegócio – especialmente aqueles que atuam com exportações – está preocupada com a imagem do Brasil no exterior em relação à sustentabilidade e ao meio ambiente. Com negócios influenciados cada vez mais por novas exigências dos consumidores e também do mercado financeiro – que tem adotado as práticas de ESG como parâmetro de confiabilidade para os investimentos – estar com a imagem relacionada a medidas de destruição ambiental e práticas consideradas ultrapassadas de desenvolvimento econômico e social não é um bom negócio na atualidade.

A necessidade de adotar práticas de conservação ambiental e de voltar a liderar os debates sobre sustentabilidade no mundo – área na qual o Brasil se destacou desde a Rio 92 – é uma das bandeiras de Marcello Brito – presidente da Associação Brasileira de Agronegócio. Brito tem chamado a atenção do agronegócio e do governo brasileiros para os prejuízos à imagem do Brasil e à economia se a política ambiental continuar a ser ignorada.

“Lembro que fui um dos fundadores da mesa redonda do óleo de palma sustentável – a maior mesa redonda de commodities do mundo, em 2003 – e a pressão em cima dos países asiáticos era muito forte. Recordo de dezenas de viagens que fiz para a Indonésia e havia essa repulsa pela questão ambiental. O que o país colheu 10 anos depois desse processo foi ter virado um pária internacional, ao ponto de produtos da Indonésia com certificação internacional valerem menos do que qualquer outro semelhante”, recorda Marcello Brito, complementando que a postura de degradação das florestas e da biodiversidade prejudicou a “marca da Indonésia” no exterior, ao ponto de prejudicar a economia do país.

Marcelo Brito - presidente da Associação Brasileira de Agronegócios
Marcelo Brito – presidente da Associação Brasileira de Agronegócios/Imagem: Reprodução Canal MyNews

Segundo Marcello Brito, esse efeito negativo na economia fez com que há cerca de cinco anos a Indonésia adotasse uma postura diferente sobre as exigências ambientais – visando a uma adequação às exigências mundiais de conservação. “Reduziram o desmatamento em 90%, criaram uma plataforma de monitoramento e integraram diversos setores. Quando olho para esta experiência, que aconteceu na primeira década deste século, vejo que o Brasil está fazendo da mesma forma. O processo de desmatamento da Amazônia só faz aumentar. Na visão das novas gerações não é mais aceitável ter a produção aliada à degradação ambiental. Prejudica a imagem do país e pode ser que venha a nos prejudicar no futuro”, pontua o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, em entrevista a Mara Luquet, no MyNews Entrevista, no Canal MyNews.

Marcello Brito lembrou que o Brasil tem dois meses para se preparar para a COP 26 (26ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU), que acontecerá na Escócia no mês de novembro, e que o país chegará como “vilão” e precisa participar com disposição de se comprometer com medidas de conservação ambiental e de enfrentamento ao aquecimento global.

Ele acredita que falta vontade política de resolver algumas questões relacionadas ao meio ambiente e defende que 99% dos agronegócios do país atuam em conformidade com a legislação e seguindo planos de conservação ambiental.

“Quando o GLO das Forças Armadas saiu da Amazônia no ano passado foi uma surpresa. Não entendo por que saíram, pois o vice-presidente Mourão disse que ficariam até 31 de dezembro. Nós sabemos que 11 municípios da Amazônia concentram o desmatamento; as imagens de satélite mostram isso. Se a gente sabe que são 11 municípios por que a gente não consegue fazer uma força de controle em 11 municípios? Falta uma vontade política de resolver essa questão. Quem comanda esse processo tem interesse dentro da Amazônia. (…) É preciso entender as ramificações que existem a partir da Amazônia, entender as ramificações para chegar até Brasília”, considerou.

Para Brito, o trabalho precisa envolver diversos entes, incluindo o Banco Central, os ministérios da Economia, da Agricultura e de Relações Exteriores, o BNDES, entre outras entidades. “O que o Banco Central está fazendo é nada mais do que acompanhar o que os bancos centrais estão fazendo. O mais importante é lembrar que o setor de investimento está se voltando para a conservação ambiental não é porque são ambientalistas. A mudança climática implica em riscos; modelagem climática implica em investimento”, destacou Marcello Brito, destacando que numa palestra para o mercado financeiro perguntou sobre o interesse do setor nas questões relacionadas às mudanças climáticas e recebeu como resposta que apenas em hipotecas imobiliárias em regiões costeiras existem pelo menos 200 bilhões de dólares.

