A inflação voltou a subir pelo terceiro mês seguido. E embora ainda esteja dentro da meta, já pesa no bolso dos brasileiros
por Gabriela Lisbôa em 08/12/20 23:11
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta terça-feira (8) os números da inflação para o mês de novembro. É o IPCA, o Índice de Preços no Consumidor, que diz o quanto as coisas estão mais caras ou mais baratas para os consumidores. E desta vez estão mais caras.
A taxa da inflação segue a tendência de alta que começou em setembro e chegou a 0,89% em novembro. Era 0,86% em outubro. Segundo o IBGE, é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015.
Essa alta foi impulsionada, principalmente, por dois grupos. A primeiro é o de alimentos e bebidas, que subiu 2,54% em novembro puxado por itens como a batata inglesa que registrou uma alta de 29,65% no mês. O segundo, o de transportes, que subiu 1,33% por causa da alta dos combustíveis.
No acumulado do ano são 3,13%, abaixo do centro da meta, que é 4%. Mas é fato que a inflação está subindo. No boletim Focus desta segunda-feira (7), por exemplo, o índice foi revisto, a nova previsão é que chegue a 4,21% no fim de 2020 – acima do centro da meta, mas dentro do limite. Neste caso, o que forçou o reajuste foi a aumento da tarifa de energia elétrica, que passou para a bandeira vermelha.
Mas o que isso tudo significa para quem precisa ajustas as contas para terminar o mês no azul? É motivo de preocupação? Para o economista Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos, os brasileiros podem ficar tranquilos, este é um problema pontual que deve se resolver em 2021. O economista explica que o centro da meta é um ponto de onde a inflação pode partir, para cima ou para baixo e estar mais perto do teto, mas dentro do limite, ainda é aceitável.
“Se você pegar pelos diferentes grupos, como alimentos, você vê que esse é um grupo que está destoando muito, mas porque são influenciados pelo dólar e por commodities, que estão em alta. Então dá para ver que é uma questão muito pontual, são produtos básicos que estão puxando a inflação como um todo. Não parece um problema generalizado que a gente possa ter – como alguns estão falando – hiperinflação, isso não faz o menor sentido”.
A professora Juliana Inhasz, do Insper, discorda. Ela acredita que esse é, sim, um motivo para preocupação principalmente porque a taxa está subindo muito rápido. Era 0,24% em agosto.
Para a economista, 2021 não vai ser um ano fácil e muitos fatores podem pressionar os preços e, como consequência, a inflação. Inhasz considera que o ano ainda vai começar com uma taxa câmbio elevada, o que deve continuar favorecendo a saída dos produtos brasileiros e promovendo o aumento de preços no mercado interno. Além disso, vai ser um ano com muito desemprego, a retomada vai ser lenta, muitas empresas fecharam ou ainda vão fechar as portas, o investimento ainda está abaixo do que deveria. Tudo isso também colabora para deixar os preços mais altos.
“É um motivo de preocupação porque essa inflação começa a ser cada vez mais alta e está muito focada no grupo de alimentos e em seguida o grupo de transportes, coisas que os brasileiros não podem abrir mão. As pessoas precisam se alimentar e precisam se locomover. Isso pressiona o poder de compra dos brasileiros em um ano em que o desemprego está alto. No ano que vem o problema continua porque o país não deve ter um crescimento grande a ponto de garantir ganhos salariais para que o trabalhador não sinta esse aumento”.
Essa alta nos preços atingiu as 16 regiões do Brasil que são pesquisadas pelo IBGE. No topo da lista está a cidade de Goiânia, que registrou uma inflação de 1,41% em novembro. Quem teve o menor índice foi Brasília, 0,35%.
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