Para analistas, dança das cadeiras acontece em meio a “desgaste” com Congresso e “fragilidade” do ministro
por Juliana Causin em 29/04/21 13:55
O ministro da Economia, Paulo Guedes, promoveu nesta semana cinco trocas em secretarias e assessorias da pasta, uma semana após a sanção do Orçamento de 2021. Na noite de terça-feira (27), o ministro afirmou que as mudanças não são demissões, mas um “remanejamento da equipe”.
As alterações começaram com a saída de Waldery Rodrigues do cargo de secretário Especial de Fazenda. O posto fica com Bruno Funchal, que era secretário do Tesouro Nacional. Waldery assume agora como assessor especial do ministro. No lugar de Funchal no Tesouro, o indicado foi Jeferson Bittencourt, que era assessor especial de Guedes.
A dança das cadeiras levou ainda à saída de George Soares da secretaria de Orçamento Federal (SOF). Ele foi substituído por Ariosto Antunes Culau, servidor de carreira do Ministério da Economia.
Às vésperas do andamento da reforma tributária na Câmara dos Deputados, a pasta teve a baixa também de Vanessa Canado, assessora especial para reforma tributária do Ministério da Economia. O cargo será ocupado por Isaías Coelho, pesquisador do Núcleo de Estudos Fiscais da FGV.
Segundo Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice, as mudanças já estavam no radar do Ministério da Economia e o ministro “pensava há bastante tempo em várias trocas”. Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, o analista explica que o remanejamento vem também em razão dos desgastes do Ministério com o Congresso, em meio a dificuldade do Palácio em fazer o “meio campo”.
“Para começo de conversa a lógica do Ministério é gastar menos enquanto a lógica do Congresso é gastar mais. O meio termo disso precisa ser mediado. O Orçamento foi um exemplo claro de como essa linguagem não foi mediada de uma forma correta. Acabou gerando essa pressão muito grande no Ministério, por conta da força e da influência que o Centrão tem em cima do governo”, diz Aragão.
Para o cientista político Vítor Oliveira, diretor da Consultoria Pulso Público, as trocas acontecem em um momento de fragilidade de Paulo Guedes. “A gente vê na verdade uma adaptação [nessas trocas] visando a sobrevivência no cargo”, afirma o analista ao Dinheiro Na Conta.
Para Oliveira, o ministro — que representaria aos olhos do mercado e agentes econômicos uma fonte de racionalidade e limites para o governo — tem se mostrado cada vez mais alinhado a uma agenda bolsonarista menos liberal. “O ministro Guedes tem se mostrado muito mais alinhado a esse bolsonarismo muito mais radical e intervencionista do que fiel ao seu discurso liberal”, afirma.
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