“O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) mostra a mão inequívoca do homem e já havia mostrado que o que já ocorre em algumas áreas do mundo e do Brasil como possíveis de acontecer, aconteceram”, destacou o presidente da Associação Brasileira de Agronegócio, ao falar sobre a crise hídrica e outros efeitos das mudanças climáticas em diversos habitats, com impacto também para a agricultura e o agronegócio brasileiros.

Agronegócio é diverso e apoia várias tendências políticas, diz Brito

Brito diz não saber quanto do setor do agronegócio ainda apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e não acredita na possibilidade de um golpe militar, mas diz que podem haver confrontos no próximo dia 7 de setembro – quando diversas manifestações estão agendadas em todo o país.

“É difícil responder isso aqui. O agronegócio gera 30 milhões de empregos diretos, são 6 milhões de proprietários rurais, e não estou falando da parte ligada aos insumos, às indústrias, à pesquisa. Existe uma parcela bolsonarista, uma parcela de centro e de esquerda. [o agronegócio] Comporta todas essas frentes. (…) O ambiente não está bom, mas eu não temo não. Já passamos dessa fase de retornar ao ambiente não democrático. A gente monitora e o que tem de vídeos muito pesados, fazendo convocações muito esquisitas. Pode ter confronto, ter gente machucada. Não é bom para o país; é mais uma coisa que vai mostrar uma sociedade fraturada. Se for tudo ordeiro, pacífico, estamos dentro do jogo democrático”, considera.

Marcello Brito diz que nunca se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro, nem com o ex-ministro do meio Ambiente Ricardo Salles e acredita que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, faz um bom trabalho e “roda o Brasil apagando incêndios”.

Sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro mudar a postura em relação às questões ambientais, Marcello Brito é enfático: “Eu não acredito. Quanto mais sofisticada for a abrangência de conhecimento de uma pessoa, melhor ele será como político, como pessoa, como profissional. E quando você tem esse conhecimento, você tem o entendimento que se dá pela vitória coletiva. Todo mundo que trabalha do lado dele diz que não dá pra conversar, que ele diz que está certo”.

Para finalizar, Brito cita alguns números relacionando o agronegócio brasileiro e a conservação ambiental: “São 6 milhões de propriedades rurais do Brasil; 70% têm de 1 a 100 hectares e a grande maioria preserva 25% da cobertura vegetal. Tem um 1,8 milhão de nascentes de água dentro das propriedades privadas brasileiras. O Brasil é quarto maior produtor de alimentos do mundo, o sexto exportador e tem entre 6¢ e 7% do comércio mundial. O mundo está fazendo uma negociação climática. Quem tem o melhor ativo ambiental participa dessa negociação melhor. O Brasil tem uma história de liderar esse debate desde 1992. Em vez de liderar, estamos sendo liderados”.


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Rogério Studart: Brasil deve decidir se embarca no trem do desenvolvimento sustentável https://canalmynews.com.br/mais/rogerio-studart-brasil-desenvolvimento-sustentavel/ Fri, 27 Aug 2021 19:40:43 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/rogerio-studart-brasil-desenvolvimento-sustentavel/ O economista e pesquisador do World Resources Institute (WRI), Rogério Studart, avalia que o Brasil está atrasado em iniciativas de estímulo ao desenvolvimento sustentável

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Se existe um trem para o futuro, ele já partiu e o Brasil chegou atrasado à estação. Essa é a análise do economista e pesquisador do World Resources Institute (WRI), em Washington (EUA), Rogério Studart – em conversa com a jornalista Mara Luquet, no MyNews Entrevista desta sexta (27) – ao avaliar que o país ainda pode alcançar as grandes nações em relação a medidas de desenvolvimento sustentável e para contornar a crise climática – aproveitando oportunidades socioeconômicas que de fato existem no país. Às vésperas da 26ª Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Clima (COP26), que acontecerá de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasglow, na Escócia, Studart se diz mais otimista com a forma como governadores e prefeitos de várias regiões do Brasil têm lidado com a temática, buscando soluções inovadoras para questões de meio ambiente e sustentabilidade.

Rogério Studart - economista e pesquisador do WRI fala sobre desenvolvimento sustentável
O economista e pesquisador do WRI, Roberto Studart, avalia como o Brasil está se posicionando em relação às iniciativas de desenvolvimento sustentável/Imagem: Reprodução Internet/Canal MyNews

“O Brasil, na sua representação nacional, chega atrasado à estação. Ainda tem tempo, nada em negociações internacionais é definitivo e sempre é possível mudar a abordagem, a ambição e a sua forma de se apresentar ao mundo. A gente chegou tarde à estação; a nossa ambição apresentada sobre a mudança do clima e à agenda ambiental é no mínimo tímida. Por outro lado, observo diversas iniciativas em nível estadual e municipal que, pelo contrário, têm avançado muito. Tenho acompanhado muitas conversas de governadores e prefeitos e prefeitas com a comunidade internacional. (…) Sou mais otimista com a forma que governadores e prefeitos têm se posicionado”, argumenta o professor, ressaltando que é preciso uma iniciativa do povo brasileiro sobre os temas, para que o país utilize essas discussões sobre meio ambiente e sobre o clima para sair de uma situação socioeconômica complicada.

