Analista também apostou em manutenção da taxa Selic em 2% por parte do Copom
A inflação medida pelo IPCA, que teve nova alta e fechou o mês de novembro em 0,89%, já é sentida pelo consumidor. Mas essa trajetória deve se manter ao longo dos próximos meses, incluindo o ano de 2021?
Para Gabriel Machado, analista CNPI da Necton, a trajetória de alta do IPCA se deve a uma série de fatores – entre eles a alta do câmbio, o preço de commodities em elevação, a presença do auxilio emergencial e o aumento do consumo de itens como alimentação.
Ao Morning Call desta quarta-feira (9), o analista aposta que essa tendência de alta deve ainda ser notada em dezembro, mas que o índice deve perder força nos meses seguintes.
“Para o ano que vem, a expectativa especialmente a partir do segundo semestre é que o IPCA comece a ceder um pouco de novo. Há fatores da economia brasileira que nos levam a perceber isso”.
Entre tais fatores, Machado cita o desemprego ainda alto, o que deve diminuir a inflação sobre serviços, além de uma valorização do real em relação ao dólar e uma expectativa de recuperação da própria economia nacional ao longo do próximo ano.
O mercado está esperando para 2020 uma inflação de 4,20%, um pouco acima do centro da meta que é de 4%.
Machado aposta em uma manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 2% pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). No entanto, ele chama a atenção para o que será indicado de orientação futura (o chamado forward guidance) no comunicado.
Isso porque ao atual patamar da Selic depende, entre outros fatores, de uma política fiscal que garanta o cumprimento do teto de gastos no Brasil
“A parte fiscal é o principal risco do Brasil hoje. E com o governo sinalizando medidas mais efetivas em relação a isso, um plano mais concreto de redução de gastos, creio que o BC mantenha o forward guidance em uma taxa mais estável”.
Uma proposta que estava em debate no Congresso Nacional e previa a flexibilização do teto de gastos gerou desconforto no governo quando veio a público.
O temor do mercado é que tais flexibilizações levem a dívida do Brasil a um patamar perigoso, o que poderia afastar ainda mais os investidores externos e prejudicar a economia. Isso em um cenário no qual ainda há incertezas sobre o andamento de questões como o Orçamento para 2021 e as reformas administrativa e tributária.
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