Economia

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Shopee sai da Índia e deve concentrar operação no Brasil

Encerramento das atividades no mercado indiano abre oportunidades internacionais fora do Sudeste Asiático e Taiwan. Ao lado do México, centro comercial brasileiro é um dos mais relevantes para a Shopee.

por Vitor Hugo Gonçalves em 28/03/22 19:56

A Sea Group (antiga Garena), companhia dona da Shopee, comunicou formalmente que está fechando a principal operação de comércio eletrônico na Índia, ressaltando como justificativa a incerteza do mercado – as atividades serão encerradas na terça-feira (29). De acordo com levantamento realizado em dezembro do último ano, a plataforma de comércio eletrônico singapurense possui cerca de 300 funcionários e 20 mil vendedores locais no território indiano.

A hesitação sobre o mercado decorre da decisão de Nova Délhi de banir, em fevereiro, o Free Fire, jogo digital mobile de ação-aventura mais popular da Sea. Desde 2020, a Índia vem banindo centenas de aplicativos chineses, mas a expansão dessa política para a proprietária da Shopee ocasionou certo espanto entre a administração e os investidores.

Analistas apontam que a Índia foi um centro comercial relevante para a Sea, juntamente com México e Brasil. Com as portas indianas fechadas, compreende-se que os outros dois mercados podem se tornar ainda mais importantes para o crescimento da empresa.

Prédio comercial da Shopee no parque científico de Singapura.

Prédio comercial da Shopee no parque científico de Singapura. Foto: Karl Walter Schneider (Commons)

O banco suíço UBS pondera que, do ponto de vista da Shopee, a movimentação demonstra um maior foco na disciplina de capital, fator que estimula a aproximação de novas aplicações. Ainda de acordo com a instituição, a saída deve ser interpretada positivamente pelo mercado, uma vez que:

  • Reforça o posicionamento que indica uma abordagem mais calibrada para investimentos, especialmente em oportunidades internacionais fora do Sudeste Asiático e Taiwan (tendo o Brasil como prioridade);
  • Elimina o potencial de alta queima de caixa em um mercado de e-commerce competitivo (na Índia, há uma forte presença de gigantes globais e locais do segmento, como Amazon, Flipkart e JioMart).

MP do “camelódromo virtual”

Na contramão desse possível crescimento, a Receita Federal brasileira prepara uma Medida Provisória (MP) sobre o que agentes do órgão denominaram “camelódromo virtual”.

Durante um almoço organizado pela Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, organização de agentes políticos, governos, iniciativa privada e sociedade civil, que discute a competitividade brasileira no mercado internacional, o secretário especial da Receita Julio Cesar Vieira falou sobre a necessidade reagir à sonegação.

“A Receita Federal está trabalhando em uma Medida Provisória para combater o camelô virtual, o camelódromo virtual. Essa prática consiste na introdução de produtos no país sem o correspondente pagamento de tributos. Nessa MP, a gente procura trabalhar tanto o fluxo financeiro, quanto o que é declarado na mercadoria, que muitas vezes não corresponde. São produtos importados. O controle é feito exclusivamente no País e a gente tem dificuldade de olhar apenas para aquilo que é declarado”, declarou o secretário.

A pressão para a criação da MP é proveniente de uma parcela de empresários do setor varejista, tendo como um dos líderes Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

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A saída da Shopee do mercado indiano e sua expansão no Brasil foram pautas do MyNews Investe desta segunda-feira (28). Confira:

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