Entre as iniciativas que têm chamado a sua atenção, Rogério Studart ressalta o Fundo de Gestão da Amazônia Oriental, desenvolvido pelo estado do Pará, e algumas coalizões de governadores do Norte do país pelo clima em nível nacional. “Vi com muito interesse uma conversa com a administração Biden, quando disse que as relações com o Brasil deveriam ser pautadas pelo tema ambiental. (…) Vejo essa e outras iniciativas e uma potencialidade enorme para que prosperem. Enviar essa sinalização [para o mundo] é muito importante porque esse é um trem que não vai parar e o Brasil tem possibilidade de se favorecer e de dar a sua contribuição ao mundo”, acrescenta.

Desenvolvimento Sustentável tem reflexos em oportunidades sociais e econômicas

Parte de um grupo do WRI que tem estudado o tema da sustentabilidade em várias regiões do mundo, o professor elenca diversas oportunidades e benefícios que o Brasil teria se investisse seriamente em projetos sustentáveis, promovendo negócios verdes e energias alternativas, por exemplo. “Há possibilidade de ganhos em crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), aumento da produtividade, diminuição da poluição, melhoria da mobilidade. Investir em cidades inteligentes favorece a população e aumenta a produtividade”, destaca. Para Studart, países como o Brasil – com uma economia continental – necessitam de um eixo de crescimento calcado no desenvolvimento interno, no capital humano, tecnológico e na agricultura.

O Brasil tem um potencial para desenvolvimento nesses segmentos, assim como os Estados Unidos e a China – dois países também continentais, observa o economista. “Basta olhar uma foto de satélite do Brasil e perceber que existe um capital natural extraordinário que está sendo destruído; mas se for utilizado de maneira eficiente, pode se tornar uma potência. Estou falando de biocombustíveis, energia renovável, ônibus elétricos, agricultura sustentável – diversas frentes de investimento e desenvolvimento. Isso acaba atraindo uma juventude e criando empregos em áreas com futuro. A gente perdeu hoje em dia a capacidade de saber como investe no futuro. O Brasil está investindo do passado”, complementou, lembrando que, ao contrário do momento atual, o Brasil tem uma tradição de colocar o conceito de desenvolvimento sustentável na pauta global.

O pesquisador lembra que existem boas iniciativas acontecendo no país em relação ao financiamento para projetos sustentáveis e cita instituições como o BNDES, o Banco Central e o Banco do Brasil com exemplos de iniciativas positivas para atrair, estimular e financiar iniciativas e recursos “verdes”. Para se colocar novamente como um líder em defesa de uma economia sustentável, Rogério Studart diz que é preciso que o país apresente uma visão sobre este futuro, com um discurso claro para agentes privados, investidores, e comunidade internacional, com uma visão de longo prazo. “A gente tem que decidir se sobe ou não no trem. Não é só uma questão de comércio. É tecnologia verde, finanças verdes, investimento verde. É assim que os países se posicionam. China, Estados Unidos, a Colômbia está espetacularmente se apresentado assim ao mundo. Resta saber o que o Brasil quer fazer com isso”, finalizou.

Assista à íntegra do MyNews Entrevista, no Canal MyNews, com o economista Rogério Studart e a jornalista Mara Luquet, sobre as oportunidades do desenvolvimento sustentável para o crescimento socioeconômico

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Combate ao aquecimento global precisa de medidas imediatas, sob risco de ameaçar vida no planeta https://canalmynews.com.br/mais/aquecimento-global-medidas-imediatas/ Fri, 13 Aug 2021 21:06:32 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/aquecimento-global-medidas-imediatas/ Com a temperatura média da terra 1,1 grau acima da era pré-industrial e as iminentes tragédias ambientais, nações mais industrializadas precisam ser chamadas à responsabilidade pelo aquecimento do planeta

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O desafio colocado pelo último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) não é nada fácil de ser alcançado. Com a temperatura média da terra 1,1 grau acima da era pré-industrial e as iminentes tragédias ambientais que já se avizinham em várias regiões do globo, as nações mais industrializadas precisam ser chamadas à responsabilidade para assumirem compromissos reais com a conservação do meio ambiente e com o desenvolvimento e a adoção de energias sustentáveis e alternativas.

