Governo Federal apostou na imunidade de rebanho, diz Daniel Dourado

Para o médico, advogado sanitarista e professor da Universidade de São Paulo (USP_ Daniel Dourado, o governo federal agiu para contaminar o maior número possível de brasileiros com o novo coronavírus. Em entrevista ao MyNews, ele comenta o andamento da CPI da Pandemia e a eficácia das vacinas.

“O Governo Federal intencionalmente se omitiu, não foi só incompetência, não foi porque eles não sabiam o que fazer, foi porque houve uma intencionalidade, teve uma aposta àquela chamada imunidade de rebanho, só que uma imunidade de rebanho por contágio, ou seja, o Governo Federal se omitiu e agiu para que a população fosse mais exposta ao vírus, porque eles acreditavam que a população rapidamente se contaminaria, apegada às declarações do Bolsonaro em relação a isso, os ministros e senadores estão buscando elementos para mostrar isso”, analisa Dourado.

A tese da imunidade de rebanho defende que uma suposta proteção contra a covid-19 chegaria por meio do contágio em massa, e portanto da morte, e não por meio de vacinas.

O professor dá exemplos que podem mostrar a omissão do governo, como ignorar ofertas de vacinas da Pfizer e do Instituto Butantan. Além disso, Dourado destaca que há ação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para desacreditar os imunizantes.

“Infelizmente, uma das frentes de atuação do governo, e principalmente do Jair Bolsonaro, é de colocar dúvida em relação à vacina, lá atrás, no segundo semestre do ano passado, começou a se falar de vacina obrigatória, antes até da vacina contra o coronavírus existir. Ali, começou a se questionar se a vacina funcionava ou não. Mais de 50% das vacinas brasileiras, são produzidos pelo Butantan, a Coronavac é uma vacina de tecnologia que o Butantan domina, você já tinha tudo para essa vacina ter sido também incentivada pelo Governo Federal”, coloca o pesquisador.

Sobre a eficácia das vacinas, o médico sanitarista explica que mesmo depois das duas doses administradas, as pessoas devem continuar com os cuidados já previstos, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.