Em tempos de polarização política, psicóloga ensina a estabelecer diálogo
por Nancy Alcântara em 10/10/22 09:06
Foto: Nappy
Tá difícil conversar sobre política no grupo da família, no trabalho e até mesmo entre amigos? Não, não está difícil, está impossível! E nesta reta final das eleições, mesmo quando se foge do assunto, acaba-se caindo nele. Boa parte dos problemas de comunicação que temos enfrentado são resultado da falta de escuta ativa. Falar é muito mais fácil do que ouvir, e nem sempre estamos dispostos a isso.
Precisamos de ferramentas para dialogar. A escuta ativa é uma excelente técnica, que pode apaziguar os nervos a flor da pele. Já ouviu falar? Trata-se de trazer eficiência para o diálogo. A escuta ativa é baseada na compreensão e no cuidado ao ouvir o outro. Consiste não apenas em ouvir, mas compreender e interpretar com atenção as informações recebidas, sejam elas verbais ou não-verbais.
Mas, atenção: praticar a escuta ativa não quer dizer que você está concordando ou apenas recebendo informações passivamente, e sim que está compreendendo, se colocando no lugar do outro e absorvendo o que ele transmite até chegar a hora de se expressar. Não é sobre interromper a fala de alguém, mas sobre estar aberto ao diálogo e entender o que motiva o interlocutor em seu diálogo.
Você pode se perguntar, então, se escuta ativa é a mesma coisa que empatia? Respondo que não. Mas são complementares. São duas habilidades importantes para se desenvolver a inteligência emocional.
Como dá mais clareza e eficiência para a comunicação, a escuta ativa tende a melhorar as relações interpessoais, que se reflete principalmente na melhora do relacionamento com amigos, familiares, contatos profissionais e clientes.
A escuta ativa gera um interesse genuíno pelo outro, trazendo mais confiança tanto para quem está falando quanto para quem está ouvindo. Você pode perceber isso na prática, em situações corriqueiras do dia a dia. É só analisar o quanto se sente mais seguro ao falar com quem demonstra um verdadeiro interesse em suas palavras. Então, não só melhora as relações interpessoais, mas mostra para o emissor que você está mesmo preocupado em prestar atenção ao que ele fala. Por isso, faz parte dos princípios da escuta ativa, fazer perguntas, dar sequência na conversa para fazer a comunicação fluir.
Com isso, é possível gerar empatia na sua escuta, na medida em que não há julgamentos e sim respeito pelas emoções, experiências e sentimentos dos outros – por mais que não concorde com eles. Então, podemos dizer que a empatia é como um benefício de se praticar a escuta ativa. Quanto mais você praticar, mais empático será. Tenha respeito pelo seu interlocutor, poderia ser você o expositor dos fatos.
A partir do momento que você aprende a absorver, compreender e assimilar informações com atenção, as chances de desentendimentos acontecerem são reduzidas. Com isso, possíveis conflitos são prevenidos no ambiente organizacional e pessoal.
Quem se distrai com facilidade sabe o quanto é difícil absorver informações, dados e fatos relevantes em um diálogo. Isso fica ainda mais desafiador quando o ouvinte está com o celular na mão e se depara com notificações surgindo na tela. Na era digital, é quase instintivo que a gente queira checá-las, mas é preciso foco à comunicação ativa para conquistar uma comunicação eficiente.
No mundo dos negócios, a absorção de informações relevantes traz impactos positivos para apresentações, feedbacks e reuniões. Mas os benefícios de uma boa escuta não param por aí. Eles se refletem, inclusive, no processo de vendas, onde a troca de informações com clientes é potencializada.
Com menos desentendimentos e demonstrando atenção ao que outras pessoas têm a dizer você absorve informações com mais qualidade e ganha mais segurança. Seja para agir, se comunicar, se relacionar, tomar decisões ou trabalhar. Em termos profissionais, o aumento do sentimento de segurança traz consequências para lá de positivas. Além de ajudar a otimizar resultados, potencializa a sua produtividade.
Passamos boa parte do tempo mais focados e preocupados com os nossos próprios discursos do que em ouvir o que o outro tem para dizer. Muitas informações valiosas são perdidas durante esse processo. É natural do ser humano ficar na defensiva. Mas, para as empresas, por exemplo, essa falha de comunicação pode levar a graves prejuízos, como a perda de clientes insatisfeitos por não se sentirem ouvidos. Quem sabe se comunicar com qualidade, empatia, sinceridade e respeito vai mais longe. Acredite!
Técnicas de escuta ativa para desenvolver no dia a dia
*Nancy Alcântara é psicóloga clínica e psicopedagoga. Sócia/diretora da VidaRevista Consultoria.
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