Indústria emitindo gases poluentes
É preciso enfrentar a necessidade urgente de mudar a matriz energética global para uma forma mais sustentável de habitar o planeta/Foto: Pixabay

A tarefa de casa precisa ser iniciada imediatamente – sob o risco de prejudicar a produção de alimentos para a própria humanidade, agravar as situações de êxodo de populações e provocar a extinção de várias espécies. “Algumas coisas já não têm volta. O que o planeta aqueceu até agora, não retorna mais. O que é preciso fazer é uma curva, cortar metade das emissões de gases até 2030, para em 2050 a gente conseguir neutralizar o carbono que a gente emite”, explicou Márcio Astrini – do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e secretário-executivo do Observatório do Clima, em participação no programa Quinta Chamada Ciência, no Canal MyNews.

Astrini ressalta que estabelecer uma nova matriz energética para o mundo é essencial para que essa meta ousada seja alcançada e seja possível chegar ao final deste século com uma estabilidade climática. “Os prazos são longos, mas o tempo de fazer isso já acabou. Qualquer tonelada de calor que a gente jogue na atmosfera faz a diferença. O Brasil é um país-chave nesse processo. Se, por exemplo, derreter a cobertura de gelo na Groelândia – dificilmente vai se alcançar a meta. Se as geleiras dos polos derreterem, dificilmente alcançamos. A Amazônia tem estocado 10 anos do que é emitido hoje pela humanidade. Se a gente perde a Amazônia, todos os dados que a gente fala vão para o beleléu”, acrescenta o especialista, alertando que “se todos os líderes do planeta tivessem o comportamento do governo Bolsonaro, eu diria que estávamos perdidos”. “Ele luta veemente para promover o problema. Seja no combate à covid-19, seja no meio ambiente”, destacou.

Aquecimento global é generalizado e acontece de forma rápida

O relatório do IPCC é assinado por mais de 200 pesquisadores que consultaram pesquisas realizadas em diversos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU). A conclusão do relatório é clara: as mudanças climáticas são generalizadas e acontecem de forma rápida, por responsabilidade da ação humana, do uso de combustíveis fósseis, do desmatamento e de um estilo de vida de consumir o planeta de forma desordenada.

O Quinta Chamada Ciência tem apresentação da jornalista Cecília Oliveira, com convidados especiais a cada semana. Às quintas, a partir das 20h30, no Canal MyNews

Ainda segundo Márcio Astrini, existem cinco cenários possíveis. Os dois primeiros cenários estimam um aquecimento do planeta em até 1,5 grau em comparação à era pré-industrial, com um certo grau de adaptação às repercussões desta situação. Cenários de catástrofes climáticas, desertificação de regiões, falta de água e extinção de espécies não estão descartadas nestas duas primeiras situações. As outras possibilidades falam de um futuro em que várias regiões da terra ficariam inabitáveis, com fluxos migratórios constantes, em busca de alimentos e sobrevivência.

O jornalista Salvador Nogueira pontuou que não dá para salvar o mundo sem o apoio de todos os países. “O Brasil era um líder e agora é um mal exemplo pra o resto do mundo e perdeu o protagonismo. Óbvio que nós somos um exemplo para o resto do mundo. Precisa de todos os governos? Não, talvez não todos. Tem os grandes emissores, os países que pesam mais. Mas é uma mudança global; não dá pra dizer na minha fronteira não tem mudança climática. O Brasil tem um peso enorme por causa da Amazônia, por ser uma potência agrícola. Não dá pra resolver sem governo, nem só com alguns países. É preciso uma governança global, tem que chamar a China e os Estados Unidos – os maiores poluidores – a União Europeia e o Brasil, que era líder, o quanto vai recuperar o respeito perdido nos últimos anos?”, questiona Nogueira.


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Desmatamento na Amazônia bate recorde em junho https://canalmynews.com.br/mais/desmatamento-na-amazonia-bate-recorde-em-junho/ Fri, 09 Jul 2021 15:40:56 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/desmatamento-na-amazonia-bate-recorde-em-junho/ Segundo dados do sistema Deter, do Inpe, Brasil atinge a quarta alta mensal consecutiva desde o início da série, em 2016

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O Observatório do Clima divulgou nesta sexta-feira (9) os dados do desmatamento na Amazônia no mês de junho, com base nas informações do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Conforme o mapeamento, os alertas bateram recorde no mês de junho, atingindo 1.062 km², a maior área para o período desde o início da série do sistema Deter, em 2016. É o quarto mês consecutivo de alta recorde.

