O mundo foi para o Google pesquisar o que fazer quando o Google deixa de funcionar. Ficamos sem resposta
por Natália Fernandes em 18/12/20 09:38
Não há dúvidas de que a tecnologia ajudou a construir uma nova realidade em meio à pandemia digitalizando ainda mais o mundo.
Aprendemos a consumir vídeo online em outra escala. O setor de educação se reinventou por meio do homeschooling. Seis em cada dez organizações aceleraram suas transformações digitais neste ano, segundo um estudo da IBM.
Tantos outros passos que seriam dados ao longo de anos foram possibilitados pelos recursos oferecidos por empresas que contamos na ponta dos dedos: Amazon, Google, IBM, Facebook, Zoom e mais uma meia dúzia.
Foram diversas conquistas e poucos atores que pavimentaram tecnicamente estes caminhos. E mais, em meio ao furacão, nem nos demos conta disso.
Como seres humanos, tendemos a notar a presença e dependência de algo em nossas vidas na escassez deste recurso e, via de regra, buscamos alternativas somente no momento da crise.
Em 2018, a greve dos caminhoneiros alertou o país para a alta dependência que a economia tem do transporte rodoviário de carga. O que parte da população fez? Buscou alternativas. Ainda que muito aquém do poder de resolução do problema, o uso de bicicletas compartilhadas aumentou em diversas capitais como forma de lidar com a crise de abastecimento de combustíveis trazida pelo movimento.
Avançando para o setor de tecnologia, quando a justiça ameaçou bloquear o WhatsApp por 72h, em 2016, diversas pessoas logo buscaram outras formas para poderem se comunicar. O Telegram surgiu como nova possibilidade batendo seus recordes de buscas nos últimos 5 anos, de acordo com os dados do Google Trends.
E foi assim que o mundo todo renovou o seu olhar sobre este tema no dia em que os serviços do Google ficaram fora do ar por pouco tempo: 45 minutos, segundo a empresa.
Escolas deixaram de funcionar, empregados de trabalhar, vídeos online de serem consumidos. Isso para não falar dos tantos outros impactos que afetaram não apenas um país, mas o globo. O mundo foi para o Google pesquisar o que fazer quando o Google deixa de funcionar. Ficamos sem resposta.
Falhas assim ocorrem com alguma frequência. Em novembro deste ano, quando os servidores da Amazon ficaram fora do ar, parte da internet também foi comprometida, atingindo até o site do metrô de Nova Iorque. Problemas com a tecnologia da IBM também causaram impactos no setor financeiro há poucos dias no Brasil.
Quando este sintoma é exposto, voltam com força os argumentos dos órgãos que regulam a concorrência neste segmento. As big techs são constantemente alvo de acusações de monopólio e práticas anticompetitivas. Todas elas, em alguma instância, respondem nos tribunais em uma luta de pesos pesados.
De um lado, são acusadas de violar as práticas que garantem a saúde do mercado em que se inserem, por outro, se defendem alegando que as acusações são infundadas, possuem viés político e que o uso das tecnologias é uma escolha do usuário e não obrigação.
Um fato inegável é que estas tecnologias caminharam numa velocidade muito superior a qualquer regulamentação ou compreensão dos seus papéis em nossas vidas. Os jovens empreendedores do Vale do Silício cresceram, e muito, mudando o centro gravitacional do que entendemos por tecnologia.
Assim, à medida que a conversa amadurece e compreendemos as possibilidades de cada caminho, avançamos com ações mais concretas. Um paralelo tem acontecido com o uso de dados feito por estas mesmas empresas. Anos e anos amadureceram a questão, trouxeram mais regulamentações e uma sociedade mais consciente sobre o tema. O mesmo com as Fake News.
Ambos são temas bastante controversos, mas são estes atritos e uma sociedade mais versada sobre o tema que ajuda a modelar o percurso da indústria para caminhos sustentáveis e saudáveis, tanto para sociedade como para as empresas.
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