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Hermínio Bernardo

Sérgio Camargo: o incendiário de Fahrenheit

“Deve haver alguma coisa nos livros”

por Hermínio Bernardo em 19/06/21 09:36

Eric Hobsbawn é considerado um dos maiores historiadores contemporâneos. A “Era dos Extremos” é uma das principais obras sobre a história recente da humanidade.

O britânico H. G. Wells se consagrou como escritor de ficção científica e considerado um visionário por trazer temas à frente de sua época.

O alemão Max Weber é tido como um dos pais da sociologia. A obra de Weber influenciou grandes pensadores e estudiosos como Nietzsche e Kant.

Presidente Jair Bolsonaro e Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares. Foto: Divulgação/Fundação Palmares.

As obras de Hobsbawn, Wells e Weber fazem parte de uma lista de mais de 5.300 livros que foram excluídos do acervo da Fundação Palmares. A decisão é do presidente da entidade, Sérgio Camargo, que alega que as obras são pautadas por ‘sexualização de crianças’, ‘bandidolatria’ e ‘material de estudo das revoluções marxistas’.

A lista das obras excluídas ainda inclui livros de Marx e Engels, além de um exemplar do escritor russo Nikolai Gógol. Diferentes grupos já acionaram a Justiça para reverter a exclusão das obras.

Os livros foram excluídos após a elaboração de um relatório sobre o acervo, feito pelo coordenador-chefe do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, Marco Frenette.

Frenette era assessor de Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro que foi demitido em janeiro de 2020 após apologia ao Nazismo.

Camargo ganhou notoriedade por atacar personalidades e questões do movimento negro enquanto preside a Fundação Palmares. Ele declarou ser contra o dia da Consciência Negra, criticou Zumbi dos Palmares e afirmou que a escravidão foi boa porque negros viveriam em condições melhores no Brasil do que na África.

Como afirma Guy Montag, “deve haver alguma coisa nos livros”.

A postura de Camargo lembra muito o que acontece em uma distopia de Ray Bradbury. Em “Fahrenheit 451”, Guy Montag é um bombeiro que trabalha com o objetivo de incendiar livros. Na história, os livros são proibidos e quem os porta é considerado um criminoso. Os bombeiros, então, queimam livros para “evitar que suas quimeras perturbem o sono dos cidadãos honestos”.

Você pode aproveitar a lista de “livros excluídos” por Camargo para usar como lista de “livros para ler”.

“Então, vê agora por que os livros são tão odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. As pessoas acomodadas só querem rostos de cera, sem poros, sem pêlos, sem expressão.”

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