Norte e Nordeste do país são as regiões mais afetadas pela fome, segundo estudo da Rede Penssan
por Juliana Causin em 07/04/21 10:33
O Brasil encerrou o ano de 2020 com 19 milhões de brasileiros atingidos pela fome. A informação é de um estudo da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) publicado nesta segunda-feira (05).
Ao todo, 116,8 milhões de pessoas conviveram no ano passado com algum nível de insegurança alimentar – ou seja, não se alimentaram com qualidade ou em quantidade suficiente
A pesquisa mostra que no último trimestre de 2020, 9% da população passava fome, enquanto 11,5% viviam em situação de insegurança alimentar moderada. Os níveis estão próximos aos de 2004, quando a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostrava o primeiro indicador em 9,5% e o segundo, em 12%.
“Nós temos a pandemia e nós temos a tragédia da fome que é uma outra pandemia. Nós temos uma sobreposição de epidemias no Brasil. Isso vai afetar não só essas pessoas, mas as gerações futuras”, avalia o economista Nilson Maciel de Paula, professor da UFPR e pesquisador da Rede PENSSAN.
Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, ele explica que o agravamento da fome e da insegurança alimentar vinham acontecendo no país pelo menos desde 2015. A pandemia, no entanto, intensificou esse processo. “Quando você tem essa tragédia afetando uma sociedade já carcomida pela desigualdade, porque seu tecido social já está comprometido, aí nós estamos falando de uma dinâmica social que já é frustante”, explica.
O estudo foi feito entre os dias 5 e 24 de dezembro de 2020, em 2.180 domicílios brasileiros nas cinco regiões do Brasil. Os dados mostram que no Norte e Nordeste, a situação é ainda pior. Na região Norte, o índice de pessoas com fome sobe para 18,1%, enquanto no Nordeste, a porcentagem é de 13,8%. No Sul e Sudeste, esse número cai para 6%.
Em todo o país, famílias chefiadas por mulheres e pessoas negras são as mais afetadas pela alimentação precária ou pela falta de comida. Dos lares chefiados por mulheres, a fome atinge 11,2%. No caso dos homens, a taxa cai para 7,7%.
Quando o domicílio tem como referência uma pessoa negra, a fome chega a 10,7% das famílias — proporção que cai para 7,5% no caso de casas chefiadas por pessoas brancas. “Essas são as condições de vida que a sociedade brasileira de certa forma normalizou”, dia Nilson.
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