Segundo dados do sistema Deter, do Inpe, Brasil atinge a quarta alta mensal consecutiva desde o início da série, em 2016
Alertas de desmatamento bateram recorde no mês de junho, atingindo 1.062 km². Foto: Ibama

Com esse resultado, o desmatamento anual deverá ultrapassar pela terceira vez a marca de 10 mil km² de destruição florestal, o que não ocorria desde 2008.

Faltam apenas os dados de julho para fechar o período da taxa oficial de desmatamento, o Prodes — medido de agosto de um ano a julho do seguinte. Na quarta-feira (7), o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, afirmou: “A gente tem que chegar ao final do mês de julho com uma redução de uns mil km² de desmatamento (em relação ao ano de 2020). Esse é o nosso objetivo bem claro, um objetivo factível”. Em 2020 foram derrubados 10,8 mil km² de florestas na Amazônia, a maior taxa em 12 anos.

Segundo o Observatório do Clima, alguns números ajudam a entender por que essa meta é inaceitável:

– O “objetivo” de Mourão representa um aumento de 150% em relação à meta de 3.925 km² de desmatamento fixada em 2009 na lei da Política Nacional sobre Mudança Climática;

– A média anual de desmatamento nos dois primeiros anos do regime de Jair Bolsonaro foi de 10,4 mil km²;

– Na década anterior (2009-2018) foi registrada média de 6,4 mil km².


“O fato é que não há controle do desmatamento. Além de discursos contra o Ibama e o ICMBio, o presidente Jair Bolsonaro promoveu mudanças em normas e imobilizou a estrutura de fiscalização. Desde outubro de 2019, um artifício burocrático criado pelo governo trava a cobrança de multas ambientais em todo o país.” – ressaltou o Observatório em nota.

Em 2020, as multas por crimes contra a flora nos nove estados da Amazônia despencaram 51% na comparação com 2018.

Em junho deste ano, registrou-se na Amazônia o maior número de focos de incêndio para o mês em 14 anos. Já o Cerrado teve as maiores queimadas em 11 anos. “Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas. Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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Desmatamento na Amazônia pode causar perda de R$ 5,7 bilhões no agronegócio, aponta estudo https://canalmynews.com.br/economia/desmatamento-na-amazonia-pode-causar-perda-de-r-57-bilhoes-no-agronegocio-aponta-estudo/ Mon, 10 May 2021 23:27:53 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/desmatamento-na-amazonia-pode-causar-perda-de-r-57-bilhoes-no-agronegocio-aponta-estudo/ Desmatamento afeta regime de chuvas, o que prejudica produtividade e causa prejuízos. Estudo brasileiro foi publicado na “Nature Communications”

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Um estudo feito por pesquisadores brasileiros apontou que o agronegócio perde dinheiro com o desmatamento. A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (10) na revista científica “Nature Communications”.

O estudo foi feito por cientistas do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal De Viçosa e da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Imagem aérea de queimada próxima à Flora do Jacundá, em Rondônia. Amazônia sofre com fogo e desmatamento.
Imagem aérea de queimada próxima à Flora do Jacundá, em Rondônia. Amazônia sofre com fogo e desmatamento.
(Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/Fotos Públicas)

A conclusão é de que o desmatamento na Amazônia pode fazer com que o agronegócio perca até R$ 5,7 bilhões por ano. Os pesquisadores fizeram projeções de desmatamento e o impacto disso no volume de chuvas. Com menos chuva, menor é produtividade e o agronegócio perde dinheiro.

O estudo mostra que, a cada 10% de desmatamento, a quantidade de chuva anual diminui quase 50 milímetros por ano. O engenheiro florestal Argemiro Teixeira, um dos responsáveis pela pesquisa explicou a relação.

“O desmatamento diretamente afeta as chuvas, as chuvas afetam a produtividade e a produtividade afeta o bolso do produtor. A gente projetou a produtividade para o futuro em dois cenários distintos de governança ambiental. Uma governança ambiental fraca, onde não existe controle do desmatamento e existe apoio à agricultura predatória e que infelizmente podem estar muito ligados ao que a gente está vivendo atualmente, a agenda ambiental atual. E um cenário onde o código florestal é cumprido e existe totalmente um controle. Simulando isso, a gente consegue saber qual é o custo de oportunidade e a gente chegou aos 5,7 bilhões de reais. Esse valor é quanto o produtor deixa de ganhar com o desmatamento”, explicou.

O estudo focou em soja e carne bovina, dois produtos do agronegócio na Amazônia. Em algumas áreas, a queda do volume de chuvas já pode ser verificada em locais com grandes índices de desmatamento, como em áreas de mato grosso que produzem soja.

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