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ANÁLISE

A vitória de Trump e alguns possíveis desdobramentos para o Brasil

Retorno do republicano à Casa Branca reforça discursos e condutas de políticos populistas de extrema direita, tidos por muitos como 'perseguidos pelo sistema'

Em 08/11/24 18:22
por Coluna do Prando

Rodrigo Augusto Prando é Mestre e Doutor em Sociologia, Professor universitário e pesquisador.  Conselheiro do Instituto Não Aceito Corrupção, membro da Comissão Permanente de Estudos de Políticas e Mídias Sociais do Instituto dos Advogados de São Paulo e voluntário do Movimento Escoteiro.Textos essenciais de serem lidos para acompanhar e refletir sobre os movimentos da sociedade e do Poder.

Apoiadores de Donald Trump participam de comício no estado da Carolina do Norte | Foto: Reprodução X @realDonaldTrump - 02.11.2024

A robusta vitória do republicano Donald Trump em relação à democrata Kamala Harris repercutiu, como não poderia deixar de ser, em todo o mundo.

São múltiplas as análises sobre o impacto da vitória do republicano no que tange à guerra entre Ucrânia e Rússia, aos conflitos no Oriente Médio (Israel, grupos terroristas e países árabes) e às relações comerciais com a China e os demais países — Trump sempre asseverou ter uma visão protecionista e, com isso, aumentou os impostos para a entrada de mercadorias nos EUA, impactando negativamente a economia de outros países. Muitos questionam o impacto do novo mandato de Trump para a democracia nos EUA e, não menos importante, no cenário global.

Os americanos assistirão, em breve, à posse do primeiro presidente eleito com uma condenação criminal (e que ainda responde por outros três processos). As ações políticas de Trump levaram-no ao encontro da Justiça nos seguintes casos: 1) apropriar-se de documentos sigilosos da Casa Branca; 2) tentar interferir no resultado das eleições em 2020 (quando foi derrotado por Joe Biden) e 3) das relações e incentivo à invasão do Congresso americano em janeiro de 2021.

Leia mais: Quais os possíveis impactos da eleição de Donald Trump para o Brasil?

Nos três casos, as acusações são graves e demonstram o desrespeito de Trump em relação às regras, às instituições e à democracia. Rememore-se, também, que, durante a pandemia, na condição de presidente, ainhou-se ao negacionismo, tão comum a outros líderes mundiais. Certa vez, chegou a declarar que desinfetante injetado nos doentes poderia trazer a cura, eliminando o coronavírus. Muitos aplicaram desinfetante em seus corpos, seguindo a peculiar e equivocada lógica do presidente.

E, agora, no Brasil? Quais seriam os desdobramentos no cenário nacional? Obviamente, é cedo para projetar os impactos econômicos ou mesmo na agenda ambiental e da sustentabilidade. Todavia, já se pode vislumbrar elementos presentes no discurso político interno. Há muito se diz que, nas relações internacionais, presidentes não devem ter amizade com outros presidentes e sim defender os interesses de seus países. Muito se diz também que devem evitar declarações públicas de apoio a algum candidato durante as contendas eleitorais.

Bolsonaro, quando presidente, apoiou efusivamente Trump e, quando este foi derrotado, foi um dos últimos chefes de Estado a cumprimentar Biden pela vitória. Nos dias que correm, Lula também escolheu o lado e externou sua simpatia por Kamala Harris.

Leia mais: Trump conquistou votos da meia-idade, mas Kamala era preferida entre mulheres

Independente de questões mais pessoais dos líderes políticos e suas preferências ideológicas, o fato é que o retorno de Trump – tido por muitos como triunfal – é um reforço a discursos e condutas de políticos populistas de extrema direita, principalmente no campo digital. Não à toa, figura ímpar nesse processo é Elon Musk que, além de apoiar o presidente eleito, é cotado para assumir alguma posição na arquitetura do novo governo.

Por aqui, bolsonaristas comemoram a vitória do republicano e aumentam a pressão para que a inelegibilidade imposta ao ex-presidente seja derrubada por um ato do Poder Legislativo. Da mesma forma, esperam pela aprovação de um projeto de anistia aos presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

O retorno de Trump reforça, lá e aqui, o discurso messiânico e salvacionista, tão caro aos populistas e, não raro, conjugado à retórica de que são – Trump e Bolsonaro – perseguidos politicamente pelo “sistema”. Há quem diga que, ainda que as eleições municipais mal tenham terminado, o primeiro turno de 2026 já começou.

Entenda o que vitória de Trump revela sobre o eleitor americano e o que podemos esperar do mandato:

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